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Presidente de Madagascar Deixa o País Após Protestos da Geração Z

O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, teria deixado o país insular africano, conforme informações divulgadas nesta segunda-feira (13) por líderes da oposição e outras autoridades governamentais. A eventual saída de Rajoelina marca a segunda vez em um breve período que jovens manifestantes, englobados pela chamada Geração Z, impulsionam a derrubada de um governo em meio […]

O presidente de Madagascar, Andry Rajoelina, teria deixado o país insular africano, conforme informações divulgadas nesta segunda-feira (13) por líderes da oposição e outras autoridades governamentais. A eventual saída de Rajoelina marca a segunda vez em um breve período que jovens manifestantes, englobados pela chamada Geração Z, impulsionam a derrubada de um governo em meio a uma onda global de levantes sociais.

De acordo com Siteny Randrianasolonaiko, líder da oposição no Parlamento de Madagascar, em declarações à Reuters, Rajoelina teria partido no domingo (12). A informação surge após a deserção de unidades do Exército, que teriam se unido aos grupos revoltosos. Relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que ao menos 22 pessoas perderam a vida em confrontos com as forças de segurança desde o dia 25 de setembro.

Presidente de Madagascar Deixa o País Após Protestos da Geração Z

A ira popular durante os protestos também atingiu o presidente do Senado, Richard Ravalomanana, que foi oficialmente destituído de suas funções, segundo comunicado da própria Casa. Em seu lugar, Jean André Ndremanjary foi nomeado interinamente. Conforme a constituição local, na ausência do chefe de Estado, a liderança do Senado assume o cargo provisoriamente até a convocação de novas eleições. “Fizemos contato com a equipe da Presidência, e eles confirmaram a saída do país”, afirmou Siteny Randrianasolonaiko, que preferiu não revelar o paradeiro atual de Rajoelina.

O gabinete presidencial, que anteriormente havia anunciado um pronunciamento à nação do chefe de Estado para as 19h locais (13h de Brasília) desta segunda-feira, não emitiu qualquer resposta a pedidos de esclarecimento até o momento da publicação desta matéria. Informações da agência Reuters, que se baseiam em fontes militares, sugerem que Rajoelina teria deixado o país em uma aeronave militar da França, no domingo, e que a rádio francesa RFI reportou um possível acordo com o presidente francês Emmanuel Macron. Um militar testemunhou a chegada de um avião Casa francês no aeroporto de Sainte Marie, em Madagascar, no domingo, e a posterior transferência do passageiro, presumivelmente Rajoelina, para esta aeronave por meio de um helicóptero, apenas cinco minutos depois.

Os protestos em Antananarivo, a capital do antigo território francês, eclodiram em 25 de setembro. Inicialmente, as manifestações foram motivadas pela grave escassez de água e energia. Contudo, rapidamente escalaram para um levante abrangente contra problemas estruturais do país, incluindo denúncias de corrupção sistêmica, má governança e a ausência de serviços básicos de qualidade para a população. Esse movimento reflete uma recente onda de contestações contra elites governamentais, similar ao que foi visto em países como o Nepal – onde o primeiro-ministro foi forçado a renunciar no mês passado –, Quênia e Marrocos. A ONU monitora de perto essas crises regionais, buscando a promoção de estabilidade e direitos civis. Para entender melhor os direitos à liberdade de reunião e manifestação, você pode consultar informações detalhadas no site da Organização das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Perda de Apoio Militar Aprofunda Crise Política

Andry Rajoelina viu sua posição enfraquecer progressivamente, especialmente após a perda do apoio da Capsat, uma unidade de elite crucial que havia sido instrumental em sua ascensão ao poder durante um golpe em 2009. No decorrer do último fim de semana, a Capsat juntou-se abertamente aos manifestantes, recusando-se a usar força letal contra eles. A unidade chegou a escoltar milhares de cidadãos em protesto até a praça central de Antananarivo, aprofundando o cenário de desestabilização. A Capsat, em seguida, declarou que assumiria o comando das Forças Armadas e designou um novo chefe para o Exército, o que levou Rajoelina a emitir um alerta, ainda no domingo, sobre o que considerou uma tentativa de golpe de estado na ilha costeira do sul da África.

Nesta segunda-feira (13), a crise se expandiu com uma facção da gendarmeria – força policial com raízes no período colonial e que agora manifesta apoio aos protestos – tomando formalmente o controle da instituição em uma cerimônia que contou com a presença de altos funcionários do governo, conforme relatado por testemunhas da Reuters. “Todo uso da força e qualquer comportamento impróprio contra nosso povo estão proibidos. A gendarmeria é uma força destinada a proteger pessoas, não os interesses de alguns indivíduos”, declarou a Força de Intervenção da Gendarmeria Nacional em um comunicado televisionado pela Real TV, solidificando o seu posicionamento a favor dos manifestantes e contra a repressão.

Presidente de Madagascar Deixa o País Após Protestos da Geração Z - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

O Grito das Ruas e o Cenário Socioeconômico de Madagascar

Nas avenidas principais de Antananarivo, a capital, a Avenida Independência foi palco de intensos protestos anti-governo neste domingo. As vozes da população revelavam um profundo descontentamento. “O presidente está no poder há mais de 15 anos e ainda não há água, eletricidade ou empregos”, disse Vanessa Rafanomezantsoa, uma mãe de dois filhos desempregada, de 24 anos. “Vejam Madagascar. Eles [o governo] são ricos e nós não temos o suficiente para comer.” Na segunda-feira, milhares de pessoas se aglomeraram em uma praça da capital, entoando o coro de “O presidente deve sair agora”. Adrianarivony Fanomegantsoa, funcionário de hotel de 22 anos, revelou à Reuters que seu salário mensal de 300 mil ariarys (equivalente a US$ 67) mal cobre os custos de alimentação, justificando sua participação nas manifestações. “Em 16 anos, o presidente e seu governo não fizeram nada além de enriquecer, enquanto o povo continua pobre. E a juventude, a Geração Z, sofre mais que todos”, pontuou Fanomegantsoa.

O país africano, cuja idade média é inferior a 20 anos, abriga uma população de aproximadamente 30 milhões de habitantes, dos quais três quartos vivem em situação de pobreza, segundo dados do Banco Mundial. A renda média anual permaneceu estagnada em cerca de US$ 600 (equivalente a R$ 3.315), ao passo que os preços dos alimentos experimentaram uma disparada. Embora Madagascar seja mundialmente reconhecido por sua liderança na produção de baunilha, outras exportações como níquel, cobalto, têxteis e camarões desempenham um papel vital na geração de divisas e na criação de postos de trabalho, sendo cruciais para a frágil economia local que enfrenta tamanha instabilidade política e social.

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Em suma, a situação política em Madagascar, marcada pela alegada saída do presidente Andry Rajoelina e pela adesão das forças de segurança aos manifestantes, reflete um profundo descontentamento popular. As reivindicações, impulsionadas principalmente pela Geração Z, evidenciam a insatisfação com a escassez de recursos básicos, corrupção e má governança. Para continuar acompanhando as complexidades e desdobramentos das crises políticas globais, continue navegando em nossa seção de Política e fique por dentro dos principais acontecimentos que moldam o cenário internacional.

Crédito da imagem: Luis Tato/AFP

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