O governo de Taiwan recusa modelo chinês de ‘um país, dois sistemas’ e se mantém firme na determinação de salvaguardar a própria liberdade e democracia. A declaração foi feita pelo presidente taiwanês, Lai Ching-te, em um pronunciamento nesta sexta-feira (XX), rejeitando categoricamente a mais recente pressão de Pequim para colocar a ilha sob seu domínio. Essa postura de rechaço se fortalece após a China intensificar seu discurso, não descartando o uso da força militar contra Taiwan.
Recentemente, a República Popular da China divulgou uma nota mais veemente, indicando que “definitivamente não” exclui a via bélica em relação a Taiwan. Este posicionamento contrasta com as comunicações anteriores da mídia estatal chinesa, que haviam prometido uma gestão mais branda e autônoma caso Taiwan aceitasse o formato “um país, dois sistemas”, aplicado com certas concessões de liberdade em Hong Kong e Macau. Contudo, essa proposta tem sido consistentemente rejeitada pelas autoridades taiwanesas.
Taiwan Recusa Modelo ‘Um País, Dois Sistemas’ da China
O presidente Lai Ching-te, que Pequim classifica como um “separatista”, utilizou a oportunidade de uma visita a uma instalação militar em Hukou, no norte de Taiwan, para transmitir uma mensagem clara às tropas. Ele enfatizou aos soldados que a verdadeira paz só pode ser garantida através da força defensiva, argumentando que a aceitação das exigências de um agressor ou a renúncia da soberania nacional não conduziriam à paz duradoura. Para Lai, a manutenção da dignidade e da determinação é primordial para Taiwan, que deve resistir à anexação, agressões e qualquer esforço de unificação imposta, reafirmando que o país defenderá integralmente seu sistema constitucional livre e democrático, incompatível com o modelo oferecido por Pequim. Para compreender melhor os pilares deste conceito, pode-se consultar este artigo que detalha o conceito de ‘um país, dois sistemas’.
Apesar da retórica de Pequim, nenhum dos partidos políticos relevantes em Taiwan manifesta apoio à proposta de “um país, dois sistemas”. O Escritório de Assuntos de Taiwan da China não se manifestou imediatamente sobre os recentes comentários do presidente Lai, que consolidam a posição já conhecida de Taipei. Lai reiterou de forma veemente que a República da China, denominação oficial de Taiwan, e a República Popular da China, “não se subordinam uma à outra”, demarcando a soberania inquestionável da ilha. O futuro de Taiwan, sublinhou o líder, deve ser uma prerrogativa exclusiva de seu próprio povo, e não de qualquer outra nação.
Além disso, o presidente taiwanês argumentou que os esforços para defender a soberania do país e preservar o modo de vida democrático e livre da população não podem ser interpretados como atos de provocação. Pelo contrário, investir na capacidade de defesa nacional é, na visão de Lai, um investimento estratégico na própria paz e estabilidade da região. Com essa visão em mente, o chefe de estado assumiu o compromisso de ampliar significativamente os investimentos militares do país, planejando que os gastos com defesa alcancem 5% do Produto Interno Bruto (PIB) até o ano de 2030, como resposta direta à crescente pressão e ameaça advinda da China.
A visita de Lai à base militar de Hukou foi marcada pela solenidade da incorporação do primeiro batalhão de tanques M1A2T Abrams de Taiwan. Esses veículos de combate, fabricados pela General Dynamics Land Systems, uma unidade da empresa americana General Dynamics, representam um fortalecimento substancial da capacidade bélica da ilha. Taiwan já recebeu 80 dos 108 tanques que foram encomendados junto aos Estados Unidos, que se destacam como o principal aliado internacional e fornecedor de armamentos para Taiwan, apesar da ausência de laços diplomáticos formais entre as nações.
Os tanques M1A2T Abrams são reconhecidos por sua versatilidade e poder de fogo, capazes de disparar projéteis antitanque de alto poder explosivo, além de munições de energia cinética, como os eficazes perfurantes estabilizados por aletas. Essa capacidade adiciona uma camada significativa de dissuasão às forças de defesa taiwanesas. A legislação norte-americana obriga os EUA a fornecerem os meios necessários para que Taiwan consiga se defender de possíveis ameaças, sublinhando o compromisso de Washington com a segurança da ilha.
Entretanto, de acordo com o artigo, o presidente americano Donald Trump não autorizou novas vendas de armamentos para Taiwan desde que assumiu o cargo no início deste ano. Este detalhe contextualiza as relações complexas e as dinâmicas políticas que afetam a região. Em paralelo a esses desenvolvimentos, um encontro diplomático de alto nível ocorreu em Kuala Lumpur nesta sexta-feira, envolvendo o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, e o ministro da Defesa da China, Dong Jun. Durante a reunião, Hegseth expressou as profundas preocupações dos Estados Unidos em relação às ações chinesas tanto nas proximidades de Taiwan quanto no estratégico e contestado Mar do Sul da China, enfatizando a importância da estabilidade e do respeito às normas internacionais na região.
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Em suma, Taiwan mantém-se irredutível em sua oposição ao modelo “um país, dois sistemas” imposto pela China, sob a liderança do presidente Lai Ching-te, que reforça o compromisso com a democracia, a liberdade e a defesa soberana. A determinação em fortalecer as capacidades militares, aliada ao suporte, ainda que complexo, dos Estados Unidos, desenha um cenário de vigilância e resiliência frente às crescentes pressões de Pequim. Para continuar acompanhando as análises sobre política internacional e seus desdobramentos, convidamos você a explorar outras matérias em nossa seção de Política.
Crédito da imagem: Valor Econômico


 
						