Cade aprova subscrição de ações da Cosan por BTG e Perfin

Economia

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, conforme anunciado pela Cosan nesta quinta-feira (30), a subscrição de ações da companhia por veículos de investimentos ligados à família de Rubens Ometto, ao BTG Pactual e à gestora Perfin. Esta deliberação da autarquia, essencial para a transparência do mercado, ecoa os princípios encontrados nas orientações sobre ofertas públicas divulgadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A decisão do Cade valida a potencial aquisição de papéis – um procedimento pelo qual uma empresa emite novos títulos acionários para angariar capital – pelos fundos Perfin Rally Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia Responsabilidade Limitada, Classe Única BTG Pactual Infraestrutura III Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, e Classe Única Fundo de Investimento em Participações BPAC3 Multiestratégia Responsabilidade Limitada. Esta diversidade de participantes sublinha a envergadura e a complexidade do arranjo financeiro que movimenta bilhões de reais no mercado de capitais brasileiro.

Cade aprova subscrição de ações da Cosan por BTG e Perfin

A concretização da **Cade aprova subscrição de ações da Cosan por BTG e Perfin** ainda está condicionada a fases subsequentes, refletindo a cautela e a conformidade regulatória necessárias em grandes transações de mercado. Especificamente, a decisão formal aguarda o cumprimento de um prazo legal de 15 dias para sua finalização, como estipulado pela legislação vigente que rege o funcionamento do Cade. Além disso, a efetiva subscrição de ações também depende da conclusão bem-sucedida e da alocação correspondente na primeira oferta pública em curso da companhia, indicando uma orquestração detalhada de eventos no cronograma financeiro.

A raiz desta complexa operação remonta a setembro, quando a Cosan formalizou um acordo de investimento com diferentes veículos. Entre eles, destacam-se aqueles atrelados ao BTG Pactual e à gestora Perfin Infra, além dos seus próprios controladores. Os controladores da Cosan, representados pela Aguassanta Investimentos S.A. e pela Queluz Holding, que são os braços de investimento da família de Rubens Ometto, atual presidente do conselho da companhia, foram partes essenciais neste pacto. O objetivo primordial deste acordo foi a estruturação de duas ofertas públicas primárias de ações, concebidas para fortalecer a estrutura de capital da empresa.

A primeira oferta pública, que atualmente se encontra em processo ativo de mercado, está sendo organizada pela própria Cosan. Esta fase prevê a distribuição primária de um total de 1,45 bilhão de ações ordinárias no mercado. Contudo, essa quantia pode ser incrementada em até 25%, correspondendo a um potencial lote adicional de 362,5 milhões de ações, após o encerramento do processo de bookbuilding – mecanismo utilizado para definir o preço final e a alocação dos papéis com base na demanda dos investidores. Os investidores-âncora envolvidos nesta etapa firmaram o compromisso de subscrever integralmente esta oferta, o que confere estabilidade e previsibilidade à operação. O aporte financeiro total prometido atinge a cifra de R$ 7,25 bilhões, considerando um preço estabelecido de R$ 5,00 por ação.

Em relação à segunda oferta pública, a qual garante um direito de prioridade aos acionistas da Cosan que possuíam posição na empresa até o dia 19 de setembro, a expectativa é que possa ser realizada a emissão de até 550 milhões de ações adicionais. O valor unitário por ação para esta segunda rodada permanecerá o mesmo da primeira oferta, ou seja, R$ 5,00, mantendo a coerência na precificação dos ativos. A administração da Cosan fez questão de esclarecer que, sob nenhuma circunstância, as duas ofertas públicas somadas resultarão na emissão de um número superior a 2 bilhões de ações ordinárias. Para assegurar esse limite máximo de capitalização, o volume de ações a serem emitidas na segunda oferta pública poderá ser ajustado para que o teto de 2 bilhões não seja ultrapassado.

Diante desse panorama, o valor máximo potencial de aporte nesta capitalização pode alcançar a expressiva soma de R$ 10 bilhões, sempre mantendo o preço de R$ 5,00 por ação como referência para os novos títulos emitidos. Uma fonte ligada à companhia, em entrevista concedida ao Valor, informou que a segunda emissão terá como finalidade primordial complementar os R$ 10 bilhões previstos no plano de capitalização, caso a primeira rodada não arrecade completamente R$ 1,8 bilhão do total estimado. A destinação dos recursos captados é estratégica e focada: eles serão utilizados exclusivamente para renegociar e quitar dívidas financeiras da empresa, visando primordialmente à redução da sua alavancagem operacional e à melhoria de seu perfil financeiro.

Cade aprova subscrição de ações da Cosan por BTG e Perfin - Imagem do artigo original

Imagem: valor.globo.com

O aporte financeiro por parte dos investidores-âncora – compreendendo os veículos de investimento do BTG Pactual, da Perfin e dos próprios controladores da Cosan – será conduzido através de uma nova holding que será constituída para esse fim. Neste arranjo societário, as Holdings Aguassanta também terão uma participação societária, a qual se manterá até a data da liquidação da primeira oferta pública, demonstrando o alinhamento de interesses entre os envolvidos. Estes investidores, respeitando certas condições precedentes acordadas contratualmente, deverão efetuar os aportes na nova holding até a data da liquidação da primeira oferta, em valores equivalentes aos respectivos compromissos de investimento formalizados, garantindo a solidez da operação.

Uma das consequências mais significativas desta reestruturação e da injeção de R$ 10 bilhões na holding da Cosan é a diluição substancial da participação de Rubens Ometto no capital social. Sua fatia, que atualmente é de 36,2%, será reduzida para 22,5% após a conclusão das operações. Os sócios do BTG, agrupados em uma partnership (associação de sócios), emergirão como os detentores da maior participação na holding, com 24,6%, enquanto a Perfin deterá 10,9%. Entretanto, é importante salientar que uma porção das ações detidas pelo BTG Pactual será classificada como preferencial. Estas ações, por sua natureza, não conferem direito a voto e, consequentemente, não poderão integrar um acordo de acionistas para formação de bloco de controle. Esse detalhe estratégico permite que Rubens Ometto possa, de fato, manter 50,01% do novo bloco de controle que será formalizado entre os acionistas, apesar da aparente redução de sua participação percentual total na empresa.

Em síntese, a aprovação do Cade e a subsequente concretização das ofertas de ações representam um momento de reorganização e fortalecimento financeiro para a Cosan, realinhando as participações societárias de seus principais investidores e endereçando suas dívidas com uma robusta captação de recursos. Para se aprofundar nas notícias do mercado financeiro e nas análises de empresas, convidamos você a explorar mais conteúdo em nossa editoria de Economia.

Foto: LinkedIn/@mw-arq/Victor Mincov

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