A queda em Wall Street reverberou nos mercados globais nesta quarta-feira, uma reação direta às recentes declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed). Durante coletiva de imprensa, Powell indicou que o banco central americano poderá não realizar novas reduções nas taxas de juros no decorrer do ano de 2025, um anúncio que frustrou grande parte das expectativas dos investidores e desencadeou uma rápida reavaliação de riscos nos principais índices acionários dos Estados Unidos.
Logo após a fala de Powell, as ações americanas viram seus ganhos iniciais serem varridos, mergulhando em território negativo. O emblemático Dow Jones Industrial Average registrou um declínio de 189 pontos, o que equivale a uma perda de 0,4%. O índice Nasdaq Composite também sentiu o impacto, recuando 0,1%, e o S&P 500, amplamente considerado um termômetro do mercado, sofreu uma queda de 0,4%. Curiosamente, no início do dia de negociações, todos esses três importantes indicadores de Wall Street haviam atingido novos recordes históricos intradiários, sublinhando a natureza volátil e sensível do mercado a comunicações de política monetária.
Queda em Wall Street após Powell Sinalizar Juros Estáveis
A reunião de dois dias do comitê de política monetária do Federal Reserve culminou na decisão de cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. Com essa medida, a taxa se estabelece em uma faixa entre 3,75% e 4%. Essa foi a segunda vez que o banco central americano procedeu a um corte de juros no ano de 2025, o que antes da declaração de Powell era interpretado como um indicativo de uma trajetória contínua de flexibilização monetária para estimular a economia.
As expectativas do mercado foram surpreendidas quando, em sua conferência pós-Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto), Powell explicitou que havia “visões muito divergentes” sobre o caminho a ser seguido em dezembro entre os membros do comitê. Tradicionalmente, investidores precificam futuros movimentos do Fed com base em dados econômicos e discursos prévios, e havia uma forte convicção de que um corte adicional de 0,25 ponto percentual em dezembro seria quase certo. Contudo, Powell foi enfático ao afirmar que uma nova redução da taxa básica de juros naquela reunião “não é uma conclusão inevitável. Longe disso.” Essa retórica reforçou a percepção de uma postura mais cautelosa e “data-dependent” do Fed, dissipando as certezas e aumentando a incerteza para o final do ano.
Gigantes da Tecnologia em Destaque
Além das deliberações sobre a taxa de juros do Fed, outro fator de peso para o mercado é o desempenho das principais empresas de tecnologia, conhecidas como as “Magnificent Seven”. Há uma forte expectativa de que essas gigantes, que incluem Alphabet, Meta Platforms, Microsoft, Apple e Amazon, continuem a despejar capital significativo na construção de infraestruturas como data centers, essenciais para o avanço da inteligência artificial e serviços em nuvem. Qualquer decepção nos resultados trimestrais dessas empresas pode prejudicar o mercado de maneira generalizada. A divulgação de lucros é um evento chave nesta semana, com Alphabet, Meta Platforms e Microsoft reportando após o fechamento do mercado de quarta-feira, e Apple e Amazon apresentando seus balanços na quinta.
A Nvidia, um dos pilares da revolução da inteligência artificial, demonstrou resiliência, com suas ações subindo aproximadamente 3% durante a sessão. Um marco histórico foi alcançado quando a capitalização de mercado da empresa superou os US$ 5 trilhões no pregão, sendo a primeira vez que uma companhia americana atinge tal patamar. Esse desempenho notável coloca a Nvidia a caminho de uma sequência de cinco dias consecutivos de alta, reafirmando seu domínio e o otimismo dos investidores em seu potencial de crescimento. No embalo, outras grandes fabricantes de chips, como Broadcom e AMD, registraram valorizações de mais de 1%, enquanto a Micron observou um salto superior a 3% em suas ações.

Imagem: infomoney.com.br
Keith Buchanan, gestor sênior de portfólio da Globalt Investments, capturou o espírito do momento ao declarar: “Entramos na próxima fase da história da IA. Não se trata mais de focar apenas nos lucros. Agora, estamos de olho na aceleração do crescimento que está sendo prevista para essas empresas.” A ascensão da Nvidia é impulsionada, em parte, por uma série de acordos recentes, incluindo o anúncio da aquisição de uma participação de US$ 1 bilhão na empresa finlandesa de redes Nokia. Tais parcerias, segundo Buchanan, “esclarecem o potencial de crescimento dos lucros” e validam a aposta estratégica no futuro da inteligência artificial. Para uma compreensão aprofundada da atuação de bancos centrais, um recurso valioso pode ser encontrado ao entender melhor a política monetária que impacta o cenário econômico global.
Cenário Geopolítico e Comercial
Paralelamente às dinâmicas internas do mercado americano, a atenção dos investidores também se volta para os desenvolvimentos geopolíticos internacionais. Um ponto de interesse particular é o encontro esperado entre o presidente americano Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping, programado para ocorrer na Coreia do Sul. Embora os recentes avanços do fim de semana tenham sugerido uma diminuição nas tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, o desfecho desse encontro é crucial e pode moldar o ambiente de negócios global. O presidente Trump, por sua vez, indicou que espera negociar uma redução das tarifas relacionadas ao fentanil, atualmente fixadas em 20% sobre produtos chineses, sinalizando um potencial abrandamento nas medidas punitivas impostas anteriormente.
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Em suma, a movimentação de Wall Street nesta quarta-feira foi um reflexo direto da incerteza gerada pela postura do Federal Reserve em relação às taxas de juros, que contrapôs as expectativas do mercado. Enquanto o cenário macroeconômico global se mantém volátil com fatores como a guerra comercial e a ascensão da inteligência artificial, a atenção continua voltada para os próximos passos da política monetária e os balanços das grandes corporações. Para mais análises aprofundadas sobre o panorama econômico e as suas implicações, explore nossa editoria de Economia e mantenha-se informado.
(com agências internacionais)

