PM é Condenado a 12 Anos por Morte de Jovem em Sorocaba

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Um PM é condenado a 12 anos de reclusão, em regime inicial fechado, pela morte de um jovem de 23 anos em Sorocaba, São Paulo. O policial militar aposentado Alessandro Cardozo de Macedo foi considerado culpado por espancar Lucas Lopes no dia 1º de janeiro de 2019. O incidente ocorreu no bairro Ana Paula Eleutério, também conhecido como Habiteto, situado na zona norte da cidade.

O julgamento por júri popular aconteceu nesta quinta-feira (23), conforme informado pelos veículos de comunicação. Lucas Lopes, na época com 23 anos, havia deixado sua casa para celebrar o Ano Novo com amigos, contudo, nunca mais retornou ao lar. A trágica sequência de eventos que culminou em sua morte foi detalhada por familiares.

PM é Condenado a 12 Anos por Morte de Jovem em Sorocaba

Matheus Lopes, irmão da vítima, compartilhou com a imprensa os detalhes da abordagem. Ele relatou que três policiais militares realizavam patrulhamento nas proximidades do bairro, como parte de uma operação direcionada a coibir os bailes funk que ocorriam nas vias públicas. Lucas, enquanto corria pela rua junto a amigos, foi interceptado pelos agentes da Polícia Militar.

De acordo com o depoimento de Matheus, seu irmão desfrutava da companhia de amigos na rua, quando foi alvo de perseguição por parte de um policial, que demonstrava uma atitude repressora contra os jovens. Os policiais avançaram na direção de Lucas, que tentou refúgio na casa de um vizinho. No entanto, o jovem foi alcançado antes de conseguir entrar na residência, sendo, a partir de então, agredido severamente, segundo o relato.

A situação escalou, e Lucas chegou a receber apoio de moradores locais que tentaram intervir, mas seus esforços não foram suficientes para deter a violência. Matheus Lopes ainda afirmou que o policial inicialmente acusou Lucas de roubar um carro. Contudo, confrontado pela defesa dos vizinhos, que atestaram o bom caráter de Lucas como um “menino trabalhador”, o policial alterou sua versão dos fatos. Posteriormente, ele alegou que o jovem teria arremessado uma pedra contra a viatura. Ao chegarem ao local para socorrer Lucas, Matheus e sua mãe encontraram-no desmaiado, confirmando a gravidade das agressões.

A hostilidade por parte do policial continuou mesmo após a chegada da família, impedindo-os de prestar socorro ao jovem. Matheus relatou que ele e a mãe foram alvo de intimidação, com o agente chegando a apontar um revólver em direção a eles, ameaçando atirar caso se aproximassem. A mãe de Lucas, em seu instinto protetor, reagiu ao debate, inclusive atingindo o revólver de um dos agentes. Em resposta, o policial teria aconselhado a mãe a manter o filho dentro de casa “se não quisesse que nada acontecesse”. Essa agressão verbal e o comportamento do policial durante a abordagem, conforme detalhado por Matheus, causaram grande temor.

Apesar de estar no chão e gravemente ferido, Lucas Lopes fez um esforço para contestar as acusações antes de perder completamente a consciência. Os policiais, contudo, se recusaram a prestar socorro ao jovem, que permaneceu desacordado por aproximadamente meia hora no local, até que foi dada a ordem para “tirá-lo daqui”. Lucas foi, então, socorrido e transportado para o hospital pela própria família. Em um relato dramático, Matheus Lopes descreveu dirigir com uma mão no volante e a outra tentando realizar massagem cardíaca no irmão, que apresentava grande dificuldade respiratória e expelindo fluídos. Chegando ao Pronto Atendimento, Lucas sofreu uma parada cardíaca, foi reanimado, intubado e transferido para a UTI. Cerca de uma hora depois de ser hospitalizado, ele veio a óbito devido aos ferimentos.

Na época do crime, uma amiga da família confirmou que Lucas estava sob o efeito de bebidas alcoólicas, uma informação divulgada aos meios de comunicação.

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Imagem: g1.globo.com

Dificuldades Emocionais e a Busca por Justiça

A mãe de Lucas, Cecília, que também era mãe de Matheus e Israel, foi a principal figura na incansável batalha por justiça desde o falecimento do filho. Ela estava determinada a ver o desfecho do caso. Entretanto, Cecília faleceu quatro meses antes da condenação do policial, não tendo a oportunidade de presenciar o reconhecimento da culpa no assassinato de seu filho. A frase “Minha mãe dizia a todo custo que não ia descansar enquanto não visse a justiça sendo feita e que ia devolver com amor tudo o que entregaram a ela com raiva” foi lembrada por Matheus como um profundo impacto em sua memória, ressaltando a crueldade do que foi feito com Lucas.

Após a perda de Lucas, Cecília dedicou-se ainda mais a causas sociais, ajudando pessoas necessitadas e colaborando em diversas ações filantrópicas. Transformando a própria dor em vitória, ela chegou a fundar uma ONG focada em oferecer suporte a indivíduos em luto. A família de Lucas enfrentou outras tragédias: aproximadamente dois anos e meio após a morte de Lucas, Israel perdeu sua filha para a leucemia. Matheus Lopes destaca a resiliência familiar, afirmando: “Mesmo assim, nós estamos de pé e enfrentando essa luta”.

Próximo à data do júri popular do policial, a Câmara Municipal de Sorocaba promoveu uma audiência coletiva na sexta-feira, 18 de novembro, buscando engajar a comunidade no debate sobre o caso. No dia seguinte, a família organizou um culto ecumênico em homenagem ao jovem no bairro onde residem. A relevância do júri popular na aplicação da justiça em casos como este pode ser aprofundada com a compreensão de como funciona o sistema de júri no Brasil.

Em nota oficial enviada ao g1, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) reforçou seu compromisso com a legalidade. O órgão destacou que a Polícia Militar é uma instituição legalista e que não compactua com desvios de conduta por parte de seus agentes, enfatizando o caráter isolado de atos que fogem à lei.

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O desfecho do julgamento do policial militar aposentado Alessandro Cardozo de Macedo em Sorocaba é um marco importante na busca por justiça para Lucas Lopes e sua família. Este caso ressalta a importância da responsabilização em situações de desvio de conduta e as cicatrizes deixadas na vida de quem perde um ente querido. Para se manter atualizado sobre casos semelhantes e outras notícias relevantes, continue acompanhando a editoria de Cidades do nosso portal Hora de Começar.

Crédito da imagem: Reprodução/Facebook

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