Lucro da Meta cai US$ 16 bi no 3T por encargo fiscal

Economia

O lucro da Meta, empresa-mãe de plataformas digitais como Facebook e Instagram, registrou uma queda significativa no terceiro trimestre, principalmente devido a um encargo extraordinário de quase US$ 16 bilhões. Esta despesa, relacionada à proposta de lei “Big Beautiful Bill” do presidente dos EUA, Donald Trump, gerou um impacto considerável nos resultados financeiros da companhia e levou suas ações a uma forte desvalorização no mercado.

Após o encerramento do pregão, as ações da gigante da tecnologia caíram mais de 7%. A empresa informou que, caso essa despesa fiscal específica não fosse contabilizada, seu lucro líquido no terceiro trimestre teria aumentado em US$ 15,93 bilhões, atingindo US$ 18,64 bilhões. Em contraste, o lucro líquido reportado pela Meta foi de US$ 2,71 bilhões, demonstrando o peso do encargo sobre a performance do período.

Lucro da Meta cai US$ 16 bi no 3T por encargo fiscal

Adicionalmente, a companhia divulgou uma projeção revisada para seus investimentos de capital, indicando um aumento expressivo para o próximo ano. A expectativa agora é de que os investimentos fiquem entre US$ 70 bilhões e US$ 72 bilhões, superando a previsão anterior que variava de US$ 66 bilhões a US$ 72 bilhões. Este ajuste reflete as ambiciosas iniciativas da Meta, especialmente em setores de alto crescimento.

Expansão e Estratégias Digitais da Meta

A Meta segue capitalizando sua vasta base de usuários em diversas plataformas globais. Sua robusta plataforma de anúncios, otimizada por inteligência artificial, continua a ser um pilar central para o desempenho da receita. Ferramentas impulsionadas por IA capacitam anunciantes a automatizar campanhas, aprimorar a qualidade de vídeos promocionais, realizar traduções eficientes e criar imagens customizadas para segmentos específicos de clientes, aumentando a efetividade das estratégias de marketing digital.

Em um movimento para diversificar e expandir suas fontes de receita publicitária, a empresa introduziu anúncios em seu aplicativo de mensagens, WhatsApp, e na sua nova rede social, Threads. Estas ações colocam a Meta em concorrência direta com outras grandes plataformas, como o X (anteriormente Twitter), de Elon Musk. Além disso, o recurso Reels do Instagram segue disputando ativamente uma fatia significativa do mercado de vídeos curtos com o TikTok, da ByteDance, e o YouTube Shorts, demonstrando a adaptabilidade e o dinamismo da Meta no cenário digital.

O Investimento Massivo em Inteligência Artificial

Um dos pilares da estratégia de longo prazo da Meta é o investimento pesado em inteligência artificial. A companhia está focada em atingir a superinteligência, um conceito onde máquinas seriam capazes de superar o raciocínio humano. Para intensificar esses esforços, a Meta reorganizou suas operações de IA em junho, consolidando-as na unidade “Superintelligence Labs”. Essa mudança estratégica ocorreu após a saída de funcionários-chave e uma recepção insatisfatória do seu modelo anterior, Llama 4.

O CEO Mark Zuckerberg assumiu um papel proeminente nesse impulso pela IA, liderando pessoalmente uma campanha agressiva de contratação de talentos. Ele reiterou o compromisso da empresa de investir centenas de bilhões de dólares na construção de múltiplos e complexos centros de dados dedicados à inteligência artificial, que serão cruciais para o desenvolvimento da superinteligência. Nesse contexto, a Meta se posiciona como uma das principais compradoras dos cobiçados chips de IA produzidos pela Nvidia, destacando sua dependência de tecnologias de ponta.

Para impulsionar a infraestrutura necessária, a Meta concluiu, na semana anterior, um acordo de financiamento de US$ 27 bilhões com a Blue Owl Capital. Este representa o maior acordo de capital privado na história da empresa e visa financiar um ambicioso projeto de centro de dados conhecido como Hyperion, localizado em Richland Parish, Louisiana. Apesar desses investimentos expressivos, a Meta também anunciou recentemente que cortará cerca de 600 postos de trabalho em sua unidade de IA, com o objetivo de otimizar processos de decisão e aprimorar a responsabilidade, o escopo e o impacto de cada função restante. Esses movimentos contrastam investimentos agressivos com medidas de otimização de custos e eficiência.

Perspectivas Econômicas e Temores da Bolha de IA

Embora os investimentos audaciosos da Meta em inteligência artificial prometam benefícios a longo prazo e crescimento da receita, eles também geram pressões significativas sobre os custos da companhia no presente. Este cenário se alinha a uma tendência mais ampla no setor de tecnologia.

De acordo com estimativas do Morgan Stanley, grandes empresas como Alphabet, Amazon.com, Meta, Microsoft e CoreWeave estão projetadas para investir coletivamente US$ 400 bilhões em infraestrutura de IA somente neste ano. Tais investimentos substanciais, que ocorrem em meio a um clima de incerteza econômica global, alimentaram discussões sobre uma possível “bolha da IA”. Esta conjuntura aumenta a pressão sobre os CEOs para que apresentem resultados tangíveis, à medida que a falta de retorno mensurável pode potencialmente levar a perdas financeiras, demissões e alterações substanciais nos conselhos administrativos das corporações.

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Crédito da imagem: Reuters

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