As relações entre Bolívia e EUA, interrompidas em 2008, estão prestes a ser restabelecidas. O recém-eleito presidente boliviano, Rodrigo Paz, de centro-direita, sinalizou sua intenção de restaurar os laços diplomáticos com os Estados Unidos, uma medida que promete redefinir a política externa do país sul-americano.
A vitória de Paz no segundo turno das eleições presidenciais, realizada em 19 de outubro, marcou um momento crucial na Bolívia. O economista conquistou 54,5% dos votos, superando o ex-presidente Jorge Quiroga e encerrando um período de quase duas décadas de governo do Movimento ao Socialismo (MAS), cujo líder principal é Evo Morales.
Bolívia e EUA: Rodrigo Paz Anuncia Retomada das Relações
A posse de Rodrigo Paz está agendada para 8 de novembro. Durante sua campanha eleitoral, uma de suas principais promessas foi a reinserção da Bolívia no cenário global. Atualmente, os principais aliados diplomáticos de La Paz incluem nações como Venezuela, Cuba, Nicarágua e Rússia. A intenção de se reaproximar de Washington representa uma guinada significativa nessa estratégia.
O próprio presidente eleito confirmou a futura normalização em um encontro com jornalistas, na segunda-feira, 20 de outubro. “No caso específico dos Estados Unidos, essa relação será retomada”, declarou Paz, evidenciando o planejamento de uma nova fase diplomática. A ruptura, que completa 17 anos em 2025, foi o ápice de uma crise política iniciada em 2008. Naquela ocasião, o então presidente Evo Morales acusou a Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA de conspirar contra suas políticas para o setor energético.
O contexto da interrupção das relações diplomáticas em 2008 foi bastante tenso. Morales tomou a decisão de expulsar o embaixador americano Philip Goldberg, justificando que o diplomata estaria apoiando uma conspiração com o objetivo de fragmentar o território boliviano. Washington, por sua vez, negou veementemente as acusações e retaliou, expulsando reciprocamente o embaixador boliviano de seu território. Desde então, não houve um restabelecimento pleno das relações bilaterais em nível diplomático.
Desde sua eleição, Rodrigo Paz já iniciou diálogos preliminares com representantes do governo do republicano Donald Trump, indicando o compromisso de acelerar este processo de reaproximação. “Acredito que isso seja muito importante”, afirmou Paz, ressaltando a relevância dessa conexão para os interesses bolivianos no cenário internacional.
O chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, já comentou publicamente sobre a vitória do candidato boliviano. Em suas declarações, Rubio expressou otimismo, afirmando que “depois de duas décadas de má administração, a eleição de Paz representa uma oportunidade de transformação para ambas as nações”, sugerindo um novo capítulo de cooperação entre os dois países. Este reconhecimento por parte de uma figura de alto escalão do governo norte-americano sublinha a importância que Washington atribui ao movimento boliviano.
Imagem: www1.folha.uol.com.br
A campanha de Rodrigo Paz, que representa o Partido Democrata Cristão (PDC), fundamentou-se em um discurso de moderação, promovendo o diálogo e a reconstrução do país. Essa abordagem estratégica procurou distinguir-se tanto do populismo praticado pelo MAS quanto das posições mais rígidas da oposição conservadora. Tal estratégia revelou-se altamente eficaz em atrair um eleitorado desiludido, tanto pela crise interna que abalava o movimento liderado por Evo Morales quanto pelo desgaste do presidente anterior, Luis Arce, que enfrentava divisões profundas dentro de sua própria base política.
Em sua plataforma de governo, Paz defende a implementação do conceito de “capitalismo para todos”. Entre suas principais propostas econômicas, destacam-se medidas de liberalização que, segundo ele, beneficiariam as classes mais desfavorecidas. Além disso, Paz planeja a legalização de certos setores do comércio informal, com o intuito de combater o contrabando. No âmbito da exploração de recursos naturais, o novo governo pretende flexibilizar as regras para entes privados e, significativamente, propor um aumento para 50% da participação dos departamentos bolivianos – equivalentes aos estados brasileiros – no Orçamento da União. Essas mudanças estruturais visam modernizar a economia e redistribuir o poder fiscal, marcando uma clara diferenciação em relação às políticas anteriores.
O movimento em direção à retomada das relações entre Bolívia e Estados Unidos reflete uma nova postura política na Bolívia. Para mais informações sobre o contexto da política na América Latina, você pode consultar o material disponível na seção de América Latina da DW, um veículo de alta autoridade na cobertura de assuntos globais.
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A posse de Rodrigo Paz no início de novembro e o consequente alinhamento com os Estados Unidos indicam uma reorientação na política externa e interna boliviana. Acompanhe a editoria de Política do nosso site para se manter informado sobre este e outros desenvolvimentos cruciais no cenário internacional e doméstico.
Crédito da Imagem: Martin Bernetti – 19.out.25/AFP
