Rima Santarém 2025: Hip Hop na Amazônia celebra arte e resistência

O Rima Santarém 2025 chega à sua terceira edição, consolidando o movimento Hip Hop como uma potente ferramenta de identidade, resistência e transformação social na região amazônica. Com a temática “Edição 093”, que presta homenagem ao código de área telefônico local, o evento ganha autonomia e expande seu alcance para além das fronteiras de Santarém, englobando também as comunidades de Aveiro, Monte Alegre e Itaituba.

A iniciativa, agora independente, foca em levar as raízes da cultura Hip Hop a mais municípios, realizando seletivas nessas cidades. Os competidores vencedores de cada território garantirão vaga na grande final. A etapa decisiva do Rima Santarém 2025 está programada para ocorrer em Santarém, no sábado, 18 de outubro de 2025, em um local estratégico: a praça situada entre o Tribunal de Justiça do Trabalho (TFT) e o popular Trevo da Calcinha.

Rima Santarém 2025: Hip Hop na Amazônia celebra arte e resistência

A relevância do projeto Rima Santarém 2025 é sublinhada pela sua aprovação no Edital Criação da Lei de Incentivo Aldir Blanc. Esta certificação, concedida pelo Governo do Estado do Pará, atesta o reconhecimento da proposta como uma ação cultural significativa e transformadora dentro do cenário cultural da Amazônia. Mais do que uma mera disputa de rimas, o Rima é caracterizado como um vibrante movimento cultural que proporciona um espaço vital para a juventude das comunidades periféricas da região amazônica. Por meio da arte, esses jovens encontram um senso de pertencimento e descobrem novas trajetórias e perspectivas de futuro.

O objetivo central do projeto Rima Santarém 2025 é oferecer oportunidades genuínas e conferir visibilidade a artistas que, em muitas ocasiões, enfrentam circunstâncias de marginalização. A proposta reafirma veementemente que é possível obter sustento da prática artística e, sobretudo, modificar realidades através dela. Kau Silva, que atua como coordenadora do projeto, descreve o Rima como uma ferramenta de expansão pessoal e coletiva. “É sobre criar oportunidades para uma galera que é muitas vezes excluída, sobre dar visibilidade, sobre mostrar que esses artistas não são marginais — eles são potentes, criativos e têm muito a dizer”, salienta Silva, que também é a idealizadora do Rima Santarém. Ela adiciona que cada nova edição do evento a motiva, pois demonstra a capacidade de gerar um impacto positivo na vida de outros indivíduos.

Programação Diversificada e Alcance Regional do Evento

Em Santarém, a programação prévia incluiu cinco etapas seletivas distintas, assegurando a representatividade e a variedade de abordagens artísticas e narrativas: a Batalha da SS, a Batalha do Operário, a Batalha da Trincheira e a Batalha da Quebra. Adicionalmente, foi realizada uma Seletiva de Cotas Afirmativas, especificamente desenhada para promover a inclusão de mulheres, indivíduos LGBTQIAPN+, quilombolas, ribeirinhos e indígenas, fortalecendo a diversidade e a equidade no cenário. Oito MCs foram selecionados nessas fases preliminares e disputarão a aguardada grande final, que concederá prêmios em dinheiro aos campeões, incentivando ainda mais a profissionalização dos artistas.

A grade de atividades do Rima Santarém 2025 vai além das competições de rima, abrangendo também a dança, o diálogo construtivo e a formação cultural dos participantes. No dia 16 de outubro de 2025, o evento será inaugurado com uma Oficina de Danças Urbanas, sob a instrução de Hian Maniva, um renomado bailarino e coreógrafo da região, que compartilhará sua expertise e técnicas com os presentes. As danças urbanas são um componente essencial do Hip Hop, representando a expressão corporal da cultura.

O dia 17 de outubro será marcado por uma Roda de Conversa/Workshop intitulada “Os desafios da Cena do Hip Hop na Amazônia”, que ocorrerá no Teatro Victória. Este painel reunirá figuras proeminentes do movimento cultural e da administração pública, tais como Daniel Noel, representando a Cufa Pará; Priscila Castro, da Secretaria de Cultura; Raphael Ribeiro, do Comitê de Cultura; Hyan Maniva, o bailarino e coreógrafo; Kaipora, MC, rapper e produtora cultural; Kau Silva, idealizadora do Rima Santarém; e Mão no Bolso MC, que ostenta o título de campeão estadual do Duelo de MCs de 2024. A discussão visa abordar as dificuldades e as potencialidades da cultura Hip Hop na complexidade do contexto amazônico, propondo soluções e sinergias.

O auge das celebrações, o sábado, 18 de outubro de 2025, promete uma explosão de energia na Praça do Mascotinho. A festa será animada pela DJ Allana, com diversas atrações, incluindo batalhas de Allstyle, envolventes apresentações musicais e performances de dança. Haverá também desafios interativos e, como ponto culminante da noite, a tão aguardada Batalha de Rima, o carro-chefe do Rima Santarém 2025. Para garantir que a magnitude do movimento alcance um público ainda mais vasto, todo o evento será transmitido ao vivo por meio do canal oficial do Rima Santarém no YouTube, permitindo que espectadores de qualquer localidade participem e testemunhem a força da cultura Hip Hop amazônica.

Arte, Inclusão e Empoderamento na Amazônia

O Rima Santarém 2025 solidifica sua posição como uma iniciativa cultural que preza e eleva a arte originária das periferias, colocando em destaque os princípios de acessibilidade e inclusão em todas as etapas de sua realização. A organização empenha-se incansavelmente para forjar ambientes que sejam genuinamente abertos e plurais, assegurando assim a participação efetiva de todos os segmentos da sociedade. Esta abordagem multifacetada reforça a construção de um Hip Hop amazônico que é intrinsecamente diversificado e verdadeiramente representativo da sua população. Para exemplificar o comprometimento com a equidade, a equipe responsável pela organização do evento é composta majoritariamente por mulheres, indivíduos negros, pessoas com deficiência (PcDs) e membros da comunidade LGBTQIAPN+, refletindo a dedicação inabalável do projeto à representatividade e à justiça social.

Segundo Kau Silva, o evento vai além da celebração da arte; ele também encarna um potente símbolo de superação e uma janela para o futuro. Kau revela o progresso da iniciativa, destacando: “Esse ano passamos no MiCBR, e vamos levar o Rima para tentar atrair investidores e tornar o evento ainda maior”. Essa etapa de aprovação no MiCBR (Mercado das Indústrias Criativas do Brasil) é um indicativo da seriedade e do potencial de crescimento do Rima Santarém 2025. Silva expressa ainda sua motivação contínua, observando a transformação que o projeto propicia: “A cada edição, eu vejo artistas que antes se sentiam invisíveis agora sendo reconhecidos. Isso me move. As oportunidades que eu não tive, hoje consigo criar para os outros”, declarou, evidenciando o papel de mentoria e o legado de empoderamento que o Rima busca estabelecer. Este sentimento ressalta a importância de criar caminhos onde antes não existiam, solidificando a comunidade Hip Hop da Amazônia.

Por meio de um conjunto de ações que unem a potência da arte à empatia e ao protagonismo social, o Rima Santarém 2025 reafirma de forma inequívoca a vitalidade e a força do Hip Hop como um movimento cultural pulsante na Amazônia. É uma manifestação coletiva que habilmente transmuta a dor e os desafios da realidade em poesia lírica, o ritmo contagiante em atos concretos de resistência, e o talento nato de seus praticantes em um promissor vislumbre de futuro para a região e seus jovens artistas.

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Crédito da imagem: Divulgação