O Maranhão se levanta em protesto contra a violência policial nesta quinta-feira, dia 31 de outubro, com manifestações organizadas por diversos movimentos sociais em São Luís. O ato integra uma série de mobilizações a nível nacional, o Ato Nacional Contra a Violência Policial, buscando dar voz à crescente insatisfação popular e repercutir episódios marcantes que ilustram a brutalidade. A capital maranhense se soma a um clamor que ecoa em várias partes do Brasil.
A iniciativa no Maranhão foca intensamente na Operação Contenção, conduzida na última terça-feira, dia 28, nos complexos da Penha e do Alemão, situados no Rio de Janeiro. Esta intervenção resultou em um trágico balanço de 121 mortes, lamentavelmente incluindo quatro policiais, consolidando-se como a operação policial mais letal já registrada na história do estado fluminense. Os ativistas, por meio da concentração na Praça Deodoro, a partir das 16h, visam sensibilizar a população e as autoridades para a urgência de reavaliar as táticas de segurança pública.
Maranhão Realiza Amplo Protesto Contra Violência Policial Hoje
O encontro em São Luís é uma articulação de forças importantes no cenário de mobilização social local. Entre os principais organizadores, destacam-se a Frente Negra Revolucionária, o Movimento Correnteza Maranhão e a União Popular Maranhão. Essas organizações sociais não apenas questionam a legalidade das ações, mas também levantam a séria acusação de que muitas das vítimas apresentaram indícios que sugerem execuções, um fator que amplifica a indignação e o pedido por justiça por parte da comunidade e dos defensores dos direitos humanos.
Um dos pontos mais alarmantes divulgados pelos movimentos sociais é o modo como muitos corpos foram recuperados após a Operação Contenção. Relatos indicam que ao menos 74 corpos foram encontrados e recolhidos pelos próprios moradores em vielas e áreas de mata ao redor dos bairros impactados, longe do auxílio oficial. Além dos óbitos, a operação causou dezenas de feridos, entre os quais estão indivíduos alheios aos confrontos, como um mototaxista que circulava pela região, uma mulher que frequentava uma academia e uma pessoa em situação de rua, ressaltando o caráter indiscriminado da violência. Conforme destacado na convocatória dos ativistas, “Isso é, na prática, a continuação de uma política de extermínio contra nossa população periférica que vive em clima de guerra”.
A reação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, frente aos resultados da Operação Contenção, foi um alvo central das críticas expressas pelos movimentos maranhenses e diversas outras organizações de direitos humanos. O governador declarou a operação um “sucesso”, uma afirmação veementemente contestada por entidades respeitadas mundialmente. A Anistia Internacional, por exemplo, não hesitou em qualificar a ação como “desastrosa”, reforçando as preocupações sobre a desproporcionalidade e a violação de direitos humanos em contextos de segurança pública. Mais detalhes sobre a posição da Anistia Internacional podem ser encontrados em seus relatórios oficiais sobre violações de direitos em operações policiais no Brasil.
Em um claro sinal de insatisfação e busca por reparação, no dia seguinte à operação, quarta-feira, 29 de outubro, os moradores dos Complexos do Alemão e da Penha também organizaram seu próprio protesto. A manifestação ocorreu em frente ao Palácio Guanabara, a sede do governo estadual carioca, onde os residentes confrontaram o governador Cláudio Castro. Eles não apenas demonstraram sua indignação, mas o acusaram abertamente de ser o mentor de uma “carnificina” durante a intervenção policial, utilizando palavras fortes para expressar a gravidade da situação vivenciada em suas comunidades.
A Operação Contenção, que foi o pivô para a ação de **protesto contra violência policial** no Maranhão e a mobilização no Rio de Janeiro, teve como objetivo inicial cumprir cem mandados de prisão. Entretanto, somente 20 dessas ordens judiciais foram executadas de forma direta, revelando uma desproporção entre o objetivo e o desfecho. Preocupantemente, ao menos 15 pessoas que figuravam como alvos desses mandados acabaram sendo mortas durante o desenrolar da operação, em vez de serem detidas, o que levanta questionamentos severos sobre a prioridade e as diretrizes de abordagem da força policial. Um dos alvos de maior relevância da Operação Contenção, Edgar Alves de Andrade, conhecido pelo apelido “Doca”, permaneceu foragido. Ele é amplamente reconhecido como a principal liderança do grupo Comando Vermelho que ainda se encontra em liberdade, fora do sistema prisional, representando um desfecho significativo em termos de busca e captura de criminosos.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Ainda segundo informações divulgadas pelo secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, apesar dos desafios e das polêmicas que cercaram a operação, um total de 113 prisões foram efetuadas. Curi especificou que as detenções restantes foram realizadas em flagrante delito. Um aspecto importante a ser destacado é que, conforme os trâmites legais, todas essas prisões foram confirmadas e mantidas após as respectivas audiências de custódia, um rito processual que busca garantir a legalidade e a conformidade da privação de liberdade.
No que tange às vítimas fatais da Operação Contenção, o Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro avançou na identificação dos corpos. Até o momento, cem das 121 pessoas mortas foram formalmente identificadas pela instituição. Todos os cadáveres passaram pela necropsia, um exame forense minucioso e indispensável que detalha as causas e circunstâncias de cada morte. No entanto, os laudos completos dessas perícias, essenciais para determinar os fatos e fornecer elementos para investigações futuras, têm um prazo de divulgação estimado entre 10 e 15 dias úteis, adicionando um período de espera para as famílias e para a compreensão pública dos eventos.
Para os familiares, o período subsequente à operação tem sido de grande angústia e expectativa. Dos 117 civis que perderam a vida, 89 já tiveram seus corpos liberados pelo IML, possibilitando os procedimentos funerários. Contudo, familiares que estavam aguardando as liberações em 30 de outubro expressaram frustração com a morosidade do processo de perícia, fundamental para a correta identificação, e com a falta de informações claras por parte das autoridades competentes, agravando o sofrimento em um momento de profunda dor.
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O **protesto contra violência policial Maranhão** reforça a necessidade de um debate nacional sobre os limites das operações de segurança e a garantia dos direitos humanos. Este e outros acontecimentos similares continuarão a ser acompanhados de perto por nossa editoria, que busca trazer as informações mais relevantes e as análises aprofundadas sobre os temas que impactam a sociedade. Continue conosco em nosso blog para se manter informado sobre as pautas políticas e sociais do Brasil.
Tomaz Silva/Agência Brasil


