Manaus 356 Anos: Áreas Verdes em Luta contra Expansão

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Manaus, a vibrante capital do Amazonas, comemora nesta sexta-feira (24) seus 356 anos, em um cenário onde o concreto urbano se entrelaça e, por vezes, confronta a exuberância da floresta amazônica. Em meio à dinâmica expansão territorial, a cidade demonstra uma notável resiliência ao manter em seu tecido urbano importantes extensões de mata que preservam a ligação intrínseca com a natureza circundante. Esses remanescentes de floresta não apenas embelezam a paisagem, mas também servem como um elo vital com as raízes naturais da metrópole, nascida no coração da Amazônia.

A tensão entre desenvolvimento e conservação é palpável, especialmente em regiões como o bairro Cidade de Deus. Nesse local, a delimitação visual entre o avanço das moradias e a imponência da Reserva Florestal Adolpho Ducke ilustra perfeitamente o contraste característico de Manaus, onde o verde primordial luta para coexistir com o cinza das edificações em crescimento constante.

Manaus 356 Anos: Áreas Verdes em Luta contra Expansão

As áreas verdes urbanas desempenham um papel multifacetado e crucial para o bem-estar da população e a manutenção do equilíbrio ecológico da capital. Além de regularem a temperatura em uma cidade de clima tropical, esses espaços funcionam como abrigo e santuário para diversas espécies da fauna local, ao mesmo tempo em que proporcionam aos cidadãos refúgios acessíveis para o contato direto e vital com a natureza. Em um momento em que a Amazônia enfrenta o agravamento das queimadas e do desmatamento, a presença robusta dessas áreas protegidas dentro do perímetro citadino assume um simbolismo ainda mais poderoso, representando um baluarte de resistência ambiental e um elemento definidor da identidade manauara.

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam a importância da arborização urbana na capital amazonense. Aproximadamente 45,78% dos domicílios situados em áreas urbanas de Manaus estão localizados em vias públicas que possuem algum grau de arborização. No contexto nacional, este índice posiciona Manaus na 2.107ª colocação entre os 5.570 municípios do Brasil no que tange a esse quesito fundamental para a qualidade de vida e ambiental dos centros urbanos. Essas estatísticas ressaltam o desafio contínuo e a necessidade de investimentos consistentes na manutenção e expansão de infraestrutura verde para o futuro da cidade.

O Legado de Áreas Verdes em um Crescimento Urbano Acelerado

Apesar das complexidades impostas pelo crescimento urbano, Manaus mantém uma posição de destaque entre as cidades com maior cobertura vegetal do país. Em dezembro de 2024, a capital amazonense foi classificada como a 7ª no Ranking Nacional de Áreas Verdes, um indicador crucial da capacidade das metrópoles de integrarem a natureza em sua paisagem. A rica relação entre a metrópole e a floresta é evidente em diversos locais que servem tanto como atrativos turísticos quanto centros de pesquisa e educação ambiental. Entre eles, destacam-se o renomado Museu da Amazônia (Musa), o interativo Bosque da Ciência e as paradisíacas Praias e flutuantes do Tarumã, que continuam a atrair tanto visitantes quanto pesquisadores fascinados pela biodiversidade local.

O Museu da Amazônia (Musa), situado na Zona Norte de Manaus, representa um santuário de biodiversidade, englobando um quilômetro quadrado de floresta primária. Este fragmento está localizado dentro da extensa Reserva Adolpho Ducke, administrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), sendo reconhecido como o maior pedaço de mata preservada em uma área urbana do Brasil. Desde 2011, quando a área foi oficialmente cedida pela União, o Musa floresceu como um centro de excelência em educação ambiental e turismo científico, oferecendo uma experiência imersiva e educativa aos seus visitantes. Suas trilhas serpenteiam pela densa floresta, conectando viveiros de orquídeas e bromélias, aquários que replicam a vida aquática amazônica, jardins sensoriais e o icônico lago das vitórias-amazônicas, elementos que em conjunto proporcionam um panorama completo da rica flora e fauna regional. Além das exposições sobre povos originários e ecossistemas, o ponto culminante para muitos visitantes é a torre de observação de 42 metros de altura, que proporciona vistas espetaculares do dossel da floresta, o topo das árvores, especialmente apreciadas durante o nascer e o pôr do sol. A visibilidade global do Musa foi impulsionada pela visita do então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Manaus, em 2024, consolidando seu papel no cenário internacional da conservação.

Bosque da Ciência e os Refúgios Naturais do Tarumã

Outro marco importante na preservação ambiental e na promoção da educação em Manaus é o Bosque da Ciência. Inaugurado em 1995, este espaço de 13 hectares na Zona Centro-Sul faz parte do complexo do Inpa e integra, com sucesso, a experiência de lazer ao aprendizado sobre a biodiversidade amazônica. Ele cativa o interesse do público para a pesquisa científica e a crucial conservação da natureza. Os visitantes podem explorar trilhas educativas que os levam ao contato direto com a fauna e a flora amazônicas, além de conhecer atrações únicas como os tanques de peixes-boi, o viveiro de ariranhas, o orquidário, a casa da madeira e a impressionante estrutura natural conhecida como “abraço da morte”, que reproduz o fascinante entrelaçamento das raízes de árvores gigantes da floresta. Este espaço é um testemunho da dedicação em harmonizar o desenvolvimento científico com a apreciação do ecossistema local.

Manaus 356 Anos: Áreas Verdes em Luta contra Expansão - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Na Zona Oeste, o bairro do Tarumã se destaca com seus charmosos flutuantes e praias de água doce, transformando-se em um destino de eleição para os manauaras. Durante o período conhecido como verão amazônico, as margens dos rios Tarumã-Açu e Tarumã-Mirim pulsam com a presença de banhistas, turistas e uma crescente rede de empreendimentos focados no ecoturismo. Esses refúgios naturais oferecem uma alternativa refrescante à rotina urbana e reforçam a inquebrantável ligação da cidade com seus abundantes recursos hídricos e florestais.

Desafios no Ranking Nacional de Áreas Verdes

A capital amazonense, outrora aclamada como “Cidade Verde” devido à notável presença de floresta dentro de seus limites urbanos, hoje enfrenta uma realidade mais complexa. As últimas duas décadas testemunharam uma diminuição expressiva na cobertura de vegetação urbana. Segundo levantamentos do MapBiomas, Manaus viu sua posição no Ranking Nacional de Áreas Verdes Urbanas decair para o 7º lugar, com a cobertura vegetal passando de 28% em 2003 para 22% em 2023. Essa tendência contrasta com a média nacional, que aponta para 11% de vegetação urbana nas cidades brasileiras.

Analisando o panorama das capitais, Rio Branco, no Acre, se destaca liderando proporcionalmente com 32,8% de sua área coberta por vegetação urbana. Em contrapartida, o Rio de Janeiro (RJ) concentra a maior área absoluta, com 12.961 hectares. Dentre as 27 capitais brasileiras, é relevante notar que 19 delas registraram um aumento em sua cobertura vegetal nos últimos 20 anos, enquanto 8, incluindo Manaus, experimentaram perdas. Este dado sublinha o contínuo desafio que Manaus enfrenta para encontrar um ponto de equilíbrio entre a incontrolável expansão urbana e a vital necessidade de preservar seu precioso patrimônio ambiental, essencial para seu futuro sustentável e sua identidade amazônica. A importância da compreensão e do monitoramento das tendências de uso e cobertura da terra, conforme detalhado em pesquisas como as conduzidas pelo IBGE sobre estatísticas ambientais, é fundamental para o planejamento e a gestão das cidades brasileiras. Mais informações sobre o meio ambiente no Brasil podem ser encontradas em fontes oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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Em suma, a celebração dos 356 anos de Manaus é um momento de reflexão sobre sua história, sua identidade forjada na Amazônia e, sobretudo, sobre os desafios futuros da capital amazonense em manter a floresta como parte integrante de sua essência. A luta para equilibrar o desenvolvimento com a conservação das áreas verdes permanece um pilar fundamental para garantir a qualidade de vida e a rica biodiversidade local. Continue acompanhando as novidades e análises sobre o crescimento das cidades e a preservação ambiental em nossa editoria de Cidades.

Foto: Michael Dantas
Foto: Adriano Liziero/Museu da Amazônia
Foto: Divulgação
Foto: William Duarte/Rede Amazônica

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