**Trabalho Escravo SP: Quatro Resgatados em Operação Conjunta**
Em um desdobramento das constantes fiscalizações, quatro homens foram recentemente libertados de situações classificadas como análogas à escravidão, após uma série de operações desencadeadas nas cidades de Itapeva e Capão Bonito, localizadas no interior de São Paulo. As ações coordenadas, que visam combater a exploração trabalhista, foram conduzidas por um grupo de entidades com atuação integrada: o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Defensoria Pública da União (DPU), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e a Polícia Federal (PF).
Este tipo de ação conjunta ressalta o compromisso das autoridades brasileiras na fiscalização e proteção dos direitos fundamentais dos trabalhadores. Os casos identificados revelam cenários de extrema vulnerabilidade e desrespeito à legislação vigente, em particular às normas de segurança, saúde e bem-estar.
Trabalho Escravo SP: Quatro Resgatados em Operação Conjunta
Na cidade de Itapeva, a força-tarefa se deparou com a situação de um jovem de apenas 18 anos, que era empregado no cultivo de hortaliças. O trabalhador residia na zona rural, em um ambiente totalmente inadequado e precário. O alojamento em que vivia era improvisado, construído com tapumes e madeiras compensadas, e anteriormente servia como depósito de materiais. Esta moradia desprovida de estrutura básica, composta por apenas dois cômodos, não contava com energia elétrica nem acesso à rede de esgoto. Além das condições insalubres, os auditores fiscais constataram que o jovem utilizava um fogão a lenha para preparar suas refeições, e a água para consumo provinha de um córrego adjacente, a mesma que era utilizada por cavalos em um curral próximo ao local.
A análise da situação revelou graves infrações às leis trabalhistas: o jovem não possuía registro em carteira de trabalho, tampouco recebia equipamentos de proteção individual (EPIs), fundamentais para a segurança em qualquer tipo de labor. Adicionalmente, as frentes de trabalho onde atuava careciam de áreas mínimas e apropriadas para descanso e alimentação dos funcionários, expondo-os a longas jornadas sem infraestrutura de apoio. Diante da gravidade dos fatos, o empregador assinou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o MPT. O documento obriga-o a saldar as verbas rescisórias devidas, além de pagar uma indenização por danos morais individuais ao trabalhador resgatado. O empregador também se responsabilizou por cobrir os custos de hospedagem provisória do jovem em um hotel, bem como as passagens e o transporte de retorno à sua cidade natal, Ribeirão Branco, em São Paulo. O acordo estabelece ainda a demolição da estrutura precária de alojamento e a obrigatoriedade de cumprimento de todas as normas trabalhistas futuras, incluindo a implementação de áreas de vivência adequadas nas frentes de trabalho. Graças ao auto de resgate emitido pelos auditores fiscais, o trabalhador terá garantido seu direito ao seguro-desemprego.
A segunda fase da operação se concentrou em Capão Bonito, onde três homens foram encontrados em uma carvoaria, vivendo em condições que igualmente configuravam trabalho análogo à escravidão. Dois desses trabalhadores residiam em um casebre de madeira bastante deteriorado, com problemas de goteiras e péssimas condições de higiene, que atraíam a presença de roedores. A caixa d’água destinada ao consumo também foi encontrada em estado de sujidade, agravando o risco à saúde. Outro funcionário morava em uma casa na mesma propriedade, juntamente com sua esposa e três filhos, expondo toda a família a um ambiente de degradação. A liberdade de ir e vir desses indivíduos era comprometida, pois a porteira da carvoaria permanecia trancada com cadeado, sem que os empregados tivessem acesso às chaves, criando um ambiente de confinamento e controle.
Além das condições de moradia insalubres e da restrição de liberdade, a exploração financeira era evidente. Os trabalhadores relatavam ter que pagar R$ 150 do próprio bolso sempre que precisavam de transporte para se deslocar até a cidade mais próxima. Outro ponto crítico se referia à jornada e remuneração: após a demissão do encarregado, dois funcionários foram designados para assumir suas responsabilidades, porém, mantiveram o mesmo salário. Eles também eram forçados a custear a contratação de chapas para auxiliar no carregamento de caminhões de carvão e até compraram uma lanterna e uma câmera fotográfica usada, equipada com flash, para clarear o caminho durante o percurso até o trabalho, que se iniciava por volta das 4h da manhã e se estendia até as 18h, totalizando jornadas exaustivas e desumanas. Da mesma forma que no caso de Itapeva, nenhum dos três trabalhadores de Capão Bonito possuía registro em carteira nem recebiam os devidos equipamentos de proteção individual, e as frentes de trabalho não dispunham de locais apropriados para descanso e refeições.
Diante da constatação das violações, o Ministério Público do Trabalho e a Defensoria Pública da União firmaram um novo Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o empregador da carvoaria. Este acordo assegura o pagamento de todas as verbas rescisórias devidas aos trabalhadores, bem como indenizações por danos morais. Os trabalhadores resgatados, que eram oriundos do norte de Minas Gerais, tiveram seu retorno às cidades de origem garantido com transporte custeado pelo empregador. Como em Itapeva, eles também terão direito ao seguro-desemprego, um mecanismo de amparo social. O termo assinado também impõe ao empregador a obrigação de cumprir integralmente as normas trabalhistas, sob pena de multa em caso de descumprimento, visando prevenir futuras reincidências e garantir um ambiente de trabalho digno.
Ações de combate ao trabalho análogo à escravidão são essenciais para assegurar a dignidade humana e o respeito aos direitos fundamentais no ambiente laboral. Tais operações reiteram a vigilância e o comprometimento das instituições como o Ministério Público do Trabalho em identificar e punir práticas desumanas. O trabalho forçado e as condições degradantes persistem em diversas regiões do Brasil, exigindo atenção contínua e esforços coordenados.
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A luta contra as condições análogas à escravidão permanece como um dos maiores desafios do país. É crucial que a sociedade e os órgãos de fiscalização se mantenham atentos e atuantes para garantir que a legislação trabalhista seja cumprida e que todos os trabalhadores gozem de seus direitos e de condições de trabalho dignas. Para mais informações sobre políticas públicas e fiscalização trabalhista no interior de São Paulo, visite nossa editoria de Cidades e acompanhe as últimas notícias.
Crédito da imagem: Divulgação/Ministério Público do Trabalho

Imagem: g1.globo.com



