Ibovespa Hoje: Bolsa perde fôlego após renovar máxima

Economia

TÍTULO: Ibovespa Hoje: Bolsa perde fôlego após renovar máxima
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META DESCRIÇÃO: O Ibovespa hoje perde fôlego após recorde histórico de 147 mil pontos. Saiba os fatores que influenciam o mercado e os destaques da bolsa brasileira nesta segunda-feira.

O Ibovespa hoje registrou um início de dia promissor, atingindo um novo recorde intradiário e se aproximando da marca dos 148 mil pontos, antes de reduzir os ganhos ao longo da sessão e perder parte de sua força inicial. O índice da bolsa brasileira, impulsionado por um cenário externo favorável e a repercussão da reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, chegou à máxima de 147.976,99 pontos, mas depois lutou para se manter acima dos 147 mil pontos, com alta moderada. Paralelamente, o dólar comercial experimentou uma desvalorização, caindo para a faixa de R$ 5,36, enquanto os juros futuros também apresentaram recuo.

A volatilidade no mercado refletiu uma complexa combinação de fatores domésticos e internacionais, que moldaram o comportamento dos investidores. O apetite por risco foi alimentado por expectativas de acordos comerciais e decisões de política monetária global, mas a performance da principal praça acionária do Brasil mostrou que o entusiasmo pode ser transitório frente a detalhes das negociações e a revisões setoriais.

Ibovespa Hoje: Bolsa perde fôlego após renovar máxima

Na ponta de destaque positivo da sessão, as ações da MBRF (MRBF3), que resultou da incorporação da BRF pela Marfrig, tiveram uma valorização significativa, com alta que chegou a 9%. O movimento ocorreu após a subsidiária integral BRF GmbH firmar um contrato de investimento com a Halal Products Development Company (HPDC), ligada ao fundo soberano da Arábia Saudita (PIF), para a criação da Sadia Halal. Analistas interpretam esse desenvolvimento como um desbloqueio de valor e um aumento do valuation para o papel. A transação também contempla um futuro IPO da BRF Arabia a partir de 2027.

Outros setores também registraram momentos de efervescência. As empresas do varejo, por exemplo, iniciaram o dia com ganhos expressivos em MGLU3, CEAB3 e AZZA3. Siderúrgicas apresentaram comportamento misto, enquanto grandes bancos como Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) sustentaram seus ganhos ao longo do pregão. No segmento de pequenas capitalizações, as ações da Ambipar (AMBP3) se destacaram com um avanço robusto, chegando a subir 15,38%, impulsionadas por uma decisão judicial que manteve a recuperação judicial do grupo sob a Justiça do Rio de Janeiro, garantindo a suspensão de dívidas e a continuidade de suas operações essenciais.

Cenário Político e Econômico Nacional

As interações políticas de alto nível desempenharam um papel importante no mercado doméstico. O encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou otimismo, apesar de posições ligeiramente divergentes. Lula expressou confiança na concretização de um acordo comercial entre os dois países, citando a garantia de Trump e destacando o superávit comercial americano com o Brasil. Já Trump, após o encontro na Malásia, admitiu incerteza sobre as perspectivas de um acordo final.

Contudo, a “tropa de choque” brasileira será enviada aos EUA para negociar o “tarifaço”, com a expectativa de uma solução definitiva, conforme declarou o presidente Lula. Especialistas, como Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital, veem o encontro como uma “oportunidade”, mas ressaltam que a materialização dos benefícios dependerá de negociações técnicas bem estruturadas e da capacidade brasileira de transformar a janela diplomática em sinais concretos de previsibilidade econômica. Até o momento, os dois países concordaram com um cronograma para futuras rodadas de negociação, mas um acordo final ainda não foi selado, deixando as tarifas em aberto, inclusive sobre o café.

