Israel restringe a ajuda humanitária em Gaza, adotando uma medida para aumentar a pressão sobre o Hamas, visando à devolução completa dos corpos dos reféns que permanecem sob custódia do grupo terrorista. Essa decisão surge em meio a uma profunda e persistente angústia das famílias israelenses, apesar da recente entrega de mais quatro corpos. O cenário é de extrema complexidade, onde os esforços por acordos e uma trégua duradoura na região se confrontam com imensos desafios humanitários e de segurança.
Na última segunda-feira, dia 13, o Hamas devolveu os restos mortais de mais quatro israelenses. No coração de Tel Aviv, o “Relógio dos Reféns” segue marcando o tempo de sofrimento das famílias que ainda esperam o retorno de seus entes queridos, uma expectativa permeada pela importância cultural e religiosa do sepultamento no judaísmo. As autoridades israelenses procederam à identificação dos corpos entregues: Guy Iluz, engenheiro de som de 26 anos, que sofreu ferimentos durante o ataque do Hamas no festival de música Nova e, segundo as Forças de Defesa de Israel, não sobreviveu devido à falta de tratamento adequado durante o cativeiro; Bipin Joshi, um estudante nepalês de agronomia de 23 anos, que trabalhava em um kibutz e, conforme relatos de amigos, agiu heroicamente em 7 de outubro, salvando vidas ao se livrar de uma granada, mas foi sequestrado e morto nos meses iniciais do conflito; Daniel Perez, capitão do Exército Israelense de 22 anos, que perdeu a vida ao tentar repelir a invasão do Hamas e teve seu corpo levado para Gaza; e Yossi Sharabi, de 53 anos, capturado em seu kibutz com o namorado de sua filha. Embora o jovem tenha sido libertado um mês depois, Yossi foi assassinado durante o cativeiro.
Israel restringe ajuda humanitária em Gaza por corpos de reféns
A devolução dos quatro corpos noturna do dia 13 é parte de um esforço maior, visto que o grupo terrorista Hamas ainda detém os restos mortais de outros vinte reféns. Em contrapartida, nesta terça-feira, dia 14, cumprindo o que havia sido acordado, Israel entregou 45 corpos de palestinos à Cruz Vermelha, que foram posteriormente levados para Khan Younis, na Faixa de Gaza. Simultaneamente, os 20 reféns israelenses que foram libertados vivos na segunda-feira permanecem sob rigorosa observação médica.
Profissionais de saúde de um dos hospitais explicaram o protocolo inicial: pesagem e exames de sangue foram as primeiras providências para identificar deficiências de vitaminas e minerais. Muitos reféns retornaram com claros sinais de subnutrição, como foi o caso de Evyatar, cujo vídeo chocante, em agosto, o mostrava magérrimo, escavando o que seria sua própria cova. Parentes dos libertados estimam que levará dias ou até semanas para que os ex-reféns recebam alta hospitalar. O relato da cunhada de Eitan expressou o desejo simples do familiar: uma boa refeição, risadas e a alegria de brincar com os sobrinhos.
Após o breve alívio trazido pelo cessar-fogo, uma profunda preocupação permeia tanto israelenses quanto palestinos na região. Há um reconhecimento unânime sobre os inúmeros obstáculos que se impõem até mesmo aos objetivos mais imediatos do plano de paz. O palestino Amin descreve o cenário desolador em Gaza, onde a destruição é generalizada, com ausência total de comida, água, medicamentos e quaisquer recursos básicos. Sarah Davies, porta-voz da Cruz Vermelha, reitera a dificuldade de circulação em Gaza para distribuir ajuda devido à extensão dos danos. Segundo ela, será um “longo tempo” até que as necessidades básicas da população sejam minimamente atendidas.
A situação é agravada pela iminência do inverno, que trará consigo a queda das temperaturas. O prefeito da cidade de Gaza lançou um apelo urgente por tendas e abrigos para os moradores desalojados. Em resposta a essa crise humanitária crescente, diversas entidades vinculadas à Organização das Nações Unidas (ONU) cobraram, na terça-feira (14), que Israel facilitasse a entrada de um volume maior de ajuda humanitária. Contudo, o governo israelense notificou a ONU de sua intenção de reduzir pela metade o fluxo de suprimentos em Gaza. Adicionalmente, a passagem de Rafah, crucial na fronteira com o Egito, permanecerá fechada enquanto o Hamas não cumprir integralmente com a devolução de todos os corpos dos reféns.

Imagem: g1.globo.com
A violência interna em Gaza é outra fonte de apreensão, com relatos crescentes de conflitos entre gangues palestinas rivais e execuções. A tensão se acentua também pela presença militar. Nesta mesma terça-feira, as forças de Israel abriram fogo contra um grupo que tentava se aproximar das tropas israelenses, que ainda ocupam aproximadamente metade do território palestino. A fragilidade da trégua vigente preocupa, por exemplo, o israelense Yonatan, cujo sentimento é de continuidade do legado. A mãe de Yonatan, Vivian Silver, uma renomada ativista pela paz na região, foi brutalmente assassinada em 7 de outubro. Ele compartilhou a percepção de que, com a morte de sua mãe, recaiu sobre ele a responsabilidade de prosseguir seu trabalho, convicto de que se mais pessoas tivessem dado ouvidos a ela, os acontecimentos de 7 de outubro poderiam ter sido evitados. Yonatan defendeu veementemente o fim da polarização no histórico Conflito Israel-Palestina, advogando por uma colaboração mais construtiva entre judeus e muçulmanos, israelenses e palestinos, e seus aliados globais, sob o lema da paz e igualdade.
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Em suma, a intensificação da crise humanitária em Gaza, a complexa negociação pela devolução de reféns e a fragilidade do cessar-fogo sublinham a necessidade urgente de soluções para um conflito que perdura. O caminho para a estabilidade e a reconstrução de vidas exige mais do que meros acordos temporários, mas sim um compromisso duradouro com a paz. Para mais detalhes e análises aprofundadas sobre a situação política no Oriente Médio e outros temas relevantes, continue acompanhando as publicações em nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Jornal Nacional/ Reprodução
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