Rafaela Costa da Silva, viúva de Igor Peretto, foi solta pela Justiça de São Paulo nesta sexta-feira (17) após cumprir um período de um ano e três meses de reclusão. As autoridades concederam o alvará de soltura à mulher, anteriormente denunciada pela morte do comerciante ocorrida em 31 de agosto de 2024 na Praia Grande, litoral paulista. O g1 divulgou imagens da saída de Rafaela da Penitenciária Feminina de Sant’Anna, situada na capital de São Paulo.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) havia imputado a Rafaela Costa da Silva, em conjunto com Marcelly Peretto, irmã por parte de pai da vítima, e Mário Vitorino, cunhado de Igor, o planejamento do assassinato. A tese central da denúncia girava em torno de um suposto triângulo amoroso envolvendo os três, onde Igor Peretto era considerado um obstáculo.
Justiça Solta Viúva de Igor Peretto após 1 Ano e 3 Meses
A decisão que culminou na desclassificação da denúncia contra Rafaela foi emitida pelo juiz Felipe Esmanhoto Mateo e tornada pública na quinta-feira (16). O magistrado argumentou que a acusada não se encontrava no apartamento onde o crime ocorreu no instante dos fatos, e as evidências colhidas ao longo do processo foram insuficientes para comprovar seu envolvimento direto no homicídio de Igor Peretto. Por essa razão, foi expedido o mandado de soltura em seu favor.
Motivações e Investigação Reavaliadas
Segundo o juiz, não foram encontrados elementos suficientes que pudessem sustentar a alegação de premeditação, especialmente a tese de que Rafaela teria contatado Mário enquanto este estava com Igor com a intenção de incitar ciúmes e levá-lo ao apartamento da irmã da vítima. Além disso, a investigação policial não detectou indícios que confirmassem a existência de um trisal entre Rafaela, Marcelly e Mário, mas sim a presença de um triângulo amoroso com relações cruzadas. A possibilidade de motivação econômica para o crime também foi apurada, porém, sem comprovação durante a instrução processual.
Indícios de Favorecimento Pessoal
Ainda que a acusação de homicídio doloso não tenha sido mantida contra Rafaela, o magistrado observou que a conduta dela após o assassinato poderia indicar a ocorrência de outro tipo penal, não doloso contra a vida. Essa hipótese se baseia em seu encontro com Marcelly e Mário em uma outra cidade, além da possível assistência prestada na fuga e ocultação do homem, que permaneceu foragido por um certo período. Tal comportamento sugeriria a prática de um eventual favorecimento pessoal.
Manifestação da Defesa da Viúva
Em nota oficial, Yuri Cruz, advogado responsável pela defesa de Rafaela Costa, declarou ter recebido a decisão judicial com serenidade e reconhecimento de justiça. Ele afirmou que, durante a fase de instrução criminal, a defesa conseguiu evidenciar, de forma irrefutável, que as provas reunidas não davam suporte à acusação de homicídio doloso no que diz respeito à sua cliente. O advogado descreveu a sentença como “o reconhecimento judicial da verdade dos fatos, alcançado após um trabalho técnico intenso e cuidadoso, realizado em meio à forte repercussão e pressão midiática”.
Cunhado e Irmã Devem Enfrentar Júri Popular
Na mesma determinação que resultou na liberação de Rafaela, o juiz Felipe Esmanhoto Mateo pronunciou Mário Vitorino e Marcelly Peretto para que ambos sejam submetidos a júri popular. Eles deverão responder pelo crime de homicídio triplamente qualificado, que engloba motivo torpe, decorrente do suposto relacionamento entre os acusados; meio cruel, em função dos múltiplos golpes de faca utilizados; e recurso que dificultou a defesa da vítima, considerando que Igor estava desarmado e foi atacado por indivíduos de seu círculo de relacionamento próximo. Os dois acusados permanecerão em prisão preventiva até a data de seus respectivos julgamentos. “Ambos estariam no apartamento no momento dos fatos. Consta, ainda, que Marcelly e Mario teriam, juntos, deixado o local. Tais indícios de autoria atingem o standard probatório mínimo exigido para a decisão de pronúncia”, detalhou o magistrado. Ele optou por manter as qualificadoras apresentadas pelo Ministério Público de São Paulo, embora reconheça uma escassez de evidências para a tese de motivo torpe vinculada a um suposto relacionamento entre Mário, Rafaela e Marcelly.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) é a instituição responsável por fiscalizar a lei e promover a justiça, essencial em casos como este.

