A crescente integração da Inteligência Artificial transforma profissões em diversas áreas no estado do Maranhão, impulsionando a necessidade de adaptação e uma reavaliação ética por parte dos profissionais. Especialistas como o advogado Gabriel Ahid Costa, a professora Ayla Nascimento e o professor Márcio Carneiro destacam as mudanças significativas que a IA está provocando no Direito, Jornalismo e Educação.
No cenário contemporâneo, a Inteligência Artificial (IA) tem ganhado espaço, levando os trabalhadores de diferentes setores a ajustarem suas competências frente às inovações tecnológicas. A preocupação se estende desde a formação acadêmica até a inserção no mercado de trabalho, focando tanto na competitividade quanto na assimilação de novas ferramentas digitais.
Inteligência Artificial transforma profissões no Maranhão
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o Maranhão se destacou na última década, registrando um aumento de 81,6% no número de matrículas em cursos de nível superior entre 2013 e 2023. Este crescimento, o maior percentual do Nordeste e o segundo maior do Brasil, elevou as matrículas de 129,9 mil para 235,9 mil. Paralelamente, a Associação Brasileira de Estágios (Abres) informou que o total de formandos do ensino superior em 2023 atingiu 1.374.669, representando um aumento de 6,74% em comparação ao ano anterior, com cursos como Pedagogia (1.728.750 formandos) e Direito (1.512.740 formandos) liderando a lista.
Advocacia e Justiça: Impactos da IA
Para Gabriel Ahid Costa, advogado e mestre em Direito Constitucional com especialização em Inteligência Artificial, o campo da advocacia atravessa uma das maiores revoluções de sua história. Ele aponta que a digitalização do Poder Judiciário, a adoção progressiva da IA e a automação de atividades jurídicas estão remodelando as operações em escritórios e tribunais. Gabriel explica que a IA se mostra particularmente eficaz na execução de tarefas rotineiras e de baixo teor intelectual, como a análise e revisão de contratos, documentos e o acompanhamento de prazos processuais. Ao delegar essas etapas a sistemas automatizados, advogados são liberados para o desenvolvimento de raciocínio estratégico e para aprimorar o relacionamento com os clientes.
O advogado, que possui seu próprio escritório, relatou a incorporação diária da tecnologia em suas práticas, resultando em uma redução superior a 50% no tempo operacional e em um ganho significativo de produtividade. “Isso nos permite focar no que é essencial: pensar estrategicamente e entregar soluções personalizadas”, enfatizou.
No âmbito do Judiciário, a implantação da IA também está avançada. Em 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) implementou a ferramenta de Inteligência Artificial MARIA, visando otimizar a criação de resumos de votos e relatórios processuais, um marco na aplicação da IA no setor. Sobre o uso desta tecnologia, é fundamental entender suas aplicações. O STF publicou detalhes sobre o uso da IA MARIA, mostrando seu comprometimento com a inovação: saiba mais sobre a ferramenta.
Gabriel Ahid Costa alerta que muitos profissionais ainda percebem a IA como uma ameaça ou uma moda passageira, ignorando seu potencial como aliada. “A tecnologia não possui empatia nem ética, mas expande significativamente nossa capacidade de trabalho. O real perigo reside na relutância em adquirir o conhecimento para utilizá-la”, pontuou o advogado.
Jornalismo na era da IA: Desafios éticos e reconfiguração profissional
O professor Márcio Carneiro, do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e doutor em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, avalia que a IA generativa impacta diretamente o exercício do jornalismo. As transformações abrangem desde a empregabilidade até aspectos como ética, transparência e a reestruturação dos processos de produção de conteúdo. “É uma tecnologia com grande potencial, e as mudanças já estão em curso, como temos observado entre os agentes do mercado”, afirmou Carneiro.
Márcio Carneiro explicou a distinção entre IA generativa e preditiva: enquanto a primeira sintetiza novos conteúdos — sejam textos, imagens, músicas ou códigos — a partir de um vasto banco de dados, a segunda se dedica à análise de informações para antecipar padrões e desfechos futuros. O professor adverte sobre a utilização da IA generativa em áreas cruciais como ciência, pesquisa ou jornalismo, dada sua natureza criativa e não necessariamente precisa. Ele alerta que “Há muita desinformação sobre seus limites e riscos”.

Imagem: g1.globo.com
Um estudo conduzido pela Microsoft revelou que as profissões fortemente ligadas à linguagem e à produção de conteúdo, como o Jornalismo, estão entre as mais vulneráveis às mudanças ocasionadas pela Inteligência Artificial. No ranking de impacto, a função de repórter ocupa a 16ª posição, evidenciando a intensidade das transformações.
Para Márcio Carneiro, a implementação de normas de governança para o uso dessas tecnologias é crucial. “Uma interpretação errônea pode gerar sérios danos a uma organização. Não basta aderir a modismos; é imperativo investir em treinamento, redefinir processos e preparar todos para o novo ambiente”, frisou. Ele ainda reforça o compromisso ético do jornalista em intermediar a relação entre tecnologia, informação e a sociedade. “Num mundo marcado por fake news e desinformação, o papel do jornalista permanece essencial, independentemente da adoção da IA. É o jornalista quem garante a checagem e a credibilidade das informações”, concluiu Carneiro.
IA na Educação: Inovando métodos de ensino e aprendizado
A Inteligência Artificial também vem transformando o ambiente educacional. Em São Luís, a professora de Filosofia Ayla Nascimento, que leciona para alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 1º ano do ensino médio, incorpora a tecnologia em práticas de gamificação, utilizando desde palavras cruzadas interativas até geradores de voz que adaptam poemas em músicas para dinamizar as aulas e fomentar o engajamento estudantil. A gamificação consiste em aplicar elementos de jogos, como pontos, desafios e recompensas, a contextos como a educação para aumentar o envolvimento dos alunos.
“Ajuda muito essa geração, que está exposta a muitos estímulos. Só o quadro e o pincel não chamam tanta atenção quanto algo interativo”, destacou a professora. Ayla Nascimento também observou que a maioria de seus alunos demonstra capacidade para avaliar a confiabilidade das informações geradas por ferramentas de IA. Eles possuem conhecimento prévio e usufruem de acesso à internet em sala de aula, com computadores e tablets, facilitando a orientação para um uso responsável da tecnologia. A educadora mencionou que a lei sancionada em janeiro deste ano, que restringe o uso de celulares em sala de aula, contribuiu para diminuir a distração dos alunos.
Para Ayla, a Inteligência Artificial torna o ensino mais dinâmico. “Não há como evitar os avanços. O que podemos fazer é conter os danos, educando e conscientizando sobre o uso responsável”, afirmou. A professora enfatiza ainda a importância da constante atualização para os educadores. “Ser professor é ser um eterno pesquisador. Precisamos entender essas tecnologias para discernir se e como podemos aplicá-las. As crianças já dominam seu uso, e nós também devemos dominá-las”, reforçou.
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Em suma, a Inteligência Artificial emerge como um agente transformador indelével para diversas áreas profissionais, especialmente no Maranhão, impondo a necessidade de uma adaptação constante e o fortalecimento de princípios éticos. O diálogo com a tecnologia, seja no Direito, Jornalismo ou Educação, aponta para um futuro onde a qualificação e o uso responsável dessas ferramentas serão determinantes para o sucesso e a inovação. Continue explorando as tendências e impactos da tecnologia e do mercado de trabalho em nossa editoria de Economia.
Crédito das imagens: Reprodução/Arquivo Pessoal e UFMA



