PM Reforça Complexos no Rio sem Ocupação Permanente

Últimas Notícias

Na sequência de uma abrangente operação policial no Rio de Janeiro, o governo do estado adotou uma estratégia de patrulhamento reforçado ao redor dos Complexos da Penha e do Alemão, situados na Zona Norte, porém, sem a ocupação permanente das localidades. Apesar da intensa movimentação das forças de segurança, que culminou em números expressivos de prisões e óbitos, a visibilidade de grupos criminosos e de indivíduos portando armamento pesado no interior das comunidades, incluindo fuzis e pistolas, acende um alerta sobre a persistência do controle territorial por facções. Esta abordagem cautelosa marca um distanciamento das antigas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), buscando uma nova diretriz de segurança pública. O titular da Secretaria de Polícia Militar, Coronel Marcelo Menezes, confirmou o PM Reforça Complexos no Rio sem Ocupação Permanente.

A megaoperação, realizada dois dias antes das declarações oficiais, resultou na prisão de mais de cem pessoas e lamentavelmente na morte de 121 indivíduos. No entanto, nesta quinta-feira, dia 30, observou-se que as principais vias do Complexo da Penha e do Alemão não estavam sob controle ostensivo de agentes. Em contrapartida, conforme anunciado pelo Coronel Menezes, o efetivo empregado no patrulhamento das rotas de acesso e no perímetro desses complexos foi ampliado em aproximadamente 40%. Essa medida visa conter o avanço do crime sem a fixação prolongada de forças estatais em pontos específicos dentro das comunidades, alterando a dinâmica de segurança no Rio.

PM Reforça Complexos no Rio sem Ocupação Permanente

A despeito da retração da presença ostensiva das forças de segurança no miolo das favelas da Zona Norte carioca, a influência do Comando Vermelho (CV) na gestão do território continuou manifesta. Na quarta-feira, 29, uma equipe do Jornal Nacional registrou flagrantes preocupantes. As imagens exibiram um homem carregando um fuzil e outro portando uma pistola na região da Serra da Misericórdia, local de intensa repercussão devido à remoção de corpos de vítimas de confrontos anteriores, efetuada pelos próprios moradores. A repórter Bette Lucchese, in loco, constatou a ausência de efetivo policial nas vielas e ruas internas da Penha, sugerindo um vácuo de poder momentâneo após a saída das tropas de elite e levantando questionamentos sobre a eficácia do reforço policial na área central.

Os últimos contingentes a desmobilizarem-se do Complexo da Penha foram os agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Eles haviam sido cruciais para cercar e encurralar traficantes na densa mata da Misericórdia, formando uma barreira tática para impedir sua fuga. A retirada definitiva desse grupo de operações especiais ocorreu durante a madrugada da quarta-feira, consolidando o cenário de não ocupação permanente que se instaurou. Tal desmobilização intensificou as discussões sobre as diretrizes adotadas pelo comando da segurança fluminense para o enfrentamento da criminalidade e o reforço da PM em complexos de alto risco.

A manhã da quinta-feira, 30, apresentou um cenário de ruas visivelmente esvaziadas no Complexo da Penha. Apesar de não se registrarem novos confrontos desde o término da megaoperação, na madrugada da quarta-feira (29), um clima de apreensão ainda era notório entre os moradores. A memória recente dos conflitos e a imagem de dezenas de corpos dispostos na Praça São Lucas, um episódio que chocaria o Rio de Janeiro, perduravam. Marcas de sangue permaneciam no local, embora as vestimentas e lonas que haviam sido utilizadas para cobrir os falecidos já tivessem sido removidas. Essa paisagem pós-conflito demonstrava a gravidade dos eventos passados e a lenta recuperação da rotina nas comunidades.

Estratégia do Governo: Sem UPPs e com Retomada de Território

As lideranças estaduais do Rio de Janeiro se manifestaram de forma clara e assertiva sobre a estratégia a ser implementada na segurança pública. O governador Cláudio Castro, ao lado do secretário de Segurança Pública, Victor Santos, reiterou que o Estado não recorrerá a ocupações de modelo semelhante às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), sistema que já gerou controvérsias no passado. “Isso aqui não é UPP 2”, afirmou Castro, ressaltando o foco na resolução dos problemas do Rio, dissociando a agenda de interesses políticos ou eleitorais. A intenção é combater o crime organizado de maneira eficaz, sem a reedição de modelos que, em avaliações anteriores, demonstraram não ser sustentáveis a longo prazo para o reforço da segurança nos complexos.

O secretário Victor Santos detalhou a inviabilidade de um projeto de ocupação em larga escala, justificando que “Ocupação já não funcionou no passado e não vai funcionar porque as forças de segurança não têm efetivo para ocupar 1,8 mil comunidades, 800 só na capital”. Este argumento destaca a limitação de recursos humanos e logísticos para uma presença policial perene em tamanha quantidade de territórios complexos, inviabilizando a ocupação massiva. Assim, o plano estratégico se volta para o cumprimento da diretriz estabelecida pela Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, a qual visa à “retomada de territórios” antes sob o domínio de facções criminosas.

PM Reforça Complexos no Rio sem Ocupação Permanente - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

A fase inicial dessa nova política de segurança pública, focada na retomada de territórios, será concentrada na região de Jacarepaguá e suas adjacências. Esta escolha se deve à significativa presença do Comando Vermelho, milícias e da facção Terceiro Comando Puro (TCP) na área, conforme detalhado pelo secretário Victor Santos. A intervenção em localidades como Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Itanhangá e Recreio ganha contornos de prioridade estratégica no esforço do reforço da PM nos complexos do Rio. Estimativas apontam que essa macro-região abriga uma população de 1,2 milhão de pessoas, indicando a amplitude e o impacto esperado das ações coordenadas de segurança. Mais informações sobre as decisões do STF em segurança pública podem ser encontradas em análises jornalísticas como esta do G1: O que é a ADPF 635 e por que ela é considerada um marco.

Em suma, a postura do governo fluminense frente aos complexos da Zona Norte reflete uma recalibragem estratégica na segurança pública, buscando equilibrar a atuação repressiva com a sustentabilidade das ações. O reforço policial nas cercanias e a recusa em manter ocupações permanentes são os pilares de uma tática que busca a “retomada de territórios” por meio de incursões pontuais, evitando a ineficácia observada em modelos passados. A visibilidade de indivíduos armados após a megaoperação reforça a complexidade do desafio imposto pelo crime organizado.

Confira também: Imoveis em Rio das Ostras

Para aprofundar-se em questões urbanas e desafios da gestão municipal e estadual, acompanhe as atualizações da nossa editoria de Cidades, onde analisamos os principais temas que afetam o cotidiano da população, incluindo políticas de segurança e desenvolvimento urbano.

Crédito da imagem: Ricardo Moraes/Reuters

Deixe um comentário