Neste domingo, 19 de outubro, as Eleições na Bolívia entram em sua fase decisiva, com o segundo turno presidencial mobilizando os cidadãos bolivianos em meio a um cenário de profunda transformação política e econômica. Milhões de eleitores têm até às 17h, no horário de Brasília, para escolher entre os dois principais candidatos que prometem uma guinada à direita na nação andina. O pleito é marcado por apelos diretos dos concorrentes para que a população compareça massivamente às urnas.
A disputa se dá entre Rodrigo Paz, do partido de centro-direita PDC, que surpreendeu ao liderar o primeiro turno e mantém uma ligeira vantagem nas pesquisas de intenção de voto, e o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga, do partido Libre, de inclinação mais à direita. Ambos os candidatos representam uma clara ruptura com os vinte anos de domínio político da esquerda no país, prometendo novas direções em um momento crítico para a Bolívia.
Eleições na Bolívia: Um Momento Decisivo no Segundo Turno
Ao registrar seu voto na cidade de Tarija, Rodrigo Paz sublinhou a natureza histórica do dia. “Este é um momento em que cada boliviano e boliviana pode fazer sua voz ser ouvida. O que o povo decidir, com transparência e o trabalho sólido do nosso Tribunal Supremo Eleitoral, deve ser respaldado e apoiado para que o país possa seguir em frente com fé e esperança de que cada voto conta”, declarou Paz, clamando explicitamente para que os bolivianos votassem e “cuidadossem de seu voto”, expressando gratidão pela oportunidade e saudando a nação: “Viva a Bolívia!”.
Paz, que é senador e integrante do Partido Democrata Cristão, buscou capturar o descontentamento do eleitorado com propostas mais moderadas, visando diminuir a polarização. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, o candidato já manifestou a intenção de dialogar com líderes como o ex-presidente brasileiro Lula, indicando uma abordagem de construção de pontes em seu programa político.
Do outro lado da disputa, Jorge Tuto Quiroga fez questão de ressaltar a relevância do voto como um instrumento poderoso. Ao acompanhar a votação de seu vice, Juan Pablo Velasco, Quiroga afirmou que este domingo simboliza o “fim de um ciclo”. “Vamos todos votar. É um dia em que todos temos o instrumento mais poderoso em nossas mãos: o voto. Com nossos votos, temos a oportunidade de pôr fim a 20 anos, duas décadas de violência destrutiva, que deixou a economia em uma crise profunda”, pontuou o ex-presidente, cuja agenda previa o voto para o começo da tarde.
Quiroga, figura conhecida da Aliança Liberdade e Democracia, já ocupou cargos ministeriais no governo do pai de Rodrigo Paz e atuou como presidente interino da Bolívia em 2001, antecedendo a ascensão da esquerda. Um ferrenho opositor de Evo Morales, com quem já se enfrentou em eleições passadas, Tuto Quiroga tem defendido medidas econômicas liberais e controversas, além de ter acenado para líderes da direita latino-americana, como Nayib Bukele de El Salvador e Daniel Noboa do Equador.
Perspectivas das Lideranças e o Contexto Pós-Morales
Enquanto os candidatos majoritários apelavam ao voto, outras vozes importantes da política boliviana também se manifestaram. O ex-presidente Evo Morales, ausente desta disputa por uma decisão constitucional – ele é alvo de uma ordem de detenção por uma acusação de suposto abuso de menor, que nega – compareceu para votar e declarou que cumpria seu dever democrático, mas expressou sua insatisfação com os candidatos. “Ambos representam um punhado de pessoas na Bolívia, não representam o movimento popular, muito menos o movimento indígena. Estamos aqui para cumprir a democracia. Votamos, mas não viemos para eleger”, enfatizou Morales, cujas declarações refletem uma lacuna na representação dos movimentos sociais e indígenas neste pleito.
O atual presidente, Luis Arce, que votou no início da manhã, emitiu um apelo fundamental para o processo democrático: “O povo é quem decide, e todos os candidatos devem aceitar os resultados que o povo boliviano ditar nas urnas”, disse Arce, enfatizando a importância do respeito à soberania popular expressa no voto.

Imagem: g1.globo.com
O Legado e a Crise: O Fim de Uma Era Política na Bolívia
O pano de fundo desta Eleição na Bolívia é o fim de duas décadas de governo da esquerda, liderado pelo Movimento ao Socialismo (MAS) e Evo Morales. A rejeição do partido no primeiro turno reflete um cansaço popular exacerbado por uma grave crise econômica. O país enfrenta a escassez de dólares e de combustíveis, com filas longas em postos de gasolina e para obter produtos subsidiados, como arroz e óleo. A inflação, que em 12 meses supera a marca de 23%, tem corroído o poder de compra e o bem-estar dos bolivianos, tornando esta a pior crise que o país, com 11,3 milhões de habitantes, enfrenta em quatro décadas.
Essa crise contrasta drasticamente com a bonança experimentada na Bolívia no início do governo Morales, impulsionada pela nacionalização do gás natural. Contudo, a produção desse recurso diminuiu dramaticamente, secando uma das principais fontes de divisas e precipitando o país para a atual situação de dificuldades. Este declínio representa uma ironia no legado da era Morales, que prometeu maior soberania econômica, mas viu o país entrar em colapso financeiro nos anos finais de sua influência.
Para aprofundar a compreensão sobre os complexos desafios econômicos e políticos da região andina, uma leitura valiosa pode ser encontrada nas análises sobre Bolívia em veículos de imprensa internacional de alta autoridade.
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As Eleições na Bolívia de 19 de outubro representam não apenas a escolha de um novo presidente, mas também um momento de virada histórica e um referendo sobre o futuro econômico e social do país. A mobilização popular e as expectativas em torno dos resultados destacam a importância deste pleito. Para ficar por dentro de todas as notícias e análises sobre o cenário político na América Latina, continue acompanhando a nossa editoria de Política e não perca nenhuma atualização relevante.
Crédito da imagem: Aizar Raldes/AFP



