Espanha: retirada de símbolos de Franco nos 50 anos da morte

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O governo da Espanha confirmou, nesta quarta-feira (22), que iniciará o processo de remoção de **símbolos de Franco** de locais públicos em novembro. A iniciativa coincide com o marco de 50 anos do falecimento do ditador Francisco Franco, líder do país ibérico entre os anos de 1939 e 1975.

Meio século após a morte de Franco, o legado de sua ditadura ainda provoca divergências significativas na sociedade espanhola. A decisão do atual governo socialista, liderado pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, reacendeu debates intensos e tensões entre a esquerda governista e os partidos de oposição conservadora e de extrema direita. O Partido Popular (PP), principal força de oposição, frequentemente critica Sánchez, alegando que o premiê utiliza a questão da memória histórica como tática para desviar a atenção de crises políticas contemporâneas.

Espanha: retirada de símbolos de Franco nos 50 anos da morte

Em seu anúncio no Congresso, Sánchez afirmou: “Antes que novembro termine, faremos a publicação do catálogo completo de elementos e símbolos franquistas para que sejam definitivamente retirados das ruas da Espanha”. O chefe de governo não forneceu detalhes sobre prazos específicos para a remoção nem adiantou quais itens estariam incluídos na lista oficial. De acordo com informações do site Debería Desaparecer, uma plataforma que monitora esses vestígios históricos, estima-se que existam mais de 6.000 símbolos associados ao regime franquista no país, abrangendo desde monumentos a nomes de logradouros que prestam homenagem ao ditador e a outras figuras de seu período.

Um dos símbolos mais emblemáticos dessa era é o Arco da Vitória, um monumento de estilo neoclássico construído na década de 1950. Localizado na entrada oeste de Madri, a estrutura foi erguida para comemorar o triunfo das tropas franquistas na devastadora Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Este conflito sangrento antecedeu os 36 anos de governo de Franco, que não teve nenhum de seus membros julgados após sua morte, devido a uma ampla lei de anistia que beneficiou ambos os lados envolvidos na guerra.

A discussão sobre a revisão do passado histórico espanhol ganhou impulso inicialmente em 2007, sob a gestão do também socialista José Luis Rodríguez Zapatero. Naquela época, foi promulgada a chamada Lei da Memória Histórica, que estabelecia a obrigação para as autoridades de removerem símbolos da ditadura de espaços públicos. O ritmo desse processo acelerou consideravelmente a partir de 2018, com a ascensão de Pedro Sánchez ao poder.

Em um marco importante, no ano de 2019, os restos mortais de Francisco Franco foram exumados do controverso mausoléu do Vale dos Caídos, situado a cerca de 60 quilômetros de Madri. Após a exumação, seus restos foram transferidos para um cemitério comum. O Vale dos Caídos, uma edificação imponente construída por ordem do próprio ditador, havia se tornado, ao longo dos anos, um local de peregrinação para admiradores e simpatizantes do antigo regime.

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Imagem: www1.folha.uol.com.br

Mais recentemente, em 2022, o Parlamento espanhol aprovou a Lei da Memória Democrática, aprofundando as ações. Esta legislação estabeleceu a criação de um registro oficial de vítimas do franquismo, além de anular condenações que haviam sido impostas pelo regime e de reiterar a obrigatoriedade das prefeituras em eliminar símbolos ligados ao período de Franco. Essas medidas, contudo, continuam a enfrentar resistência significativa.

O Partido Popular (PP), formado em 1989 após a reorganização da Aliança Popular – uma legenda criada por um ex-ministro de Franco –, critica veementemente as políticas do governo, acusando-o de “reabrir feridas do passado”. A complexidade e sensibilidade do tema são inegáveis, refletindo um debate que perdura há décadas na sociedade espanhola e que o governo busca encerrar com a eliminação simbólica do franquismo dos espaços públicos. A forma como a Espanha lida com o seu passado é um tema de constante discussão e revisão, especialmente com a chegada de novas gerações e a busca por uma compreensão mais completa de sua história. Para aprofundar seu entendimento sobre as leis de memória histórica na Espanha, é possível consultar fontes de jornalismo de alta credibilidade. A Lei da Memória Democrática de 2022, por exemplo, marca um avanço significativo nesse esforço de reconciliação com a história recente.

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O anúncio da retirada de símbolos de Franco representa mais um capítulo na longa e por vezes dolorosa jornada da Espanha em confrontar seu passado ditatorial e solidificar seus valores democráticos. A medida busca fechar um ciclo, mas o diálogo sobre memória e justiça continua sendo uma pauta central no país. Continue acompanhando os desdobramentos desta e outras importantes notícias globais em nossa editoria de Política para análises aprofundadas e atualizações constantes.

Crédito da imagem: Oscar del Pozo -3.jul.2018/AFP | AFP

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