Nesta quinta-feira (16), a defesa de Roberta Veloso Fernandes, irmã gêmea de Ana Paula Veloso — figura que a polícia apelidou de “serial killer” —, veio a público para refutar o indiciamento. Segundo os representantes legais, a acusação se fundamenta em ilações, e os elementos coletados tentam, de maneira considerada “injusta e falaciosa”, atribuir à investigada participação nos crimes que levaram à morte das vítimas. A declaração reforça o posicionamento da defesa em face das conclusões da Polícia Civil.
A manifestação, formalizada e assinada pelo advogado Almir Sobral, surge um dia após um relatório da Polícia Civil indicar que existem indícios de envolvimento de Roberta em quatro homicídios. Estes são os mesmos casos dos quais sua irmã, Ana Paula, é apontada como principal suspeita. Ana Paula Veloso, de 31 anos, atualmente responde por dois desses homicídios em uma ação penal já instaurada na comarca de Guarulhos, na Grande São Paulo, onde foi detida.
Defesa de Roberta Veloso: Indiciamento É Ilações, Diz Advogado
Em nota oficial, Almir Sobral detalhou que Roberta já havia comparecido para prestar depoimento, negando veementemente qualquer ligação com os eventos em investigação. Ele argumenta que o alicerce da investigação policial repousa primariamente em conversas trocadas via WhatsApp entre as irmãs. Para o advogado, a dependência dessas mensagens configura um “inaceitável processo de criminalização da relação familiar e do mero contato interpessoal”, desconsiderando a ausência de provas materiais diretas da participação de sua cliente nos delitos.
A Contestação da Defesa de Roberta Veloso
O advogado Sobral enfatiza que sua cliente está sofrendo acusações consideradas injustas por parte do relatório elaborado pela Polícia Civil, referentes a situações nas quais Roberta “de fato em nada participou”. Ele prossegue, asseverando que a deliberação pelo indiciamento “carece de lastro probatório concreto, baseando-se em presunções e ilações que se desfazem diante da realidade dos fatos e do depoimento dela própria”. Essa é uma das principais vertentes da estratégia jurídica adotada pela defesa para descredibilizar a acusação policial. Roberta Veloso Fernandes permanece sob prisão temporária desde o mês de julho deste ano. Diante desse cenário, a defesa articula o pedido formal para a revogação de sua prisão temporária, juntamente com a solicitação para que a investigação em curso contra ela seja arquivada, sustentando a ausência de elementos probatórios consistentes para sua manutenção.
Análise da Polícia Civil e o Envio ao Ministério Público
Após a conclusão do relatório policial, o material completo foi devidamente encaminhado ao Ministério Público de São Paulo. Este é o órgão competente que, agora, terá a incumbência de avaliar os indícios apresentados e decidir sobre a eventual proposição de uma denúncia formal contra Roberta. A polícia sustenta a hipótese de que Roberta teve envolvimento, de forma direta ou indireta, nas quatro mortes que são imputadas à sua irmã. Essa parte da investigação corria em paralelo, separada do processo principal contra Ana Paula Veloso, justamente para apurar as conexões da irmã gêmea com os fatos.
As vítimas dos homicídios são identificadas como Marcelo Hari Fonseca, Neil Corrêa, Maria Aparecida Rodrigues e Hayder Mhazres. Para a defesa, as alegações da polícia quanto à proximidade de Roberta com os crimes não se sustentam. Conforme o advogado Sobral, Roberta teria tido apenas “contatos breves” com três das vítimas mencionadas, o que “denota uma relação mínima e sem profundidade”. Em relação a Neil Corrêa, a defesa é categórica ao afirmar que Roberta e a vítima sequer tinham conhecimento prévio um do outro, desqualificando qualquer alegação de envolvimento baseado em familiaridade.
Depoimentos, Códigos e Negociações Financeiras
Em seu próprio depoimento à Polícia Civil, Ana Paula Veloso admitiu a autoria dos assassinatos de Marcelo Hari Fonseca e Neil Corrêa. No entanto, ela negou expressamente qualquer participação de sua irmã, Roberta, nesses crimes. Ana Paula também refutou qualquer envolvimento nas demais mortes em investigação. Contudo, a Polícia Civil alega possuir provas que contrariam a versão de Ana Paula e incriminam Roberta.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
A investigação policial aponta que as irmãs teriam, em momentos distintos, chegado a discutir valores e termos para a concretização dos assassinatos. O inquérito menciona que “As conversas mostram negociação de valores, compensações de dívidas entre Ana Paula e Michelle e repasse de parte do pagamento a Roberta, que chega a reclamar da divisão”. Esta evidência seria um dos pilares da acusação, sugerindo um vínculo financeiro e uma coordenação entre as irmãs para a execução dos delitos. Além disso, a investigação trouxe à tona um áudio no qual Roberta supostamente orienta a irmã Ana Paula a “cobrar R$ 4.000 por futuros TCCs”. Conforme o relatório final do inquérito, “TCCs” seria um termo codificado, utilizado pelas irmãs para se referir aos atos de assassinato, denotando premeditação e um grau de organização criminosa. A complexidade do caso também inclui investigações paralelas conduzidas pelo delegado Halsson Ideião, titular responsável pela condução da apuração. Nesta quarta-feira (15), ele informou que a Polícia Civil de São Paulo está aprofundando-se para determinar se Ana Paula Veloso teria envolvimento em uma alegada tentativa de homicídio ocorrida antes mesmo da morte de Neil Corrêa, que foi encontrado morto em abril deste ano. Essa linha de investigação sugere um padrão de comportamento criminoso anterior ao óbito de Neil Corrêa.
O relatório final da polícia foi encaminhado ao Ministério Público de São Paulo, órgão responsável por avaliar eventual denúncia em casos criminais.
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Em síntese, o caso de Roberta Veloso Fernandes representa um intrincado desafio legal, com a defesa clamando por inocência baseada na fragilidade probatória e a polícia sustentando um indiciamento com indícios complexos. A decisão final agora repousa nas mãos do Ministério Público de São Paulo. Para continuar acompanhando as atualizações sobre este e outros temas relevantes de segurança pública e justiça, explore nossa editoria de Cidades em nosso portal.
Crédito da imagem: Divulgação/Polícia Civil
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