O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta sexta-feira (31) que seu estado disponibilizou efetivo policial para o Rio de Janeiro. A oferta de efetivo paulista ao Rio tem como objetivo primordial o monitoramento de comunidades já ocupadas pelas forças de segurança cariocas, visando a manutenção da ordem após uma série de operações de grande escala. Essa iniciativa surge logo após a megaoperação policial que resultou na morte de 121 pessoas nos complexos da Penha e do Alemão.
A proposta de cooperação foi explicitada pelo governador Tarcísio durante um evento de entrega de moradias populares em Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo. Ele ressaltou a importância de manter uma vigilância contínua sobre essas áreas, enfatizando que o monitoramento subsequente às grandes incursões é crucial para consolidar os resultados das ações.
Tarcísio de Freitas oferece efetivo de SP ao Rio para monitorar áreas
Essa colaboração se insere em um contexto mais amplo de integração entre estados, já que na quinta-feira (30), foi formalmente anunciado um consórcio entre seis governadores aliados, do qual Tarcísio de Freitas é parte integrante. A aliança busca intensificar o combate à criminalidade organizada de forma colaborativa, compartilhando recursos e inteligência para otimizar as operações.
A Construção de um Consórcio de Segurança Entre Seis Estados
A criação do “consórcio da paz” foi revelada em uma reunião ocorrida no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, com a presença de governadores de diferentes regiões do país. Além de Tarcísio de Freitas, participaram Cláudio Castro (PL-RJ), Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), e Eduardo Riedel (MS). A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, também esteve presente. O encontro, articulado por Jorginho Mello, reforça a união política do grupo no enfrentamento da violência.
Segundo as declarações dos gestores estaduais, o consórcio visa aprofundar a integração entre as forças de segurança e as equipes de inteligência. A proposta engloba diversas frentes, como a compra conjunta de equipamentos e tecnologias, possibilitando aquisições em maior escala e, consequentemente, a preços mais vantajosos. Além disso, o compartilhamento de ferramentas tecnológicas e de informações estratégicas de inteligência é visto como um pilar essencial para fortalecer a atuação coordenada contra as facções criminosas.
O governador Cláudio Castro foi parabenizado pelos demais participantes pela postura proativa do Rio de Janeiro diante dos desafios de segurança. Em seu discurso, Castro defendeu que a sede do consórcio deveria ser no Rio, vislumbrando um modelo de cooperação que permita a troca de experiências e soluções efetivas para “libertação do nosso povo”. O projeto prevê futuras reuniões para expandir o número de estados participantes.
Ronaldo Caiado, governador de Goiás, destacou a agilidade que a integração proporcionaria. Ele explicou que as forças estariam prontas para atender emergencialmente qualquer governador, com deslocamento imediato e sem burocracia, utilizando a inteligência e a capacidade operacional em conjunto. Da mesma forma, Jorginho Mello detalhou que a intenção é integrar os estados com todos os recursos disponíveis, sejam eles de contingência, inteligência ou financeiro. Mello adiantou que um regulamento será criado para operacionalizar as ações do recém-formado consórcio, que visa compartilhar “o que cada um tem de melhor” no combate à criminalidade.
Tarcísio de Freitas e a Necessidade das Ações no Rio de Janeiro
Em sua entrevista em Santa Bárbara d’Oeste, Tarcísio de Freitas também se posicionou enfaticamente em apoio à operação deflagrada no Rio de Janeiro. Para o governador de São Paulo, a situação no estado carioca transcende o enfrentamento clássico entre polícia e criminoso, caracterizando-se como uma “guerra irregular” em que facções buscam o domínio territorial, impondo o terror à população e ao próprio estado.
Ele argumentou que, neste cenário de organizações criminosas estruturadas e atuando como um “narcoestado”, estratégias de maior intensidade e abordagens diferenciadas são necessárias. A seu ver, operações de retomada territorial são complementares às ações de inteligência e asfixia financeira, essenciais para desmantelar a atuação dos grupos criminosos e proteger os cidadãos. A remoção e prisão de indivíduos que impõem o terror são medidas vistas como indispensáveis para evitar que essas facções consolidem seu poder sobre os territórios.
Novas Medidas e Estratégias no Combate ao Crime Organizado
Além da iniciativa de cooperação interestadual, o cenário de segurança pública no Rio de Janeiro e no Brasil tem sido marcado por diversas outras medidas e discussões estratégicas. O governador Cláudio Castro voltou a elogiar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de abril, que validou um conjunto de regras para operações policiais em favelas do Rio, conhecida como ADPF das Favelas. Para Castro, essa decisão representa um caminho claro para a retomada de territórios e uma maior integração, enxergando o Rio como um “laboratório” potencial para uma transformação na segurança pública nacional. A complexidade do crime organizado exige ações contundentes e coordenadas em múltiplas frentes. Mais informações sobre os desafios da segurança pública no Brasil podem ser encontradas em fontes como a Agência Brasil, que aborda importantes discussões no setor.
Paralelamente, na quarta-feira (29), Cláudio Castro e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciaram a criação de um Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado no Rio de Janeiro. Coordenado pelo secretário de Segurança Victor Santos, este núcleo receberá apoio direto do Governo Federal, incluindo o envio de 50 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), reforço em áreas de inteligência, disponibilização de vagas em presídios federais e peritos para auxiliar nas investigações. Apesar de usar o termo “narcoterrorismo” para se referir ao Comando Vermelho, Castro indicou que não vê necessidade de solicitar uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ao Governo Federal, priorizando as ações já em andamento e planejadas.
Outra importante medida foi a sanção, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de uma nova lei para combater o crime organizado e proteger autoridades envolvidas nessa área, ocorrida na mesma quarta-feira (29) e publicada na quinta-feira (30) no Diário Oficial da União. De autoria do senador Sergio Moro (União-PR), a legislação endurece as punições e cria dois novos tipos penais: “Obstrução de ações contra o crime organizado” – com pena de 4 a 12 anos de prisão para quem ordenar ou oferecer vantagens para atos de violência ou ameaça contra autoridades, testemunhas ou colaboradores – e “Conspiração para obstrução”, que pune acordos para planejar tais atos, mesmo que não executados. A lei também prevê reforço na segurança pessoal de juízes, membros do Ministério Público, policiais e militares, incluindo aposentados e seus familiares, quando sob risco devido às suas funções. Durante a megaoperação nos Complexos da Penha e Alemão, foi notável a apreensão de um arsenal de fuzis que incluía armas provenientes de exércitos da Venezuela, Argentina, Peru e do próprio Brasil, demonstrando a dimensão do poder bélico das facções.
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Em suma, as ações de segurança no Rio de Janeiro estão sendo reforçadas por uma rede de cooperação multiestadual e federal, além de novas bases legislativas para o enfrentamento da criminalidade. A oferta de efetivo de São Paulo, o consórcio de governadores e as medidas implementadas pelos governos estadual e federal buscam conter a atuação de facções e restaurar a ordem em comunidades impactadas. Para continuar acompanhando os desdobramentos desta e outras notícias importantes da política e segurança, explore nossa editoria de Política.
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Imagem: g1.globo.com