Em relação à política monetária e dados econômicos, a alta da Selic continuou a reverberar em setores cruciais. A Confederação Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou sua projeção de crescimento para o setor de 2,3% para 1,3% devido à taxa básica de juros elevada, embora o setor ainda projete crescimento e o impacto positivo de novas regras de financiamento imobiliário. Por outro lado, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), apurado pelo FGV IBRE, registrou o segundo mês consecutivo de alta, avançando 1,0 ponto para 88,5 pontos em suas médias móveis trimestrais, sinalizando uma melhora nas expectativas das famílias.

O Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central, trouxe novas projeções. Houve queda nas estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em todos os cenários até 2028, indicando uma expectativa de controle inflacionário. As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) caíram para 2025 e 2026, mas subiram levemente para 2027. Já as projeções para a taxa Selic permaneceram em 15% para este ano, sem mudanças para 2026 e mantendo-se em 10,50% para 2027 e 10% para 2028. Para o câmbio, as previsões do dólar tiveram pequenas quedas para os anos de 2025, 2027 e 2028.

Panorama Internacional e seu Impacto

O otimismo do mercado financeiro também foi sustentado por expectativas globais, especialmente em torno das relações comerciais entre os Estados Unidos e a China. Investidores antecipam um possível acordo para aliviar tensões comerciais, com negociadores delineando a estrutura para suspender tarifas norte-americanas e controles de exportação de terras raras da China, em antecipação a uma reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. Esta perspectiva animou os índices de Wall Street, que renovaram máximas históricas.

Nos EUA, as expectativas em relação ao Federal Reserve também foram um vetor de influência para os mercados globais. A maior parte dos analistas apostava em um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros pelo Fed na quarta-feira, fixando-a entre 3,75% e 4,00%, em um cenário de busca por estabilidade econômica.

Ainda nos Estados Unidos, o Departamento de Energia formalizou uma parceria de US$1 bilhão com a AMD para construir dois supercomputadores destinados a avançar a pesquisa em áreas cruciais como energia nuclear, tratamento de câncer e segurança nacional. No entanto, a paralisação parcial do governo federal americano, em seu 27º dia, continuou a gerar transtornos, causando mais de 1.660 atrasos em voos no país, devido à ausência de controladores de tráfego aéreo, segundo dados da Administração Federal de Aviação (FAA).

Na Argentina, os mercados reagiram com euforia à vitória do presidente Javier Milei nas eleições legislativas de meio de mandato. O peso argentino disparou 10% e os títulos soberanos demonstraram alta significativa, com investidores reforçando o otimismo em relação à continuidade das reformas radicais propostas por Milei para a economia do país. O presidente convocou os parlamentares moderados da oposição a apoiarem sua agenda nos próximos dois anos.

No cenário corporativo global, o HSBC anunciou uma provisão de US$1,1 bilhão nos resultados do terceiro trimestre, decorrente da perda parcial de um recurso judicial relacionado ao esquema de pirâmide de Bernard Madoff. A Novartis, por sua vez, demonstrou movimentos estratégicos de aquisição, ao concordar em comprar a Avidity Biosciences por aproximadamente US$12 bilhões, buscando fortalecer seu portfólio de tratamentos para doenças musculares raras.

Em outras notícias, a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, concordou com algumas das críticas dos EUA ao sistema multilateral de comércio. Já o presidente russo, Vladimir Putin, sinalizou à ministra das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Choe Son Hui, que a relação bilateral está seguindo o planejado. O presidente Trump, ao chegar ao Japão, também afirmou que os EUA e a China chegariam a um acordo e pediu a Putin que acabasse com a guerra na Ucrânia.

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Em suma, o Ibovespa, apesar de um arranque forte, encontrou desafios para manter o fôlego total, navegando entre anúncios corporativos expressivos, desenvolvimentos políticos nacionais e um panorama global de negociações comerciais e decisões de política monetária. Para mais análises e acompanhamento diário do mercado, continue explorando nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Reuters

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