Imagem: g1.globo.com
As Contestações das Outras Defesas
Leandro Weissman, advogado de defesa de Marcelly Peretto, expressou sua avaliação de que a decisão judicial é equivocada e, em parte, contraditória. O jurista destacou que a argumentação do juiz de que a presença de Marcelly em sua própria residência e sua subsequente saída com o outro acusado seriam suficientes para remetê-la ao júri popular é questionável. Conforme Weissman, a relação amorosa e a suposta motivação financeira, apontadas na denúncia, foram rechaçadas ao longo do processo. O advogado ainda salientou que a absolvição de Rafaela das acusações reforça o contexto da defesa de Marcelly, garantindo que continuará lutando pelos direitos de sua cliente. Por sua vez, Mario Badures, defensor de Mário Vitorino, informou que analisará a decisão de pronúncia detalhadamente antes de qualquer manifestação, mas adiantou a intenção de recorrer em todas as instâncias possíveis para descaracterizar as qualificadoras, principalmente a do motivo torpe, baseada na alegada inexistência de um “trisal”.
Acusação Apela Contra a Decisão
O advogado Felipe Pires de Campos, atuando como assistente de acusação em representação à família de Igor Peretto, comunicou que apresentará recurso contra a sentença que beneficiou a viúva. Campos reiterou a plena confiança da família de Igor na Justiça e no trabalho desempenhado pelo Ministério Público e pela assistência da acusação. Ele expressou a convicção de que o recurso interposto resultará no retorno de Rafaela ao processo principal, permitindo que todos os envolvidos na morte de Igor Peretto sejam responsabilizados integralmente por suas ações.
A Cronologia dos Fatos do Assassinato
O crime brutal ocorreu em 31 de agosto, dentro do apartamento de Marcelly Peretto, localizado em Praia Grande. No momento do incidente, estavam presentes a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela havia chegado ao apartamento acompanhada de Marcelly, mas o deixou meros 13 segundos antes da chegada de Igor, seu marido, junto com o então suspeito pelo assassinato. Depoimentos dos três envolvidos e de seus advogados revelaram que Rafaela mantinha um caso extraconjugal com Mário. O advogado de Marcelly chegou a mencionar que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes mesmo da chegada de Igor e Mário ao apartamento. O laudo necroscópico do corpo de Igor Peretto confirmou que ele foi morto a facadas e, caso tivesse sobrevivido, teria permanecido tetraplégico. As duas mulheres, Rafaela e Marcelly, entregaram-se às autoridades e foram presas em 6 de setembro. Mário, por sua vez, foi detido em 15 de setembro, sendo localizado na residência de um tio de Rafaela, na cidade de Torrinha (SP).
A repercussão do caso foi intensificada pelo fato de Igor Peretto ser irmão de Tiago Peretto, vereador de São Vicente (SP), filiado ao União Brasil.
Confira também: crédito imobiliário
Este desdobramento judicial no caso Igor Peretto reflete a complexidade e a minúcia das investigações de crimes de grande repercussão. A decisão pela soltura da viúva, enquanto o cunhado e a irmã da vítima enfrentam o júri popular, evidencia as diferentes camadas de provas e análises. Para continuar acompanhando os detalhes deste caso e outras notícias da sua editoria, mantenha-se informado em nosso portal, buscando por análises aprofundadas sobre crimes e acontecimentos relevantes na seção de Cidades.
Crédito da imagem: Redes Sociais, Arquivo Pessoal, Polícia Civil, Reprodução/Thais Rozo/g1.


