A decisão mais recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) anula a condenação de Francisco Mairlon Barros Aguiar, implicado no emblemático Crime da 113 Sul, que abalou Brasília em 2009. Aguiar permaneceu preso por aproximadamente 15 anos devido a uma suposta participação neste triplo homicídio. A deliberação da corte superior o declara não apenas livre da condenação, mas também exime de sua condição de réu no processo.
A determinação judicial veio a público nesta semana, e a expectativa é que Francisco Mairlon seja liberado nos próximos dias, após a formalização com a publicação do acórdão e a subsequente notificação às autoridades penitenciárias do Distrito Federal. A revogação não se limita apenas à sentença, abrangendo todo o processo que havia levado à condenação de Francisco no complexo caso que envolveu mortes chocantes.
STJ Anula Condenação no Crime da 113 Sul Após 15 Anos Preso
A defesa de Francisco Mairlon foi conduzida pela renomada organização não governamental Innocence Project Brasil, que se dedica à revisão de casos marcados por potenciais falhas judiciais. Em sua argumentação perante o STJ, a advogada Dora Cavalcanti sublinhou que os depoimentos cruciais que alicerçaram a condenação do acusado foram obtidos sob condições de pressão e intimidação por parte dos responsáveis pela investigação inicial do triplo homicídio.
Alegou-se que Francisco foi, em suas próprias palavras e nas de sua defesa, “esquecido” pelo Estado brasileiro durante uma década e meia de sua vida, transcorrida em privação de liberdade sem a existência de provas robustas contra ele. “A única sustentação invocada para a denúncia, para a pronúncia [o encaminhamento do caso ao júri popular], e o elemento exclusivo apresentado aos jurados e empregado para manter a condenação, foram confissões extrajudiciais”, ressaltou a advogada. Seus argumentos foram aceitos de forma integral pela Corte.
Implicações da Decisão e Recurso Judicial
Diante desta importante reviravolta jurídica, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) ainda detém a prerrogativa de recorrer da deliberação do STJ. Em contato para comentar a decisão, a assessoria do UOL informou que aguarda um posicionamento oficial do órgão, que não foi divulgado até a última atualização. Tal possibilidade adiciona uma camada de incerteza à plena resolução do caso, apesar da anulação da condenação de Aguiar.
Paralelamente, é importante destacar que o Crime da 113 Sul já teve outras controvérsias judiciais significativas. A arquiteta Adriana Villela, filha das vítimas e apontada como a suposta mandante do crime, teve sua condenação anterior anulada. Inicialmente sentenciada a 61 anos de prisão, ela também viu seu veredito revogado pelo STJ no mês anterior, o que resultará em um novo julgamento. Esse desdobramento ressalta a complexidade e a natureza inconclusiva de diversos aspectos do caso.
O Contexto do Triplo Homicídio da 113 Sul
O impactante triplo homicídio que ficou conhecido como o Crime da 113 Sul ocorreu no ano de 2009. As vítimas foram o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Guilherme Villela, sua esposa, Maria Villela, e a funcionária do casal, Francisca Nascimento da Silva. Os três foram brutalmente assassinados a facadas no apartamento da família, localizado na quadra 113 Sul em Brasília, no dia 29 de agosto daquele ano.

Imagem: noticias.uol.com.br
Francisco Mairlon Barros Aguiar foi detido em novembro de 2010 sob a acusação de envolvimento. Em 2013, foi condenado em primeira instância a uma pena de 55 anos de reclusão. Posteriormente, em segunda instância, a pena foi atenuada para 47 anos. A recente decisão do STJ, ao reconhecer ilegalidades na condução do processo que culminou em sua condenação, efetivamente o retira da condição de réu e anula toda a penalidade.
Outros Envolvidos e a Repercussão Nacional
Além de Francisco Mairlon e Adriana Villela, outros indivíduos foram condenados pelo mesmo crime e, até o momento da publicação desta matéria, continuam detidos. São eles Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde o crime se desenrolou, que cumpre uma sentença de 60 anos, e Paulo Cardoso Santana, sobrinho de Leonardo, condenado a 62 anos de prisão. Leonardo foi uma figura central ao, em sua confissão à polícia, apontar Adriana Villela como a idealizadora do plano criminoso.
O caso ganhou repercussão nacional avassaladora desde sua ocorrência. Conhecido amplamente como o Crime da 113 Sul, em alusão ao endereço de Brasília, inspirou a criação de conteúdos de grande alcance, incluindo um podcast e uma série documental, ambos lançados pela plataforma Globoplay. Para entender melhor os ritos processuais em casos criminais complexos, você pode consultar o portal do Conselho Nacional de Justiça, que oferece uma vasta gama de informações sobre a justiça brasileira.
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Esta análise profunda sobre a anulação da condenação de Francisco Mairlon Barros Aguiar lança luz sobre os desafios da justiça e a importância de uma revisão rigorosa dos processos penais. Acompanhe a nossa editoria de Política e Análises para ficar por dentro das últimas notícias e desdobramentos sobre casos jurídicos e decisões que moldam a sociedade.
Crédito da imagem: Reprodução/Globoplay
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