O Investimento Estrangeiro Direto no Brasil demonstrou um crescimento robusto nos últimos anos, superando a média global. De acordo com análises, os aportes em novos projetos produtivos no país tiveram um salto notável de 67% no período entre 2022 e maio de 2025, em comparação com os anos de 2015 a 2019. Globalmente, esse aumento foi de 24%, evidenciando a crescente atratividade do mercado brasileiro para capitais internacionais, mesmo em um cenário complexo.
Essa ascensão ocorre em um contexto global de fragmentação política e elevação de barreiras tarifárias. Enquanto nações desenvolvidas como os Estados Unidos atraíram maior volume de aportes recíprocos entre si, a China, por outro lado, observou uma diminuição nos fluxos diretos em seu território. Contudo, o país asiático fortaleceu sua posição como investidor global, intensificando anúncios de investimento em diversas regiões, incluindo Europa, América Latina e Oriente Médio. Há uma perceptível reorientação dos investimentos, que agora se movem para distâncias geográficas maiores, porém, a distâncias geopolíticas mais reduzidas.
Países emergentes, por sua vez, têm atraído compromissos de investimento de uma ampla gama geopolítica. Multinacionais oriundas dessas economias mantiveram uma constância maior no alcance geopolítico de suas movimentações de Investimento Estrangeiro Direto (IED). Especificamente no Brasil, bem como em Singapura e nos Emirados Árabes Unidos, aproximadamente 65% das empresas sustentaram a distância geopolítica de seus anúncios de IED. Este percentual contrasta com os cerca de 35% observados em mercados desenvolvidos como Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e China. Esse dinamismo reforça o tema principal da matéria:
Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil crescem 67%
Geopolítica e a Dinâmica dos Investimentos Globais
A neutralidade geopolítica histórica do Brasil emerge como um ativo crucial no contexto global atual, conforme ressalta Nelson Ferreira, sócio sênior da consultoria McKinsey. “O Brasil é o país historicamente neutro do ponto de vista geopolítico e, num cenário como o atual, esse é um ativo importante que temos”, afirma Ferreira. Ele também destaca a tendência de diversificação na origem desses aportes financeiros, com uma crescente chegada de novos fluxos de capital oriundos da Ásia e do Oriente Médio, que se somam aos parceiros tradicionais da Europa.
Ferreira complementa que empresas brasileiras possuem um potencial significativo para expandir sua capacidade de produção em direção a mercados de rápido crescimento, como Índia, América Central e Sudeste Asiático. Essa expansão permitiria maior proximidade com os consumidores finais e um papel de maior protagonismo em uma economia mundial que se mostra progressivamente descentralizada, consolidando um ambiente favorável aos fluxos globais de capital. Para mais dados sobre IED, é possível consultar os relatórios do Banco Central do Brasil.
Comportamento do IED: Entrada Robusta e Saída Cautelosa
De acordo com os levantamentos da McKinsey, o IED anual direcionado ao Brasil, abrangendo o período de 2022 até maio de 2025, totalizou expressivos US$ 37 bilhões. Deste montante, a Europa foi responsável por aproximadamente 50% dos Investimentos Estrangeiros Diretos anunciados no país, enquanto os Estados Unidos contribuíram com cerca de 15%. Em um contraste significativo, os fluxos anuais de IED anunciados por companhias brasileiras no sentido contrário – ou seja, investimentos do Brasil para o exterior – experimentaram uma diminuição de 19%.
Apesar dessa redução percentual nos anúncios de investimentos para fora do país, os valores anuais apresentaram uma variação nominal: foram de US$ 2,9 bilhões no intervalo de 2015 a 2019, passando para US$ 3,2 bilhões entre 2022 e maio de 2025. Esses números, no entanto, devem ser contextualizados com a diminuição percentual registrada nos anúncios, que apontou uma queda na atividade geral de empresas brasileiras investindo em outros mercados.
Mega-Projetos e o Setor de Energia: Motores do IED no Brasil
É fundamental ressaltar que os dados apresentados pela consultoria McKinsey se restringem aos chamados investimentos greenfield, ou seja, projetos produtivos inteiramente novos que envolvem a formação bruta de capital. Esta metodologia exclui o fluxo total de investimentos, que incluiria fusões, aquisições e reinvestimentos de lucros, fornecendo uma visão específica sobre a criação de novas capacidades produtivas no país.

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Globalmente, percebe-se um padrão crescente de “meganegócios” nos investimentos estrangeiros diretos. Estudos apontam que, embora representem apenas 1% do total de transações além das fronteiras nacionais, negócios com valores superiores a US$ 1 bilhão hoje somam metade do valor total investido globalmente, um salto expressivo em relação a cinco anos atrás, quando correspondiam a apenas um terço desse montante.
Entre os setores que mais atraem Investimento Estrangeiro Direto, o segmento de energia se destaca, concentrando impressionantes 46% do IED anunciado no Brasil desde 2022. O vigor desse crescimento é impulsionado por contratos de vulto, muitos superando a marca de US$ 1 bilhão. Exemplos notáveis incluem projetos para uma usina de hidrogênio verde, localizada no Ceará, e iniciativas de exploração de petróleo e gás na Bacia de Campos. Tais desenvolvimentos são cruciais para a expansão e modernização da matriz energética nacional e reforçam o interesse nos recursos naturais e capacidades do Brasil.
Desafios e Oportunidades para o Crescimento Futuro do IED
Para Nelson Ferreira, a combinação de vantagens naturais robustas e estabilidade institucional em um cenário de fragmentação global posiciona o Brasil de forma privilegiada. Com vasta disponibilidade de energia renovável e uma base agrícola sólida, o país solidificou sua posição como um destino prioritário para empreendimentos nos setores de agricultura, energia e commodities. “Temos, ainda, outros ativos importantes, como maior neutralidade geopolítica, um mercado interno grande e mão de obra”, pontua Ferreira, reforçando a resiliência e os fundamentos econômicos brasileiros.
Contudo, um avanço significativo na capacidade brasileira de atrair investimentos diretos está condicionado a condições macroeconômicas mais estáveis e à instauração de um novo ciclo de investimento industrial, adverte Ferreira. Ele elucida que taxas de juros elevadas e o alto custo de capital continuam a ser limitantes para a concretização de projetos em manufatura avançada, acompanhados por um processo de deterioração da competitividade industrial. “Para ganhar competitividade em indústrias estratégicas, o país precisa de um novo ciclo de investimento e modernização alavancando novas tecnologias como digitalização, automação e IA”, conclui o sócio sênior da McKinsey, apontando os caminhos para um futuro próspero.
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Em suma, os dados recentes confirmam que o Brasil mantém uma posição estratégica no fluxo de Investimento Estrangeiro Direto global, impulsionado por suas características únicas e setores promissores como o de energia. Apesar dos desafios inerentes ao cenário macroeconômico, o país possui os atributos necessários para consolidar e expandir ainda mais sua atratividade para capitais internacionais. Para acompanhar outras análises e notícias relevantes sobre o cenário econômico brasileiro, continue navegando em nossa editoria de Economia.
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