O Fórum Brasileiro de Segurança Pública reprovou com veemência uma megaoperação policial deflagrada pelas polícias Civil e Militar nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. A ação resultou em um saldo trágico de mais de 120 vidas perdidas, entre elas quatro policiais. Além das fatalidades, a operação apreendeu 118 armas, predominantemente fuzis, e 14 artefatos bélicos. A manifestação da entidade, uma Organização Não Governamental (ONG) dedicada à temática da segurança pública no Brasil, foi tornada pública por meio de uma nota divulgada na última quarta-feira, dia 29 de outubro de 2025.
O Fórum esclareceu, em seu documento, que é composto por um grupo diversificado e experiente de profissionais, incluindo mais de 230 policiais, pesquisadores e representantes de diversas organizações da sociedade civil. A entidade frisou que sua posição crítica não se alinha a uma oposição generalizada às instituições policiais. Pelo contrário, sua intervenção é pautada pela defesa transparente de que a segurança pública é um direito social universal e, concomitantemente, uma condição essencial para o pleno exercício da cidadania por todos os indivíduos.
Fórum Brasileiro condena operação policial no Rio
O Fórum pontuou que, sem uma coordenação federativa robusta e investimentos maciços em ferramentas de interconexão entre a investigação criminal e a inteligência financeira de órgãos estratégicos como o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) e a Receita Federal, em conjunto com as forças policiais federais e estaduais, os resultados de operações de grande porte como a dos Complexos do Alemão e da Penha tendem a ser efêmeros. O comunicado alertou que as perdas humanas, incluindo muitas das vítimas que eram crianças em 2010 durante a última grande operação no Complexo do Alemão, serão rapidamente repostas pelas organizações criminosas. Essa falha estrutural implica que o crime organizado não será impactado de forma significativa a longo prazo pela operação em questão.
Paralelamente à megaoperação, foi noticiado o anúncio de medidas para o combate ao crime organizado no estado. Informações indicaram que representantes do poder público, como os citados Lewandowski e Castro, estavam engajados na estruturação de um “escritório emergencial” com o intuito de combater o fenômeno da criminalidade no Rio de Janeiro, sinalizando o reconhecimento da gravidade da situação.
Para a entidade, a facção criminosa Comando Vermelho representa, inegavelmente, uma das maiores ameaças ao Estado de Direito no país e precisa ser confrontada. Contudo, o Fórum fez duras críticas à maneira pela qual a operação nos complexos foi conduzida. A análise da instituição sugeriu que a ação teria sido orquestrada pelo governo do Rio de Janeiro mais por uma motivação política – a de setores que promovem a letalidade como um padrão na atuação policial – do que por critérios de racionalidade técnica e um planejamento estratégico e operacional adequado, essenciais em missões de tamanha complexidade.
A preocupação da ONG também se estendeu à conduta pós-operacional, especialmente em relação à forma de manejo dos corpos. O documento ressaltou que dezenas de corpos foram encontrados abandonados na mata próxima aos Complexos de Favelas, sem a observância de quaisquer protocolos para o isolamento e a preservação da cena de crime. O Fórum argumentou que essa omissão evidencia a desconsideração de regras básicas estabelecidas pela legislação processual penal. A crítica central da entidade não residiu em aspectos ideológicos, mas sim na negligência da aplicação e observância da lei.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
A matéria original foi editada por Aécio Amado e o foco era a operação que envolvia as questões relativas ao Comando Vermelho, ao Governo do Rio de Janeiro, ao governador Claudio Castro, e à situação dos complexos do Alemão e da Penha.
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A condenação do Fórum Brasileiro de Segurança Pública à megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão reitera a urgência de um debate qualificado sobre as estratégias de combate ao crime e a defesa dos direitos humanos. As críticas sobre a falta de planejamento, a efetividade e o desrespeito a normas legais levantam questionamentos fundamentais sobre as ações do Estado. Para entender melhor os desdobramentos de políticas de segurança em grandes centros urbanos, convidamos você a explorar outras análises em nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil



