O Tema Redação Enem Desafia Debate Sobre Etarismo no Brasil, trazendo para o centro das discussões uma reflexão crucial sobre as “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. Esta abordagem do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi amplamente elogiada por professores de diversas regiões do país, que veem no assunto uma oportunidade única para abordar temas de relevância contemporânea, como a crescente violação de direitos da população idosa e o combate ao etarismo – o preconceito velado ou explícito motivado pela idade de uma pessoa.
Professores consultados pela Agência Brasil em 9 de dezembro, avaliam que a escolha do tema transcende o contexto acadêmico, impulsionando um necessário debate social. Segundo eles, a proposição do Enem é um catalisador para discussões aprofundadas sobre como a sociedade brasileira enxerga e trata seus cidadãos mais velhos, um segmento populacional que demanda atenção urgente e políticas públicas eficazes.
Tema Redação Enem Desafia Debate Sobre Etarismo no Brasil
A professora de redação Bárbara Soares, de Brasília, reiterou a relevância do assunto. Para ela, o cenário de envelhecimento acelerado da população brasileira exige uma atenção especial para as discussões sobre o etarismo e suas múltiplas facetas. Soares apontou a possibilidade de os candidatos abordarem questões como o desvio de recursos de aposentadorias, revelado por recentes notícias, e a necessidade imperiosa de criar e fortalecer novas políticas públicas destinadas a proteger os direitos dos idosos. A educadora sublinhou que a prova coloca “uma lupa sobre um problema que está relacionado a grupos mais vulneráveis”, indicando que “premissas constitucionais estão sendo violadas”, um ponto de partida para argumentações consistentes por parte dos estudantes.
Soares também fez um paralelo com temas de redação anteriores, lembrando que há dois anos o Enem focou na invisibilização do trabalho de cuidado realizado por mulheres. A conexão ressalta a importância de uma política nacional de cuidado que estruture e formalize essas questões, mostrando que o exame tem buscado fomentar debates de grande impacto social e demanda por soluções sistêmicas.
Crescimento Demográfico e o Estatuto do Idoso
No Rio de Janeiro, o professor Thiago Braga reforçou a urgência do debate ao contextualizar o envelhecimento demográfico brasileiro. Ele destacou que projeções indicam que, até 2070, quase 40% da população do país será composta por idosos. Braga salientou que esse é um tópico trabalhado de forma interdisciplinar nas escolas, onde os alunos já estão cientes da significativa transformação pela qual a pirâmide etária brasileira vem passando. Diante disso, os textos motivadores da prova de redação assumem uma função primordial no direcionamento temático dos estudantes.
Braga também sugeriu o uso do Estatuto da Pessoa Idosa, promulgado em 2003, como uma referência valiosa para os alunos em suas argumentações. O Estatuto serve como um marco legal que garante direitos e estabelece deveres para a proteção dos idosos, oferecendo um repertório rico para fundamentar as dissertações. Para mais informações sobre a legislação que ampara essa parcela da população, é possível consultar o Estatuto da Pessoa Idosa diretamente na plataforma do governo brasileiro.
Complexidade Mediana e Repertório Acessível
Também do Rio de Janeiro, a professora de redação Rayana Roale classificou o tema como de complexidade mediana. Ela notou que o assunto do envelhecimento e etarismo já havia sido abordado em avaliações anteriores, como a Prova Nacional Docente (PND), indicando sua recorrência e a transversalidade na sociedade. Para Roale, a questão da idade permeia todas as camadas sociais, e, apesar de sua importância, não deve representar um desafio excessivo para os estudantes, já que existe “muito repertório e informações disseminadas” sobre o assunto, facilitando a elaboração de argumentos e reflexões consistentes.
Os professores apontaram ainda uma possível linha de argumentação que os candidatos poderiam explorar: a tendência da sociedade produtiva de marginalizar as pessoas mais velhas, deixando-as de lado. Essa faceta do etarismo levanta questões sobre mercado de trabalho, valorização da experiência e a integração social.

Imagem: Enem/Galeria via agenciabrasil.ebc.com.br
Etarismo e Desafios da Contemporaneidade
Michele Marcelino, professora de redação em São Paulo, elogiou a precisão do exame ao inserir o etarismo no debate nacional. Em sua análise, a prova proporcionou uma plataforma essencial para discutir não apenas o preconceito por idade, mas também os direitos da pessoa idosa e os problemas crônicos enfrentados por elas na sociedade atual, incluindo situações de abandono e diversas formas de discriminação. Marcelino ressaltou que a escolha do tema reflete as profundas mudanças sociais no país, tornando-o “pertinente, mas também acessível aos estudantes”, que devem ter conseguido desenvolver uma reflexão robusta e articulada.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bianca Borges, corroborou a importância do tema. Em sua perspectiva, a proposta da redação do Enem provocou uma discussão vital sobre os múltiplos desafios que os idosos enfrentam no Brasil, abrangendo desde o acesso a um trabalho digno e à previdência social até a garantia de uma saúde pública de qualidade. Ela frisou que esses desafios exigem o desenvolvimento de políticas públicas assertivas, além de um debate social e cultural que transforme a compreensão coletiva sobre as pessoas mais velhas.
Inclusão, Convívio e Futuro da Educação
Borges também celebrou um aspecto positivo impulsionado pela democratização do acesso ao ensino superior: a diversificação do perfil dos estudantes. Ela mencionou a “felicidade de ver pessoas com mais de 60, 70, às vezes 80 anos realizando o sonho de estar dentro da sala de aula ao lado dos mais jovens”, um fenômeno que fortalece o convívio intergeracional e enriquece o ambiente educacional com diferentes perspectivas e experiências de vida. Este cenário demonstra um avanço no combate ao etarismo, não apenas teoricamente, mas na prática cotidiana das universidades e cursos pré-vestibulares.
A Agência Brasil, inclusive, no início do mesmo mês de dezembro, publicou uma reportagem em série especial que contava a história de três médicos especialistas com mais de 80 anos que continuam ativos em suas profissões, superando preconceitos e provando que a idade não é um impedimento para a produtividade e a realização profissional. Essa série destacou, ainda, a avaliação de especialistas que identificaram no convívio entre gerações uma poderosa estratégia para combater o etarismo, promovendo respeito e compreensão mútuos entre faixas etárias diversas. A interação é uma “receita de sucesso”, apontam, capaz de desmistificar estereótipos e fomentar uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para todos.
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A escolha do tema de redação do Enem sobre o envelhecimento na sociedade brasileira reforça a responsabilidade do exame em catalisar discussões urgentes e necessárias para o desenvolvimento do país. É um convite à reflexão sobre nossos preconceitos e o papel das políticas públicas. Continue acompanhando as Análises de Política e Cidadania em nosso portal para se manter atualizado sobre estes e outros debates cruciais.
Crédito da imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil


