Jovem morre após 52 dias em coma por gin adulterado com metanol em SP

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O triste desfecho da luta contra a intoxicação: Rafael Anjos Martins, de 28 anos, infelizmente faleceu nesta quinta-feira (23), após passar 52 dias em coma induzido por conta de ter ingerido gin adulterado com metanol. A bebida fatal havia sido adquirida em uma adega localizada na Cidade Dutra, Zona Sul da capital paulista, marcando um dos episódios mais recentes e graves relacionados à adulteração de bebidas na Grande São Paulo.

Desde o primeiro dia de setembro, quando os primeiros diagnósticos de intoxicação por metanol foram confirmados, Rafael necessitou de ventilação mecânica para sobreviver e não apresentava qualquer fluxo sanguíneo cerebral. Seu período de internação ocorreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital situado em Osasco, município da Grande São Paulo, onde a equipe médica empreendeu todos os esforços possíveis para reverter o quadro irreversível do jovem.

Jovem morre após 52 dias em coma por gin adulterado com metanol em SP

O laudo médico emitido em nome de Rafael Anjos Martins revelou uma concentração de 155 mg/l de metanol em seu organismo. Especialistas consultados pelo veículo g1 enfatizam que a presença de metanol em níveis superiores a 100 mg/l já indica um risco significativamente elevado de desenvolver um coma profundo, sofrer lesões cerebrais extensas e, lamentavelmente, ir a óbito. O caso levanta um alerta sobre a crescente circulação de bebidas falsificadas e a necessidade de fiscalização mais rigorosa.

Os perigos e o impacto do metanol no organismo

O metanol, ou álcool metílico, é uma substância de uso primariamente industrial, encontrada em produtos como solventes e diversos compostos químicos. Sua ingestão, no entanto, é extremamente perigosa e pode ser fatal. Uma vez absorvido pelo corpo, o metanol ataca o fígado, que o metaboliza e o transforma em ácidos tóxicos que causam danos severos. As áreas mais afetadas incluem a medula espinhal, o cérebro e o nervo óptico, o que pode resultar em cegueira permanente, estado de coma prolongado e, como visto no caso de Rafael, a morte. Adicionalmente, pode comprometer seriamente as funções pulmonares e renais, levando a insuficiências graves.

A gravidade da intoxicação por metanol tem sido um tema de preocupação crescente na capital paulista e seus arredores, com relatos de outros casos semelhantes que expõem a vulnerabilidade da população à ação de criminosos que adulteram produtos. A propagação de bebidas contaminadas com essa substância tóxica acende um sinal de alerta para a saúde pública e exige ações coordenadas das autoridades.

Andamento da investigação e alertas públicos

Diante do ocorrido, a polícia abriu um inquérito para investigar as circunstâncias da morte de Rafael. Na adega da Zona Sul onde o gin foi comprado, duas garrafas da bebida consumidas foram apreendidas, juntamente com outras 14 garrafas lacradas do mesmo tipo. Todos os frascos foram encaminhados à perícia, que será fundamental para determinar a origem da contaminação e identificar os responsáveis. A esperança é que a investigação ajude a desmantelar redes de adulteração de bebidas e previna futuras tragédias.

Helena Martins, mãe de Rafael e enfermeira de profissão, já havia compartilhado com o g1 no início de outubro o quadro crítico e irreversível de seu filho. “Não houve nenhuma alteração no quadro dele. Continua muito crítico. Eu ‘moro’ aqui com ele [hospital], e Rafael está muito instável. A união da família é o que nos mantém”, desabafou à época, demonstrando a força e a dor que a família atravessava.

Relato de amigos e os primeiros sinais da intoxicação

O auxiliar de produção Diogo Marques de Sousa, amigo de Rafael, relatou ao programa Fantástico que as bebidas foram adquiridas em uma adega nas proximidades de sua casa. Ele não suspeitou de irregularidades no momento da compra. No entanto, horas depois de ingerir o gin adulterado, Diogo acordou com sintomas alarmantes. “Eu acordei desesperado porque abri o olho e não estava enxergando nada, tudo preto e uma dor de cabeça muito forte”, descreveu ele, ressaltando o impacto imediato da substância.

Rafael e uma de suas amigas também começaram a sentir os efeitos da intoxicação pouco tempo depois, apresentando fortes dores de cabeça, confusão mental e problemas de visão. Rafael foi rapidamente levado ao hospital, onde foram realizados procedimentos emergenciais para tentar remover as toxinas de seu sangue. Contudo, os danos já haviam afetado irreparavelmente o cérebro e o nervo óptico, levando-o ao coma profundo. Um áudio enviado por ele a uma amiga nos momentos iniciais dos sintomas revelava a deterioração de seu estado: “Está tudo rodando, parece que estou com a pressão baixa, sei lá”, disse Rafael.

A mãe de Rafael, Helena, em entrevista ao Fantástico, expressou seu lamento e revolta. “É um crime o que estão fazendo. Hoje é meu filho, amanhã não sei quem pode ser”, enfatizou, clamando por justiça e maior atenção ao problema da adulteração de bebidas, cujas origens do metanol podem estar ligadas a combustíveis, conforme indicaram as investigações.

Orientações do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo

Em virtude do aumento de casos como o de Rafael, o Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo tem reiterado a necessidade de que bares, empresas e outros estabelecimentos comerciais redobrem a cautela e verifiquem com rigor a procedência de todos os produtos que oferecem aos consumidores. O Ministério da Saúde, por meio de veículos informativos, também alerta para a urgência da procura por assistência médica em casos de suspeita de intoxicação. Mais informações sobre os perigos do metanol podem ser encontradas em fontes confiáveis como o site do Dráuzio Varella, que detalha os efeitos e riscos dessa substância para a saúde pública.

Os sintomas de intoxicação por metanol são variados e incluem ataxia (falta de coordenação motora), sedação, desinibição, dores abdominais, náuseas, vômitos, cefaleia (dor de cabeça), taquicardia (ritmo cardíaco acelerado), convulsões e visão turva. Estes sinais são particularmente preocupantes quando surgem após o consumo de bebidas de origem desconhecida ou suspeita. Em qualquer situação de suspeita, a busca por atendimento médico de emergência é imperativa. A população da cidade de São Paulo pode localizar serviços de saúde próximos por meio da plataforma https://buscasaude.prefeitura.sp.gov.br/. O Centro de Controle de Intoxicações (CCI-SP) também está disponível para suporte no diagnóstico e orientação através dos telefones (11) 5012-5311 e 0800 771 3733.

O Governo de São Paulo, reconhecendo a gravidade e a recorrência desses casos, anunciou a criação de uma força-tarefa específica para apurar os casos de intoxicação por metanol, visando intensificar as fiscalizações e combater o crime de adulteração de bebidas em todo o estado.

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A lamentável morte de Rafael Anjos Martins serve como um doloroso lembrete dos riscos alarmantes associados ao consumo de bebidas adulteradas com metanol. A comunidade precisa estar vigilante e as autoridades, incessantes em seus esforços para proteger a saúde e a segurança pública. Continue acompanhando as notícias em nossa editoria de Cidades para se manter informado sobre este e outros casos relevantes.

Crédito da imagem: Arquivo Pessoal

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