O Dia Nacional do Livro, celebrado anualmente em 29 de outubro, representa uma ocasião crucial para reafirmar a importância do incentivo à leitura na infância, como destaca Marco Lucchesi, presidente da Biblioteca Nacional (BN). Segundo o gestor, o contato com os livros desde os primeiros anos de vida desempenha um papel fundamental na formação de indivíduos mais completos, criativos e, em especial, empáticos.
Lucchesi argumenta que a imersão no universo literário desde cedo molda a percepção infantil, expandindo a capacidade de “ler o mundo” em suas múltiplas facetas. Esse processo, segundo ele, proporciona descobertas que se complementam, instigando na criança a habilidade de projetar “viagens para outros mundos” e de exercitar a liberdade, a imaginação e a criatividade. De forma notável, o presidente da BN ressalta a relevância da leitura para o fomento da empatia.
Leitura na Infância: BN Destaca Empatia e Desenvolvimento Infantil
A criança que se dedica à leitura começa a discernir outras perspectivas de vida e diferentes organizações mundiais, assim como novas expressões de afeto. Essas experiências, que podem refletir ou contrastar com as vividas em seu ambiente familiar, contribuem para que a criança desenvolva essa vital habilidade de sentir e compreender o que o outro experimenta.
A data de 29 de outubro foi escolhida para o Dia do Livro em homenagem ao aniversário de fundação da Biblioteca Nacional. Com uma história de 215 anos, a BN se consolidou como um baluarte da cultura e da memória nacional, influenciando gerações por meio de sua contínua política de preservação e promoção. Marco Lucchesi salienta que o livro funciona como um veículo de “expansão da sensibilidade da criança, da imaginação, do intelecto e do espírito”, traçando um caminho para a formação de adultos “mais generosos” e “mais fraternos”, para os quais a leitura abre “portas e janelas com muita beleza”.
Estratégias Nacionais para o Fomento à Leitura
Com o propósito de estimular o hábito da leitura, a Fundação Biblioteca Nacional impulsiona o trabalho da Casa da Leitura. Inaugurada em 1993 e localizada na Rua Pereira da Silva, 86, em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, a unidade tem como missão a formação de leitores e a democratização do acesso à literatura. Seu público-alvo prioritário é composto por crianças e jovens. O funcionamento da Casa da Leitura ocorre de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, servindo como um espaço essencial para ampliar “o lugar dessas crianças e adolescentes” na sociedade.
Recentemente, a visão estratégica da BN foi ampliada com a inauguração de uma biblioteca em ambiente hospitalar, sob sua coordenação. O projeto piloto foi implementado no Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), da Universidade Federal Fluminense (UFF). Lucchesi explica que a iniciativa visa a introduzir a biblioterapia, utilizando o livro como ferramenta terapêutica para pacientes, incluindo crianças neurodiversas, acompanhantes e equipes médicas. O objetivo é humanizar esses ambientes hospitalares e “abrandar a espera para todo mundo”, sempre com a curadoria especializada da Biblioteca Nacional.
Para o próximo ano, em fevereiro, a Biblioteca Nacional planeja uma nova ação socioeducativa destinada a levar livros a adolescentes em situação de privação de liberdade. Lucchesi ressalta que “as crianças estão em toda parte” e que o esforço pela leitura não se limita a oferecer acesso aos livros, mas também a “aprender com as pessoas como elas podem ler”, adaptando-se às necessidades e contextos de cada grupo.
A Potencialização Cognitiva e Humanista Através do Livro
Godofredo de Oliveira Neto, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), enfatiza que o livro tem a capacidade de “potencializar a cognição da criança”, guiando-a em direção a um mundo mais humanista. A celebração do Dia Nacional do Livro serve, portanto, para sublinhar a importância do contato infantil com as obras literárias, fundamental para que, futuramente, os indivíduos desenvolvam “uma visão mais crítica e competente das coisas, inclusive da política e da ciência”.
O imortal da ABL destaca que o livro transcende a condição de “capricho”, sendo um material didático e paradidático crucial nas escolas brasileiras. Contrariando algumas expectativas, Oliveira Neto afirma que “o livro em papel não morreu”, demonstrando resiliência ao coexistir com o e-book. Ele cita a experiência da Suécia, que reverteu sua decisão de abolir o livro impresso, constatando que os “livros de conhecimento geral, de história, geografia, matemática, português, ciências humanas e sociais são fundamentais para a sustentação da criança no mundo”.

Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom via agenciabrasil.ebc.com.br
Sobre a literatura de ficção, Oliveira Neto compartilha a satisfação de observar em sala de aula como a criação de universos imaginários pelos autores se harmoniza com as narrativas criadas pelas próprias crianças. Esse mergulho no mundo literário não só fascina, mas também desenvolve o gosto pela leitura, solidificando a crença de que é “algo fundamental para sua constituição no mundo”.
O Poder Transformador da Leitura na Formação
Merval Pereira, presidente da ABL, ecoa a percepção de que o Dia Nacional do Livro é uma ocasião para celebrar o “poder transformador da leitura em nossas vidas”. É um convite ao incentivo ao “amor pelos livros e da valorização da literatura”. Segundo Pereira, a leitura permite às crianças explorar a imaginação e as habilidades, além de reconhecer a importância do diálogo e da inclusão, valores considerados essenciais para a sociedade contemporânea. Ele conclui que, como formadores de opinião, é imperativo “promover e facilitar o acesso aos livros a todos, desde os primeiros anos de vida”, encorajando-os a descobrir os “vários mundos que existem dentro dos livros”.
Hubert Alqueres, vice-presidente da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros) e da Câmara Brasileira do Livro (CBL), complementa que a data de 29 de outubro possui um significado especial para os brasileiros, sendo um momento de celebração para autores, editores, livreiros, professores e, sobretudo, para os leitores. Este ano, a comemoração ganha relevância adicional, pois o Rio de Janeiro foi honrado pela UNESCO com o título de Capital Mundial do Livro, marcando a primeira vez que uma cidade de língua portuguesa recebe essa distinção.
Alqueres detalha os benefícios da leitura para diferentes faixas etárias: nas crianças, ela molda o vocabulário, o raciocínio, a sensibilidade e a criatividade. Nos jovens, “amplia mundos”, oferece “referências culturais” e desenvolve o “senso crítico”. Para adultos, especialmente aqueles que enfrentam dificuldades de saúde, o livro se revela muitas vezes como uma valiosa companhia. Curador do Prêmio Jabuti – a mais tradicional premiação literária do Brasil, criada em 1959 por Edgard Cavalheiro para honrar os maiores destaques literários anualmente –, Alqueres sublinha a importância de debater políticas públicas “cada vez melhores e mais efetivas” no Dia Nacional do Livro, visando à conquista de leitores em todas as idades, do ponto de vista educativo e cultural.
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Em suma, as múltiplas vozes de autoridades e especialistas convergem para destacar que a leitura na infância não é apenas um passatempo, mas um investimento fundamental no desenvolvimento integral da pessoa, construindo pontes para a empatia, a criticidade e um futuro mais humanizado. Para continuar explorando as nuances da formação educacional e cultural, e aprofundar seu conhecimento sobre o universo transformador dos livros, acompanhe nosso blog e outras matérias.
Crédito da imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil



