A crise política em Madagascar atingiu um novo patamar de instabilidade com a notícia de que o presidente Andry Rajoelina deixou o país no domingo, 12 de maio. A partida do mandatário ocorreu no rescaldo de eventos que viram militares rebeldes assumirem o controle das Forças Armadas e se unirem a um crescente movimento de protesto liderado pela Geração Z.
O anúncio oficial da saída do presidente Rajoelina foi feito pelas autoridades de Madagascar na segunda-feira, 13 de maio, revelando que ele havia fugido no dia anterior. A agência de notícias Reuters obteve a informação do líder da oposição no Parlamento, Siteny Randrianasoloniaiko, que confirmou a partida do chefe de estado. Segundo Randrianasoloniaiko, a saída de Rajoelina sucedeu a deserção de unidades do exército, que optaram por se alinhar aos manifestantes. Estes grupos de jovens, apelidados de Geração Z, estão nas ruas de Madagascar desde 25 de setembro, expressando profunda insatisfação com a administração vigente.
Presidente de Madagascar Foge do País em Meio a Protestos
O epicentro desta mobilização tem sido a capital Antananarivo, onde os protestos começaram com demandas por soluções para cortes recorrentes de água e eletricidade. Contudo, rapidamente se expandiram para incluir denúncias mais amplas de corrupção governamental, falha na liderança política e uma alarmante escassez de oportunidades para a população, especialmente para os jovens. A amplificação desses protestos levou a confrontos significativos, e a crescente adesão de militares às causas dos manifestantes sinalizou uma erosão severa do controle governamental sobre as instituições de segurança do país.
A situação escalou drasticamente no domingo, 12 de maio, quando um contingente do Exército de Madagascar declarou, por meio de um vídeo amplamente divulgado, que havia assumido o comando de todas as forças armadas do país. Essa proclamação veio à tona logo após o próprio presidente Andry Rajoelina ter denunciado publicamente o que classificou como uma “tentativa ilegal de tomada do poder”. Na declaração militar, ficou explícito que todas as ordens para as forças terrestres, aéreas e marítimas malgaxes passariam a emanar diretamente do quartel-general do CAPSAT, a sigla que designa o comando de oficiais administrativos e técnicos. Em resposta a essa contundente manifestação de força, o governo emitiu um comunicado oficial em suas redes sociais, reiterando sua posição de que estava em andamento uma tentativa de tomada de poder de natureza violenta e ilegítima. O comunicado enfatizava ainda que o presidente, naquele momento, priorizava o diálogo como o caminho preferencial para a resolução da crise que se desenhava.
Naquele domingo, o paradeiro exato de Andry Rajoelina era desconhecido, gerando especulações e incertezas sobre o futuro imediato da nação insular. É relevante notar que, apenas um dia antes, o gabinete presidencial havia emitido garantias à população de que tanto o presidente quanto o primeiro-ministro mantinham “controle total” sobre todas as ações e operações dentro do país. Essa afirmação contrastava marcadamente com os eventos em desenvolvimento e a percepção de perda de controle que se disseminava. O desfecho do domingo marcou, portanto, um ponto de inflexão decisivo, com a materialização da deserção de parte das Forças Armadas e a intensificação dos desafios à autoridade presidencial.
O sábado, 11 de maio, já havia sido um prenúncio dos eventos seguintes, quando militares se uniram abertamente a milhares de manifestantes antigovernamentais em Antananarivo. Os protestos nessa data foram os mais massivos desde o início do movimento Geração Z, em 25 de setembro, demonstrando a crescente força e articulação da oposição. No mesmo dia, uma unidade da gendarmerie – força paramilitar que anteriormente atuava em conjunto com a polícia para reprimir os manifestantes – também rompeu com o governo. Em uma transmissão pela emissora Real TV, o grupo anunciou que qualquer uso de força ou comportamento impróprio contra civis estava terminantemente proibido. A corporação enfatizou que sua existência e propósito são para a proteção do povo, e não para a defesa dos interesses de um pequeno número de indivíduos ou da elite governante.
Madagascar, historicamente um dos países mais pobres do mundo, possui um longo histórico de levantes populares e crises políticas desde sua independência da França, conquistada em 1960. Exemplos marcantes incluem os protestos de 2009, que resultaram na saída do então presidente Marc Ravalomanana e pavimentaram o caminho para o primeiro mandato de Andry Rajoelina. O atual presidente, agora em fuga, foi reeleito em 2018 e, novamente, em 2023. Ambas as eleições foram cercadas por extensas contestações e amplos boicotes por parte da oposição, indicando uma profunda divisão política e falta de legitimidade percebida por setores da sociedade malgaxe, como detalhado por diversas agências de notícias internacionais, como a Reuters.
A saída do presidente Rajoelina do território malgaxe sublinha a gravidade da atual situação política, marcada pela convergência dos protestos da Geração Z e a deserção militar. Esta união inesperada entre civis e parte das Forças Armadas representou um desafio intransponível para o governo, culminando na fuga do líder do executivo. Os desdobramentos prometem moldar o futuro político de Madagascar, com implicações significativas para a estabilidade regional e o bem-estar da população, que segue clamando por mudanças estruturais.
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Diante dos últimos acontecimentos que levaram à fuga do Presidente Andry Rajoelina e à crise militar em Madagascar, é fundamental acompanhar os próximos passos desta nação africana em busca de estabilidade. Continue lendo as últimas notícias sobre os desdobramentos políticos e as relações internacionais na nossa editoria de Política para se manter sempre atualizado sobre o cenário global.
Crédito da Imagem: Reuters/Siphiwe Sibeko, Zo Andrianjafy/Reuters, LUIS TATO/AFP
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