As autoridades israelenses concederam permissão para que uma equipe técnica do Egito colabore com a Cruz Vermelha na Faixa de Gaza. O objetivo é a delicada e crucial missão de localizar os corpos de reféns que ainda se encontram no território. Este desenvolvimento acontece em um momento de tensões elevadas, onde os esforços humanitários se cruzam com a persistente dinâmica do conflito regional.
A equipe, equipada com maquinário pesado como escavadeiras e caminhões, terá a responsabilidade de inspecionar os locais de combate, muitos dos quais estão cobertos por escombros, em busca dos restos mortais. Atualmente, sabe-se que 13 reféns israelenses falecidos permanecem em Gaza. A iniciativa visa a concretização de uma etapa fundamental do acordo de cessar-fogo negociado sob a égide de importantes mediadores internacionais, incluindo o presidente dos Estados Unidos.
Israel permite Cruz Vermelha em Gaza para busca de reféns
O Hamas, grupo palestino que controla a Faixa de Gaza, argumentou publicamente que enfrenta dificuldades consideráveis para a localização e recuperação dos corpos, citando os severos danos e a vasta quantidade de entulhos resultantes dos confrontos militares. Contudo, o governo de Israel mantém uma perspectiva diferente. Um porta-voz israelense reiterou nesta segunda-feira (25) que o Hamas, que já libertou os 20 reféns vivos capturados em outubro de 2023, possui conhecimento preciso da localização dos corpos. A posição oficial israelense é que, com maior empenho, o grupo palestino conseguiria resgatar os restos mortais. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) desempenha um papel vital nestes cenários, atuando como um mediador neutro para questões humanitárias, como a restituição de corpos, em conformidade com o Direito Internacional Humanitário.
A devolução dos corpos é uma das cláusulas essenciais do acordo de cessar-fogo que obteve o suporte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em um alerta na semana passada, Trump ameaçou o Hamas, afirmando que aliados norte-americanos estariam dispostos a intervir na Faixa de Gaza para “acabar” com o grupo, caso houvesse violações contínuas do cessar-fogo estabelecido com Israel. Apesar da forte advertência, o presidente americano indicou: “Ainda não. Ainda há esperança de que o Hamas faça o que é certo.” No entanto, ele deixou claro que, se a solicitação não fosse atendida, o grupo enfrentaria “um fim rápido e brutal.”
Formação de uma Força Internacional em Gaza
Paralelamente à questão dos reféns, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou neste domingo (24) que Israel será o país a determinar quais forças estrangeiras serão aceitas para integrar uma possível força internacional em Gaza. Esta força seria designada para auxiliar na garantia de um cessar-fogo ainda frágil, como parte do plano de paz de Trump.
A composição dessa força multinacional, no entanto, ainda é incerta. Há dúvidas sobre a disposição de países árabes e de outras nações em enviar tropas, em parte devido à recusa do Hamas em desarmar-se, uma exigência explícita do plano de paz. O governo israelense já expressou preocupações significativas em relação aos possíveis membros dessa força. Os Estados Unidos descartaram o envio de seus próprios soldados para Gaza, mas mantiveram diálogos com países como Indonésia, Emirados Árabes Unidos, Egito, Catar, Turquia e Azerbaijão para uma possível contribuição.
Netanyahu reafirmou a soberania de Israel sobre sua segurança, destacando que seu país tem o poder de decisão sobre quais forças são “inaceitáveis” em seu território. “Estamos no controle da nossa segurança, e também deixamos claro, em relação às forças internacionais, que Israel decidirá quais forças são inaceitáveis para nós – e é assim que agimos e continuaremos a agir”, declarou ele durante uma reunião de gabinete. O primeiro-ministro acrescentou que essa postura é “aceitável para os Estados Unidos, como seus representantes mais graduados expressaram nos últimos dias.” Israel mantém controle total sobre os acessos à Faixa de Gaza desde que iniciou o cerco há dois anos, após o ataque transfronteiriço do Hamas em 7 de outubro de 2023.
Divergências sobre a Participação Turca
Na semana passada, o primeiro-ministro Netanyahu sinalizou claramente que se oporia à participação de forças de segurança turcas na Faixa de Gaza. As relações entre a Turquia e Israel, outrora robustas, sofreram um declínio acentuado durante a guerra. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tem sido um crítico vocal da campanha militar israelense no enclave palestino, intensificando as tensões diplomáticas entre os dois países.
Em visita a Israel com o propósito de fortalecer a trégua, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou na sexta-feira (22) que a força internacional deveria ser formada por países “com os quais Israel se sinta confortável.” Ele evitou comentar diretamente sobre a potencial participação da Turquia. Rubio também destacou que o futuro governo de Gaza precisa ser definido conjuntamente por Israel e seus parceiros, mas de forma alguma poderia incluir o Hamas. Mais tarde, ele informou que os EUA estavam avaliando sugestões para uma possível resolução da ONU ou um acordo internacional para autorizar a força multinacional em Gaza. A discussão do tema estaria prevista para este domingo (24) no Catar, um país mediador-chave no conflito israelo-palestino.
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A entrada da Cruz Vermelha em Gaza para a busca de corpos e os diálogos sobre uma força internacional sublinham a complexidade da situação no Oriente Médio. Estes acontecimentos refletem a busca por soluções humanitárias e de segurança, mesmo diante de profundas divisões políticas. Para continuar acompanhando os desdobramentos sobre a política internacional e o conflito na região, mantenha-se atualizado em nossa editoria de Política.
Crédito: Valor Econômico


 
						