Brasileira presa no Camboja: Quem é Daniela Marys?

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A situação da brasileira presa no Camboja, Daniela Marys de Oliveira, levanta sérias preocupações e reacende o debate sobre a segurança de cidadãos brasileiros em contextos internacionais de vulnerabilidade. A arquiteta mineira, de 35 anos, encontra-se detida no país asiático sob a grave acusação de tráfico de drogas, em um caso que a família descreve como uma armadilha. Seu julgamento está previsto para acontecer esta semana, no dia 23 de outubro, conforme informações divulgadas pelos familiares.

Nascida em Minas Gerais, Daniela Marys de Oliveira buscou novas oportunidades de vida na Paraíba, estabelecendo residência em João Pessoa a partir de novembro de 2023. Segundo relatos de seus parentes, a mudança foi motivada pela busca por melhores condições. Profissional com formação em arquitetura e fluência em inglês, Daniela era descrita pela mãe, Myriam Marys, como uma pessoa instruída e longe de envolver-se com atividades ilícitas.

Brasileira presa no Camboja: Quem é Daniela Marys?

O enredo que culminou na prisão de Daniela começou a se desenrolar no início de 2024, quando ela intensificou a procura por trabalho via internet. Dentre diversas ofertas, uma vaga temporária para atuar como telemarketing no Camboja despertou seu interesse. A proposta, aparentemente promissora, levou Daniela a embarcar para o Sudoeste Asiático no final de janeiro daquele ano, uma decisão tomada mesmo contra o conselho e a preocupação da família, que previa os riscos inerentes a trabalhar em uma região com histórico de golpes e tráfico.

Inicialmente, a comunicação entre mãe e filha transcorria sem intercorrências, com mensagens frequentes via aplicativos online que se estenderam até fevereiro de 2024. No entanto, em março do mesmo ano, um alerta soou quando a família passou a receber comunicações estranhas. Essas mensagens, supostamente enviadas por Daniela, vinham na verdade de indivíduos que se identificavam como golpistas, aproveitando-se da ausência da arquiteta e da situação delicada.

A farsa dos supostos golpistas escalou rapidamente. Eles exigiram um pagamento de US$ 4 mil (equivalente a aproximadamente R$ 27 mil na época) para cobrir uma suposta multa de rescisão de contrato de telemarketing de Daniela. Diante da pressão e da preocupação com a filha, a família efetuou a transferência do montante. Contudo, pouco tempo depois do envio do dinheiro, Daniela conseguiu entrar em contato direto com a mãe, revelando a dura realidade: ela havia sido detida por tráfico de drogas, alegando total inocência.

Conforme o relato de Daniela à família, as substâncias ilícitas, na forma de cápsulas, teriam sido forjadamente plantadas no banheiro do local onde estava hospedada. A arquiteta acredita que a incriminação foi uma retaliação por sua recusa em participar de um esquema de golpes online, sugerindo que ela foi alvo de criminosos que atuam na região explorando pessoas em busca de trabalho. Esta modalidade de recrutamento enganoso é comum em países do Sudeste Asiático, onde promessas de altos salários camuflam operações de cibergolpes e até mesmo tráfico de pessoas. Para mais detalhes sobre esse cenário complexo, o G1, por exemplo, publicou matérias extensas abordando a prisão de brasileiros em condições similares. Em 2023, noticiou a mobilização do Itamaraty para auxiliar compatriotas em situação de tráfico humano no continente asiático.

Desde sua prisão, Daniela tem enfrentado condições carcerárias severas. A família descreve que a arquiteta está em uma “cela superlotada”, compartilhando espaço com cerca de 90 mulheres, uma realidade que deteriorou sua saúde. Ao longo dos sete meses de detenção, a busca por auxílio junto às autoridades brasileiras tem sido incessante, porém, as respostas recebidas do Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores, têm sido meramente protocolares, aumentando a angústia dos parentes.

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Imagem: g1.globo.com

O que diz o Itamaraty sobre o caso

Diante da repercussão do caso de Daniela Marys, o Itamaraty, por meio de nota oficial, confirmou ter “conhecimento” da situação. No comunicado, o Ministério das Relações Exteriores informou que a Embaixada do Brasil na região tem “realizado gestões junto ao governo cambojano” e prestado “a assistência consular cabível” à cidadã brasileira. Esta assistência, segundo a pasta, está em conformidade com o Protocolo Operativo Padrão de Atendimento às Vítimas Brasileiras do Tráfico Internacional de Pessoas.

A nota, entretanto, absteve-se de fornecer detalhes específicos sobre as providências ou as etapas exatas do processo para ajudar Daniela. A dimensão do problema é corroborada por dados do próprio ministério, que em 2024 prestou assistência a um total de 63 brasileiros que foram vítimas de tráfico de pessoas, sendo que 41 desses casos ocorreram no Sudeste Asiático. Este número ressalta a frequência com que brasileiros se tornam alvos de esquemas fraudulentos e coersivos na região, muitos deles sob falsas promessas de emprego, evidenciando um desafio persistente para a diplomacia brasileira na proteção de seus cidadãos.

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A saga de Daniela Marys de Oliveira no Camboja serve como um alerta crítico sobre os perigos das ofertas de emprego internacionais sem a devida checagem e os riscos de cair em redes de golpes e tráfico humano, especialmente em regiões vulneráveis. Enquanto sua família clama por justiça e o Itamaraty atua dentro dos protocolos, o desenrolar deste caso continua a ser acompanhado de perto, na esperança de um desfecho justo. Para acompanhar mais notícias e análises sobre questões geopolíticas e direitos humanos envolvendo brasileiros no exterior, continue explorando nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: Arquivo Pessoal

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