Uma investigação minuciosa resultou na prisão de Cláudio Rafael Silva de Queiroz de Pontes, um jovem de 22 anos, suspeito de integrar uma organização criminosa especializada na aplicação do temido **golpe Boa noite, Cinderela**. O alvo prioritário da quadrilha eram turistas gays no Rio de Janeiro, e a audácia do grupo chegou ao ponto de celebrarem publicamente os atos criminosos.
A operação policial que culminou na detenção de Cláudio Rafael ocorreu na última quinta-feira, 6 de junho, na cidade de Cabo Frio, Região dos Lagos fluminense. Entretanto, três outros indivíduos apontados como integrantes da mesma facção criminosa continuam foragidos. As evidências colhidas ao longo dos trabalhos investigativos, que incluem imagens e mensagens, revelaram a ousadia do grupo. Trechos do inquérito que levou à expedição de quatro mandados de prisão mostram que, há cerca de três meses, os criminosos chegaram a ironizar uma das vítimas. Em uma lousa de um pub no Cachambi, Zona Norte do Rio, eles escreveram: “O crime deseja a todos uma ótima noite! #equipesemente”, o que denota um comportamento debochado e a falta de escrúpulos com que agiam.
Jovem preso por golpe ‘Boa noite, Cinderela’ contra turistas gays
A investigação policial teve início há aproximadamente três meses, impulsionada pela denúncia de um turista de Pernambuco. Ele relatou ter sido vítima do **golpe Boa noite, Cinderela** enquanto visitava a famosa orla de Copacabana, um dos cartões-postais da Zona Sul do Rio de Janeiro. De acordo com o registro feito na 13ª Delegacia de Polícia (Ipanema), a vítima, que estava hospedada em um hotel localizado na prestigiosa Avenida Atlântica, conheceu Cláudio Rafael por intermédio de um popular aplicativo de relacionamentos destinado ao público homossexual.
O encontro entre Cláudio Rafael e o turista ocorreu em um quiosque à beira-mar. Durante o contato, a vítima aceitou e consumiu uma caipirinha que lhe foi oferecida pelo suspeito. Logo após a ingestão da bebida, o pernambucano começou a sentir os efeitos de uma substância e perdeu a consciência completamente. Ao despertar, já no quarto do hotel, o turista percebeu que havia sofrido ferimentos e, mais alarmante, seu telefone celular havia sido subtraído. O aparelho não era apenas um objeto pessoal, mas continha acesso a diversos aplicativos bancários e cartões cadastrados, tornando-se uma ferramenta valiosa para os criminosos realizarem futuras transações fraudulentas.
Dois dias após o incidente, o turista dirigiu-se à 13ª DP para registrar a ocorrência. Em apoio à sua denúncia, apresentou um extrato bancário que revelava uma série de compras suspeitas efetuadas em lojas de grife renomadas, situadas em shoppings na Barra da Tijuca, além de múltiplas transferências bancárias não autorizadas. O prejuízo financeiro total estimado, decorrente das ações da quadrilha, alcançou a cifra aproximada de R$ 60 mil, demonstrando a dimensão do roubo e da fraude.
Para comprovar a suspeita de dopagem, a Polícia Civil solicitou a realização de exames no Instituto Médico-Legal (IML). A análise toxicológica da vítima confirmou a presença de substâncias que são tipicamente utilizadas para sedar e dopar indivíduos, reforçando a narrativa da perda de consciência e o método de atuação dos criminosos. Imagens capturadas por câmeras de segurança do hotel, onde o turista estava hospedado, revelaram que ele retornou ao quarto sozinho. Este detalhe crucial apoiou a hipótese investigativa de que o turista já estava dopado antes de chegar ao estabelecimento, provavelmente na rua, e sem seus pertences devido ao efeito da substância ilícita.
A análise detalhada das transações financeiras fraudulentas foi determinante para que os investigadores da 13ª DP conseguissem rastrear o fluxo do dinheiro roubado. Foi possível identificar um casal que executou as compras em estabelecimentos de luxo, bem como uma conta bancária específica que foi utilizada para receber as transferências ilegais. O titular da referida conta, quando confrontado pela polícia, alegou que apenas permitia o uso de sua conta para “trocar dinheiro” em troca de uma comissão. No entanto, sua versão não foi suficiente para eximi-lo, e o indivíduo acabou sendo indiciado como mais um membro da complexa organização criminosa. Ao todo, seis pessoas foram formalmente indiciadas pelos crimes de roubo, furto e associação criminosa, evidenciando o caráter estruturado e planejado da quadrilha.
O delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, que atua como titular da 13ª DP, fez importantes declarações sobre o modus operandi da quadrilha. Ele caracterizou o grupo como “uma quadrilha especializada, que atua principalmente contra turistas e à noite”. O delegado forneceu detalhes sobre a tática dos criminosos, explicando que eles se aproximavam das vítimas em locais públicos, iniciavam uma conversa para estabelecer alguma confiança e, em um momento estratégico, ofereciam bebidas que já estavam adulteradas. “Eles ficam conversando, oferecem a bebida e levam as vítimas para perto do mar. Lá, com as pessoas já dopadas e sem como conseguir pedir ajuda, cometem esse tipo de crime”, relatou Ribeiro, assegurando o compromisso da força policial em “trabalhar para prender todos os envolvidos” e desmantelar completamente a rede de criminosos. Para informações adicionais sobre segurança pública no Rio de Janeiro, consulte as reportagens e o acompanhamento do G1 Rio.

Imagem: suspeita do golpe via g1.globo.com
A extensão das atividades da quadrilha e a gravidade dos crimes cometidos motivaram a 13ª DP a compartilhar as informações e descobertas com a Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), uma unidade especializada em ocorrências que afetam visitantes na cidade. Por meio desta colaboração estratégica, os agentes da Deat conseguiram aprofundar a investigação sobre Cláudio Rafael, que foi identificado como um dos principais articuladores e mentores por trás da série de **golpes Boa noite, Cinderela**.
As apurações subsequentes revelaram que Cláudio Rafael não apenas não agia sozinho, mas também tinha um número significativo de vítimas para além do turista pernambucano. A polícia informou que existem pelo menos outros sete inquéritos em andamento contra o jovem, um dado que corrobora a sua participação em um padrão criminoso e um extenso histórico. Dentre os casos mais notáveis investigados pela Deat, destacam-se alguns incidentes graves:
- **Vítima Mexicana (Maio):** No mês de maio, um turista de nacionalidade mexicana conheceu Cláudio por intermédio de um aplicativo de relacionamentos. O encontro foi marcado e ocorreu na Praia de Ipanema. Após o consumo de bebidas oferecidas pelo suspeito, a vítima perdeu totalmente a consciência e foi posteriormente encontrada por vendedores ambulantes na região. Recebeu os primeiros socorros e foi encaminhada à delegacia para as devidas providências.
- **Vítima Italiana (Junho):** Em um episódio distinto, ocorrido em junho, um turista italiano foi dopado, resultando em um considerável prejuízo financeiro. Estima-se que o valor total perdido pelo turista ascende a 19 mil euros, o equivalente a aproximadamente R$ 117 mil na cotação vigente à época, destacando a capacidade do grupo em defraudar altas somas das vítimas.
- **Vítimas Chilenas (Agosto):** Já em agosto, dois turistas vindos do Chile foram alvo da mesma quadrilha. Após encontros marcados por aplicativos e sob circunstâncias semelhantes aos casos anteriores, ocorridos na área de Copacabana, ambos os turistas tiveram um prejuízo somado de R$ 15 mil.
A delegada Patrícia Alemany, que lidera a Deat, forneceu declarações importantes sobre o modus operandi da quadrilha. Ela explicou: “Antes mesmo de iniciar qualquer relação, ele já dopava as pessoas, que desmaiavam e tinham seus pertences roubados”, ressaltando a premeditação e a frieza com que os criminosos agiam. A delegada também salientou a estratégia de atuação do grupo: “A quadrilha atuava de forma organizada, sempre em pontos isolados da orla de Copacabana”, uma tática que visava isolar as vítimas e dificultar qualquer tentativa de pedido de socorro, uma vez que já estavam incapacitadas.
Patrícia Alemany ainda informou que Cláudio Rafael passará por um processo de reconhecimento formal, no qual outras possíveis vítimas que possam tê-lo encontrado e sofrido os golpes terão a oportunidade de identificá-lo. Em um apelo direto à população, a delegada enfatizou a importância de não “romantizar” o **golpe Boa noite, Cinderela**. Alemany fez questão de ressaltar a intrínseca periculosidade das substâncias químicas utilizadas, afirmando que “é extremamente perigosa e pode causar sérios danos à saúde”. Por fim, ela concluiu com um veemente chamado à denúncia: “Por isso, é fundamental denunciar para que esses indivíduos sejam presos e não façam novas vítimas. Não podemos romantizar esse tipo de crime”. A cidade do Rio de Janeiro, com sua notável beleza e complexos desafios, continua sendo palco para o trabalho incansável das autoridades em defesa da segurança e do bem-estar tanto de seus residentes quanto de seus visitantes.
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A prisão de Cláudio Rafael Silva de Queiroz de Pontes representa um avanço significativo na luta contra o **golpe Boa noite, Cinderela**, uma modalidade criminosa que explora a vulnerabilidade de turistas em busca de lazer e entretenimento. A elucidação detalhada da atuação dessa quadrilha, juntamente com o destaque para o deboche ostentado pelos criminosos, reforça a crucial necessidade de vigilância constante e a importância da pronta denúncia para garantir a segurança no Rio de Janeiro. Para continuar informado sobre ações de combate à criminalidade, projetos urbanos e eventos sociais na capital fluminense, continue acompanhando nossas análises na editoria Cidades.
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