Integrante de Quadrilha do Golpe ‘Boa Noite, Cinderela’ Preso

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A polícia do Rio de Janeiro efetuou a prisão de um jovem de 22 anos, suspeito de integrar uma quadrilha especializada na aplicação do golpe ‘Boa Noite, Cinderela’ contra homens gays na cidade. A investigação revelou que o grupo não apenas planejava e executava os crimes, mas também celebrava publicamente os atos ilícitos em estabelecimentos na Zona Norte da capital fluminense. O mandado de prisão foi cumprido em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, no dia 6 de julho, uma quinta-feira.

Cláudio Rafael Silva de Queiroz de Pontes, o jovem detido, é apontado pelas autoridades como parte de uma organização criminosa que focava em turistas, principalmente estrangeiros, que visitavam o Rio. A ação resultou na emissão de quatro mandados de prisão, dos quais Cláudio foi o único capturado até o momento, com três indivíduos permanecendo foragidos. As investigações revelaram que os criminosos não tinham receio de debochar das próprias vítimas, chegando a registrar uma mensagem cínica em um bar do bairro Cachambi, afirmando: “O crime deseja a todos uma ótima noite! #equipesemente”, indicando a audácia e o menosprezo pelas consequências de seus atos.

Integrante de Quadrilha do Golpe ‘Boa Noite, Cinderela’ Preso

A prisão de Cláudio Rafael é o resultado de uma intensa investigação de três meses conduzida pelas autoridades policiais. O ponto de partida para desmantelar parte da quadrilha foi a denúncia de um turista vindo de Pernambuco, que alegou ter sido vítima do golpe ‘Boa Noite, Cinderela’ durante sua estadia em Copacabana, na Zona Sul do Rio. Segundo os detalhes fornecidos pela 13ª Delegacia de Polícia (Ipanema), a vítima, que estava hospedada em um hotel localizado na Avenida Atlântica, estabeleceu contato com Cláudio através de um aplicativo de relacionamentos direcionado ao público gay.

O encontro entre os dois aconteceu em um quiosque na orla da praia de Copacabana. Após consumir uma caipirinha oferecida pelo suspeito, o turista perdeu os sentidos. Ao acordar, já em seu quarto de hotel, ele constatou estar ferido e percebeu a ausência de seu aparelho celular. O smartphone era de suma importância, pois continha diversos aplicativos bancários e cartões de crédito e débito já cadastrados, facilitando a ação dos criminosos. Apenas dois dias após o incidente, o turista dirigiu-se à 13ª DP para registrar a ocorrência e apresentar um extrato detalhado que comprovava transações fraudulentas. Este extrato mostrava compras vultosas realizadas em lojas de grife situadas em shoppings na Barra da Tijuca, além de transferências eletrônicas que, somadas, totalizaram aproximadamente R$ 60 mil em prejuízo.

Os exames periciais realizados no Instituto Médico-Legal (IML) foram cruciais para confirmar a suspeita da vítima, revelando a presença de substâncias compatíveis com as drogas comumente utilizadas para dopar pessoas. Imagens das câmeras de segurança do hotel, onde o turista estava hospedado, serviram como evidência adicional para a tese policial, ao mostrarem a vítima retornando sozinha ao quarto. Esse fato reforçou a hipótese de que o homem já havia sido dopado na rua, retornando sem seus pertences ou qualquer memória dos acontecimentos. A minuciosa análise das transações financeiras ilegais permitiu aos investigadores identificar um casal responsável pelas compras e também uma conta bancária que recebia as transferências indevidas. O titular da referida conta alegou que apenas emprestava o serviço para realizar trocas de dinheiro, mediante o pagamento de uma comissão, mas acabou sendo indiciado como integrante ativo da quadrilha.

Ao todo, seis pessoas foram indiciadas pelas autoridades pelos crimes de roubo, furto e associação criminosa, evidenciando a natureza organizada e sistêmica das operações do grupo. O delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, responsável pela 13ª DP, detalhou o modus operandi da quadrilha, caracterizando-a como uma organização especializada que opera predominantemente à noite e visa principalmente turistas. “Eles ficam conversando, oferecem a bebida e levam as vítimas para perto do mar. Lá, com as pessoas já dopadas e sem como conseguir pedir ajuda, cometem esse tipo de crime. Estamos trabalhando para prender todos os envolvidos”, afirmou o delegado, ressaltando a vulnerabilidade das vítimas uma vez sob o efeito das substâncias dopantes.

Em um esforço conjunto para combater a criminalidade turística, a 13ª DP compartilhou a investigação com a Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat). Através da cooperação entre as equipes, os agentes da especializada constataram que Cláudio Rafael, visto como um dos principais articuladores do golpe, possuía um extenso histórico criminal, tendo já feito outras vítimas. Levantamentos apontam a existência de sete inquéritos contra ele, o que sublinha a periculosidade e o padrão repetitivo de sua conduta criminosa.

Entre os casos apurados pela Deat, destaca-se um ocorrido em maio, quando um turista mexicano conheceu Cláudio por meio de um aplicativo e marcou um encontro na Praia de Ipanema. Após consumir bebidas, o turista perdeu a consciência e foi subsequentemente encontrado por ambulantes, que o socorreram e o encaminharam à delegacia para o devido registro. Em outro incidente, registrado em junho, a vítima foi um turista italiano que teve um prejuízo significativo de aproximadamente 19 mil euros, equivalentes a R$ 117 mil, após ser dopado. Em agosto, mais duas vítimas, turistas chilenos, reportaram um prejuízo total de R$ 15 mil após encontrarem os golpistas em circunstâncias semelhantes na região de Copacabana.

A delegada Patrícia Alemany, titular da Deat, reforçou a natureza insidiosa da quadrilha: “Antes mesmo de iniciar qualquer relação, ele já dopava as pessoas, que desmaiavam e tinham seus pertences roubados. A quadrilha atuava de forma organizada, sempre em pontos isolados da orla de Copacabana”. A delegada ainda salientou que Cláudio Rafael será submetido a um processo de reconhecimento por outras possíveis vítimas que possam tê-lo encontrado. Além disso, a delegada fez um alerta contundente, enfatizando que o “golpe do Boa Noite, Cinderela” jamais deve ser romantizado. Ela advertiu sobre os riscos graves à saúde que as substâncias utilizadas pelos criminosos podem causar, reiterando a importância vital da denúncia por parte das vítimas. “Por isso, é fundamental denunciar para que esses indivíduos sejam presos e não façam novas vítimas. Não podemos romantizar esse tipo de crime”, concluiu a delegada, instigando a sociedade a colaborar para combater essa modalidade criminosa e proteger os turistas e moradores do Rio de Janeiro.

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A prisão de Cláudio Rafael Silva de Queiroz de Pontes marca um passo importante na luta contra os crimes do golpe ‘Boa Noite, Cinderela’ no Rio de Janeiro. As autoridades continuam empenhadas em prender os demais envolvidos e reiteram a importância da vigilância e da denúncia para coibir essas práticas perigosas. Para mais informações sobre segurança e investigações criminais na região metropolitana e outros tópicos de relevância social, continue acompanhando nossa editoria de Cidades, onde você encontrará as últimas notícias e análises.

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