A determinação de dois bailarinos do interior de São Paulo para participar da prestigiosa seletiva da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, localizada em Joinville (SC), marcou uma emocionante jornada de superação e dedicação. Apesar dos esforços extraordinários e do apoio de suas comunidades, Enzo, de Sarapuí, e Matheus, de Itapetininga, não obtiveram aprovação na fase final do processo seletivo, realizada no último sábado (25).
Os jovens talentos, que empreenderam campanhas pessoais intensas para custear a viagem, haviam avançado na primeira etapa das avaliações. Contudo, a avaliação artística derradeira resultou na exclusão de ambos da lista final de aprovados para a renomada instituição, que busca padrões de excelência específicos na dança clássica.
Bailarinos do Interior SP na Seletiva Bolshoi: Sonho Persiste
A seletiva, um evento de grande expectativa para aspirantes à dança em todo o país, ocorreu na sede da própria Escola Bolshoi, reunindo crianças e adolescentes de diversas regiões do Brasil. As histórias de Enzo, de nove anos, e Matheus, de 11, ressaltaram o grande investimento emocional e financeiro envolvido na busca por uma formação de alto nível na arte do balé.
Enzo: O Sacrifício do Cavalo e a Força do Sonho
Enzo, residente em Sarapuí, chamou a atenção ao tomar a difícil decisão de vender seu cavalo de estimação, Trovão, para ajudar a cobrir os custos da viagem a Joinville. O gesto, somado a rifas e o auxílio de vizinhos e amigos, tornou possível a participação na seletiva. Ao saber do resultado, Enzo expressou sua tristeza, mas rapidamente reiterou sua resiliência: “Fiquei um pouco triste. Mas, nunca vou desistir”, declarou o pequeno bailarino, demonstrando maturidade diante do revés.
Sua mãe, Maria de Fátima Campos da Silva, descreveu a experiência como um aprendizado valioso para toda a família. Ela ressaltou o orgulho que sentiu pelo filho, destacando sua vontade de evoluir mesmo após a notícia. “Estou muito orgulhosa, todo esforço valeu a pena, a rifa, a venda do cavalo… Investimos no Enzo e ele mostrou que queria estar lá”, afirmou. Emocionada, Maria de Fátima revelou o desejo de recomprar Trovão, com seu esposo, Roberto, já buscando um segundo emprego para alcançar esse objetivo. “Vamos comprar de volta se Deus quiser”, concluiu, evidenciando o comprometimento familiar.
A professora de dança de Enzo, Nicolly Santos, avaliou que cada etapa do processo é fundamental para o desenvolvimento dos bailarinos. “Agora sabemos melhor quais são as dificuldades e limitações que precisam ser superadas. Esse resultado não é um fim, e sim um ponto de partida para evoluir”, explicou. Nicolly enfatizou que o aperfeiçoamento depende de elementos como técnica, força, musicalidade, postura e confiança, os quais são conquistados com disciplina e tempo. Ela reafirmou sua crença no potencial do aluno, projetando um futuro de aprimoramento contínuo para Enzo.
Matheus: A Batalha Diária e a Persistência de um Pai
Em Itapetininga, a saga de Matheus também foi marcada por sacrifícios notáveis. Seu pai, Rafael Nunes dos Santos, um vendedor de balas desde 2018, intensificou sua rotina, trabalhando mais de oito horas diárias para levantar os mais de R$ 2 mil necessários para a viagem do filho. O empenho incansável de Rafael tornou possível a realização do sonho de Matheus de vivenciar a seletiva na Escola Bolshoi.

Imagem: g1.globo.com
Após a experiência, Matheus expressou gratidão. “Foi uma experiência maravilhosa. Agradeço todo mundo que me ajudou”, disse o menino, contente com a oportunidade e com seu próprio desempenho. Embora a aprovação não tenha vindo, o pai, Rafael, descreveu o retorno para casa como permeado por emoção e um profundo senso de dever cumprido. “Ano que vem ele está lá de novo, não era para ser agora”, declarou Rafael, acrescentando uma frase inspiradora: “É frustrante, mas a derrota é para os fracos; nós somos batalhadores e fortes”.
Clara da Conceição Oliveira Leite, mãe de Matheus, de 43 anos, recebeu a notícia do resultado via mensagem. Sua reação inicial foi de tristeza e abatimento, mas também de aceitação. “Fiquei triste quando ele avisou que não passou, bem abalada. Mas Deus sabe de todas as coisas. Ele vai continuar e, no ano que vem, vai tentar de novo”, afirmou. A professora de Matheus, Natália Queiroz, ponderou que os rigorosos padrões físicos exigidos pela Escola Bolshoi podem ser um desafio para muitas crianças. “A gente ficou chateado, mas o Bolshoi é difícil mesmo. Agora vamos trabalhar para o ano que vem”, complementou Natália, reforçando a estratégia de focar no preparo para futuras tentativas.
A busca por uma vaga na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, a única unidade fora da Rússia e referência mundial em dança clássica, impõe critérios rigorosos, abrangendo não apenas a técnica, mas também características físicas específicas. A perseverança de Enzo e Matheus e o sacrifício de suas famílias evidenciam o poder do sonho e a determinação em superar obstáculos, inspirando outros jovens a seguirem suas paixões na dança.
Ainda que o resultado imediato não tenha sido o esperado, a experiência na seletiva do Bolshoi serviu como um poderoso catalisador para o crescimento pessoal e técnico de Enzo e Matheus. Eles, suas famílias e professores veem esse momento não como um fim, mas como um estímulo para o aprimoramento contínuo e a concretização de seus objetivos na arte da dança.
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Estas histórias de resiliência e paixão pela dança reforçam o espírito de superação de talentos brasileiros. Para mais relatos inspiradores e a cobertura de eventos que movem nossas cidades, continue acompanhando a editoria de Cidades e outras análises em nosso blog.
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