María Corina Machado Prevê Queda de Maduro: ‘Contagem Regressiva’
Líder da oposição venezuelana reitera convicção na saída do presidente, destacando cenário de pressão e diplomacia intensificada. Em uma entrevista reveladora, a laureada com o Nobel da Paz detalhou a dinâmica política e os desafios que moldam o futuro do país caribenho, reiterando a inevitabilidade de uma transição de poder, independente das articulações de diálogo.
María Corina Machado Prevê Queda de Maduro: ‘Contagem Regressiva’
Em 13 de outubro de 2025, María Corina Machado, figura proeminente da oposição venezuelana e recém-honrada com o Prêmio Nobel da Paz, divulgou projeções assertivas sobre o destino político de Nicolás Maduro. A declaração, concedida à Agence France-Presse (AFP) três dias após a notícia de sua premiação, sublinha sua crença de que Maduro deixará o poder, com ou sem o estabelecimento de um processo negociado, impulsionada pelo que ela descreve como uma “contagem regressiva”. O contexto dessas afirmações é a crescente pressão militar por parte dos Estados Unidos no cenário regional.
A honraria do Nobel da Paz foi conferida a María Corina Machado em reconhecimento à sua incansável defesa da democracia e sua notável atuação contra a repressão política na Venezuela. A líder opositora fez questão de dedicar o prestigiado prêmio tanto ao povo venezuelano, que enfrenta profundas crises, quanto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A notícia do prêmio e as falas de Machado ganharam relevância particular em meio à controvérsia gerada pelo envio de navios de guerra norte-americanos ao Caribe, uma ação que Maduro veementemente denunciou como uma manobra de “assédio” à soberania de seu país. Por outro lado, Washington defendeu a movimentação como uma operação legítima de combate ao narcotráfico, chegando a acusar Maduro de supostamente liderar um cartel de drogas.
Abordando as movimentações militares americanas, María Corina Machado expressou seu apoio às manobras, optando por não utilizar o termo “invasão”. Em vez disso, ela fez uma distinção fundamental: “A invasão que existe aqui é a dos cubanos, russos, iranianos, do Hezbollah, Hamas, dos cartéis de drogas, da guerrilha das Farc. Essa é a invasão que ocorre na Venezuela”, pontuou a opositora durante a entrevista concedida por videochamada. Sua análise aponta para a desarticulação dessas estruturas, que, segundo ela, têm sido responsáveis pelo saque do país e por um legado de “morte e dor”. Machado enfatizou que o governante venezuelano detém neste momento uma chance para conduzir uma transição pacífica. Contudo, reforça que, “com negociação, sem negociação, ele vai deixar o poder”.
A líder opositora também trouxe à tona suas convicções de que as eleições de 28 de julho de 2024 teriam sido marcadas por fraude, sustentando que Edmundo González Urrutia seria o legítimo vencedor do pleito. Para ela, a percepção de um Maduro “encurralado” contrasta com a imagem de firmeza que o líder chavista procura projetar na televisão estatal. Esta perspectiva da fragilidade interna, apesar da retórica oficial, tem sido um dos pilares da estratégia de Machado e de seus aliados na oposição.
Durante a entrevista, María Corina Machado garantiu a existência de “garantias” que seriam ofertadas para facilitar a saída de Maduro do poder. Contudo, ela ressaltou que essas propostas permanecerão confidenciais até que um diálogo efetivo e transparente se materialize em uma mesa de negociações. Em tom de advertência, ela destacou a seriedade da situação: “Se ele [Maduro] insistir em aplicar mais e mais força, as consequências serão de sua responsabilidade direta, de mais ninguém”, declarou Machado. Ao ser questionada sobre a natureza dessas “consequências”, a ganhadora do Nobel evitou especulações diretas, optando por salientar as ferramentas da sociedade civil. “Nós, venezuelanos, não temos armas de fogo, temos a palavra, temos a organização cidadã, temos a pressão, temos a denúncia”, reforçou, delimitando o escopo de ação da oposição pacífica.
