Crescimento de Tornados no Brasil: Sul é Região de Maior Risco

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O crescimento de tornados no Brasil tem sido um fenômeno notável nos últimos anos, conforme indicado por dados recentes e análises de especialistas. A região Sul do país, em particular, emerge como uma área de atenção máxima, reunindo as condições climáticas ideais para a formação de tempestades de alta intensidade, que resultam nesses eventos atmosféricos devastadores. Meteorologistas e pesquisadores ressaltam a urgência de fortalecer os sistemas de previsão e monitoramento para mitigar os riscos e proteger as comunidades.

De acordo com Ernani Lima, renomado especialista em tornados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), um tornado é caracterizado como uma coluna de ar em rotação violenta que se estende da base de uma nuvem de tempestade até o solo. Embora sua duração seja tipicamente breve, em torno de 10 a 15 minutos, seu poder destrutivo é imenso, capaz de causar estragos consideráveis em curtos períodos.

Crescimento de Tornados no Brasil: Sul é Região de Maior Risco

A percepção de que o número de tornados no Brasil cresce encontra eco nos registros recentes e nas declarações de estudiosos. A região Sul, com suas peculiaridades geográficas e padrões climáticos, torna-se um laboratório natural para a ocorrência desses fenômenos, exigindo atenção contínua das autoridades e da população. A necessidade de antecipação e de sistemas de alerta eficazes nunca foi tão evidente diante desse cenário em evolução.

Eventos Recentes e Características dos Tornados no Sul

Na primeira semana de junho deste ano, na sexta-feira, dia 7, o interior dos estados do Paraná e de Santa Catarina vivenciou uma sequência impressionante de eventos, marcando o que especialistas definem como um “outbreak” de tornados. Este termo refere-se à ocorrência simultânea ou em um curto intervalo de tempo de vários tornados, gerados por múltiplas tempestades severas. Mauricio Oliveira, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria, estima que mais de dez tornados foram registrados durante esse período, incluindo um de intensidade significativa.

Oliveira explica que a primavera é uma estação propícia para a manifestação de tais fenômenos na região. Ele destaca que o Sul do Brasil está inserido em uma das maiores “corredores de tornados” do mundo em termos de extensão, o que naturalmente eleva a frequência desses eventos. A primavera marca uma transição onde a umidade e o ar quente começam a aumentar, combinando-se com os ventos intensos, remanescentes do inverno, criando um ambiente favorável para as tempestades rotativas.

A análise preliminar de um dos tornados mais potentes observados durante o “outbreak” o classificou como categoria 3 na Escala Fujita aprimorada (EF), que mede a intensidade desses eventos de 0 a 5. Tal classificação ressalta a capacidade destrutiva que os tornados podem atingir nessas condições.

Por Que a Região Sul é Mais Suscetível?

A particularidade do Sul do Brasil em relação à formação de tornados reside em uma confluência singular de massas de ar distintas, que interagem de forma a promover as condições atmosféricas ideais. Ernani Lima, do INPE, detalha essa dinâmica complexa.

Segundo o especialista, a cerca de 1.500 metros de altitude, há um fluxo constante de umidade proveniente da Amazônia, conhecido como “rios atmosféricos”, que se estende até o sul do Brasil, gerando uma grande concentração de vapor d’água na atmosfera. Simultaneamente, massas de ar polar ingressam na região pela Argentina, cruzando a Cordilheira dos Andes e trazendo consigo ar mais frio e seco.

O embate entre essas massas de ar de características opostas (ar quente e úmido versus ar frio e seco) gera um fenômeno conhecido como cisalhamento vertical do vento. Este termo descreve a variação abrupta da velocidade ou direção do vento com a altura, um fator crítico que alimenta a rotação dentro das nuvens e favorece a formação de tempestades rotativas, essenciais para o desenvolvimento dos tornados. Além do Sul, Ernani Lima indica que um eixo que se estende pelo sul do Mato Grosso do Sul, partes de São Paulo e o oeste do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também é propenso à formação desses eventos devastadores.

Histórico de Tornados Destrutivos no Brasil

Apesar da recente atenção, a história dos tornados no Brasil conta com registros de eventos extremamente letais. O episódio mais trágico ocorreu em 1959, na divisa entre Santa Catarina e Paraná. As cidades de União da Vitória (PR), Palmas (PR) e Canoinhas (SC) foram severamente atingidas, resultando em mais de 90 mortos, segundo o levantamento do especialista Ernani Lima.

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Imagem: g1.globo.com

Em São Paulo, a memória de um tornado devastador remonta a 1991, quando 15 pessoas perderam a vida na região de Itu, evidenciando que o potencial destrutivo desses fenômenos não se limita exclusivamente à região Sul, apesar de ser a mais concentrada em termos de frequência.

Dados da Plataforma de Registro de Tempestades Severas revelam um incremento notável no número de tornados no país ao longo dos últimos cinco anos. Os registros apontam um salto de 55 tornados em 2021 para 88 casos em 2023, um número que pode ser igualado ou superado em 2025. Maurício Oliveira observa que parte desse aumento pode estar associada aos impactos das mudanças climáticas, uma hipótese que ainda está sob estudo aprofundado por parte da comunidade científica. Para entender melhor os eventos climáticos extremos e o trabalho de prevenção no Brasil, é possível consultar o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.

Pesquisa, Prevenção e Monitoramento

Diante da crescente ameaça dos tornados, a pesquisa científica e a engenharia desempenham um papel crucial na proteção de vidas e patrimônios. Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) abriga um laboratório de ponta dedicado ao estudo dos efeitos do vento em edificações. Nesse ambiente, pesquisadores conduzem testes rigorosos em túneis de vento, utilizando maquetes detalhadas de cidades para simular a ação do vento em diversas intensidades e direções.

Através da instrumentação precisa em maquetes de edifícios, é possível coletar dados valiosos sobre a pressão do vento e seu impacto nas estruturas. Essa tecnologia, já empregada na elaboração de laudos para mais de 500 projetos no Brasil e no exterior, incluindo grandes obras como a Ponte Estaiada em São Paulo, permite aos pesquisadores propor modificações estruturais que elevam a resistência das construções.

As normas técnicas de construção já estabelecem limites de velocidade do vento que cada tipo de edificação deve suportar. No sul do Brasil, por exemplo, edificações em geral são projetadas para resistir a ventos de até 180 km/h, enquanto estruturas mais críticas, como hospitais, podem ser projetadas para velocidades de até 200 km/h. Professores da UFRGS salientam que a estrita incorporação dessas especificações nos projetos de construção seria um fator determinante para prevenir grande parte dos acidentes. Contudo, Ernani Lima reforça que, para além da engenharia, é imprescindível investir massivamente em previsão e monitoramento meteorológico específicos para tempestades severas, capazes de prever com horas de antecedência as condições atmosféricas propícias à formação de tornados, uma área onde o Brasil ainda busca maior desenvolvimento.

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O cenário do crescimento dos tornados no Brasil exige uma resposta multifacetada, combinando o avanço da ciência na previsão, a engenharia na prevenção e a educação da população. Continue explorando as análises e notícias sobre eventos climáticos e seus impactos em nosso país, visitando nossa seção de Análises para mais informações.

Crédito da imagem: Foto: Fantástico

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