Acordo Comercial EUA Malásia: Foco em Minerais Críticos

Economia

Um marco significativo nas relações bilaterais, o Acordo Comercial EUA Malásia foi selado neste domingo (26), envolvendo a assinatura de um pacto abrangente sobre comércio e outro focado em minerais críticos. A cerimônia, que ocorreu na capital malaia Kuala Lumpur, contou com a presença do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim. O objetivo central dessa parceria é impulsionar as trocas comerciais no dinâmico Sudeste Asiático, enquanto os EUA buscam alternativas estratégicas para reduzir a dependência de nações como a China no acesso a terras raras.

O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, ressaltou durante a formalização do acordo que a Malásia está comprometida em “modificar suas tarifas e barreiras não tarifárias”. Ele expressou otimismo quanto aos benefícios esperados nos setores de agricultura, tecnologia e serviços para ambas as nações. Greer também destacou que o pacto referente aos minerais críticos foi projetado para assegurar que o comércio e o investimento nesse segmento vital se tornem “o mais livre e resiliente possível”.

Anwar Ibrahim, por sua vez, classificou os entendimentos como “um marco significativo”, prometendo uma melhoria nas relações bilaterais que transcende meramente o aspecto comercial. Essa colaboração estratégica busca solidificar uma parceria duradoura, conforme o que foi articulado no

Acordo Comercial EUA Malásia: Foco em Minerais Críticos

. As especificidades do acordo indicam que a Malásia concederá um “acesso preferencial significativo ao mercado” para produtos norte-americanos, abrangendo categorias como produtos químicos, maquinários e equipamentos elétricos, metais e veículos de passageiros, além de diversas exportações agrícolas.

Adicionalmente, o país do Sudeste Asiático comprometeu-se a abordar barreiras que impactam o comércio digital, o setor de serviços e investimentos. Um dos pontos cruciais do tratado sobre minerais críticos é que a Malásia não imporá proibições ou cotas sobre as exportações de minerais essenciais ou elementos de terras raras destinados aos EUA. Além disso, a nação malaia manifestou a intenção de acelerar o desenvolvimento de seus setores de minerais essenciais e terras raras, colaborando estreitamente com empresas americanas, o que inclui a concessão de licenças de operação estendidas.

Malásia: O Potencial dos Minerais Críticos e Terras Raras

As ambições da Malásia na mineração e processamento de terras raras são significativas, impulsionadas pela crescente demanda global por esses minerais, que são componentes fundamentais em uma vasta gama de tecnologias. Da fabricação de baterias para veículos elétricos à indústria de defesa, a necessidade por esses recursos é constante e vital. O engajamento com empresas americanas nesta área não apenas reforça a resiliência da cadeia de suprimentos dos EUA, mas também posiciona a Malásia como um ator estratégico neste mercado.

Os acordos também delineiam negociações comerciais recentes e futuras entre empresas dos dois países, com um valor estimado de US$ 150 bilhões. Estes envolvem a aquisição de semicondutadores, componentes aeroespaciais e equipamentos para centros de dados, ilustrando a profundidade e a amplitude da colaboração econômica. Houve ainda a menção à compra de carvão e produtos e serviços de telecomunicações, totalizando US$ 204,1 milhões, e investimentos de fundos de capital nos EUA que somam US$ 70 bilhões.

Analistas do cenário internacional preveem que o pacto firmado com a Malásia servirá como um catalisador para outras negociações na região. “O acordo comercial com a Malásia provavelmente será usado para encorajar e pressionar outros acordos na região”, afirmou Dan Kritenbrink, sócio do Asia Group e ex-secretário de Estado adjunto dos EUA para Assuntos do Leste Asiático e Pacífico, antes da oficialização dos tratados.

A Estratégia Comercial de Donald Trump

O evento de assinatura em Kuala Lumpur sintetiza a abordagem de Donald Trump, que em seu segundo mandato elevou as tarifas e o comércio ao status de ferramentas centrais em sua política externa. Mais cedo no mesmo dia, o presidente americano participou de uma cerimônia similar entre a Tailândia e o Camboja, visando mediar um conflito fronteiriço recente entre os dois países. Este conflito, que resultou em dezenas de mortes no início do ano, foi apaziguado após ameaças de Trump de suspender acordos comerciais com ambas as nações. Na ocasião, Trump também anunciou um acordo comercial expandido com o Camboja e um pacto de minerais com a Tailândia, ainda que este último se apresentasse mais como uma promessa de colaboração futura.

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Imagem: Mohd Rasfan via valor.globo.com

O tratado com o Camboja introduzirá isenções tarifárias para centenas de tipos de mercadorias que haviam sido impactadas pelas tarifas recíprocas impostas por Trump no início do ano. Atualmente, o presidente dos EUA está em sua primeira viagem à Ásia desde que retornou à Casa Branca, com próximas escalas no Japão e na Coreia do Sul, onde um esperado encontro com o líder chinês Xi Jinping deverá ser o ponto alto da visita. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, também estava em Kuala Lumpur para reuniões com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, antes da cúpula entre os líderes.

Para a Malásia, este novo cenário comercial deve mitigar as preocupações em torno de suas exportações para a maior economia do mundo. Em agosto, os EUA impuseram uma tarifa de 19% ao país, valor inferior aos 25% inicialmente ameaçados em julho. As relações comerciais entre as duas nações totalizaram quase US$ 87 bilhões no ano passado, segundo dados do Representante Comercial dos EUA. Desse montante, a maior parte constituiu comércio de mercadorias, no qual os EUA registraram um déficit de US$ 25 bilhões. Contudo, o país americano obteve um superávit de US$ 1,7 bilhão na balança de serviços com a Malásia.

Em busca de condições comerciais menos restritivas com os EUA, a Malásia tem se empenhado nos últimos meses e prometeu endurecer a fiscalização contra o contrabando de semicondutores avançados com destino à China através de seu território. O ministro do Comércio, Zafrul Aziz, revelou no sábado que a Malásia está em negociações para conseguir uma isenção das tarifas de importação de semicondutores para os EUA, que representam o terceiro maior mercado para seus chips. A economia da Malásia demonstrou resiliência, crescendo 5,2% no terceiro trimestre e superando as expectativas. Apesar disso, o governo projeta uma desaceleração, esperando um crescimento de 4% a 4,5% no próximo ano, comparado à projeção de expansão de até 4,8% para 2025. Segundo análises do Conselho de Relações Exteriores, tais acordos complexificam e intensificam as dinâmicas globais de comércio.

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Em suma, o Acordo Comercial EUA Malásia e o pacto sobre minerais críticos reforçam a complexidade das estratégias geopolíticas e econômicas na Ásia. Ao assegurar acesso a recursos vitais e ao mesmo tempo promover a abertura de mercados, Washington busca não só fortalecer seus laços bilaterais, mas também recalibrar o equilíbrio de poder na região. Para mais análises aprofundadas sobre os desafios e oportunidades do comércio global e seu impacto na política internacional, continue explorando nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Reuters

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