A premiação com o Nobel da Paz, confessa María Corina, não estava em seus planos. A notícia, que a pegou de surpresa ao ser acordada por um telefonema, foi descrita como uma das maiores surpresas de sua vida. “Confesso que hoje, três dias depois, ainda a estou processando. Acho que esse reconhecimento ao povo da Venezuela foi uma injeção de ânimo”, relatou, revelando o impacto pessoal e coletivo do prêmio. Inicialmente, a reação da Casa Branca gerou certa perplexidade e até crítica por parte de alguns observadores internacionais. Contudo, a dedicatória do prêmio ao então presidente Donald Trump foi, para Machado, um movimento estratégico e consensual entre a oposição venezuelana. “Existe um consenso geral entre os venezuelanos em reconhecer o presidente Trump, o que consideramos justo e necessário”, explicou.
Machado justificou a homenagem a Trump como uma forma de “transmitir a ele o quanto a Venezuela precisa da sua liderança e da coalizão internacional que se formou” sob sua gestão. A líder opositora enfatizou a importância dessas ações na “interrupção das fontes de financiamento do crime, que são as que sustentam este regime”, um pilar central em sua argumentação contra a manutenção de Maduro no poder. Ela argumenta que sem o fluxo de recursos ilegais, o regime perderia sua principal sustentação e não teria como prosseguir com suas atividades ilícitas e repressivas.

Imagem: g1.globo.com
A movimentação das tropas norte-americanas no Caribe foi classificada por María Corina Machado como uma decisão soberana dos Estados Unidos, tomada com base em suas estratégias de segurança e defesa nacional. No entanto, ela atribui a Nicolás Maduro a verdadeira “declaração de guerra” contra os venezuelanos. Em sua visão, Maduro seria o perpetrador do terrorismo de Estado dentro das fronteiras nacionais e do narcoterrorismo em nível externo, reforçando a imagem de um governo que opera fora dos parâmetros da legalidade e da justiça internacional. Para acompanhar mais sobre a diplomacia internacional na região, você pode consultar fontes de notícias confiáveis como o G1.
Mantendo um fluxo de comunicação “fluida” com representantes de Washington, bem como com governos de países da América Latina e da Europa, María Corina Machado demonstra uma ativa frente diplomática. Curiosamente, a líder opositora também revelou um contato “cada vez maior” com militares que publicamente juraram lealdade a Nicolás Maduro, sinalizando uma possível tentativa de influenciar ou fragmentar as bases de apoio ao governo dentro das Forças Armadas venezuelanas. Essa abertura de diálogo com setores aparentemente leais ao regime indica uma estratégia abrangente, que não se restringe apenas à pressão internacional e à mobilização civil.
Ao ser questionada sobre a possibilidade de uma revolta popular ou militar, Machado adota uma postura inclusiva. Ela acredita que “civis, militares, todos temos um papel a desempenhar” na construção de um novo caminho para o país. Sua visão se alinha com a restauração da Constituição, o que seria concretizado através do respeito aos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho. Para ela, qualquer ação que garanta a validação desse pleito, no qual Edmundo González Urrutia é apontado como vencedor, significaria um retorno à legalidade democrática.
María Corina Machado vive na clandestinidade há mais de um ano, mas essa condição não parece abalar sua determinação. Pelo contrário, ela encara o período com uma perspectiva singular. “Se eu tivesse que fazer alguma coisa agora, não seria somar dias, e sim subtrair os que faltam, porque não tenho dúvida de que estamos em uma contagem regressiva”, afirmou a opositora. Essa metáfora poderosa traduz sua inabalável convicção de que o regime de Maduro tem seus dias contados, alimentando a esperança de seus seguidores na iminência de uma mudança.
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Em resumo, as declarações de María Corina Machado, vencedora do Nobel da Paz, delineiam um cenário de intensa pressão política e militar sobre o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. Sua convicção de uma “contagem regressiva” para a queda do atual presidente, aliada à denúncia de fraudes eleitorais e à busca por apoio internacional e diálogo com militares, sugere uma escalada nas articulações opositoras. Para aprofundar-se nos desenvolvimentos políticos e nas análises sobre a América Latina, continue explorando nossa editoria de Política.
Crédito da Imagem: Reprodução/APTV e Reuters/Leonardo Fernandez Viloria
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