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Percepção de Risco em Investimentos: Além dos Gráficos

A **percepção de risco em investimentos** pode ser drasticamente diferente quando observada de longe e quando vivenciada na prática. Observar gráficos de desempenho passado, com suas linhas ascendentes e retornos animadores, gera uma sensação de segurança que, muitas vezes, não reflete a experiência visceral de quem enfrenta a volatilidade do mercado em tempo real. Este […]

A **percepção de risco em investimentos** pode ser drasticamente diferente quando observada de longe e quando vivenciada na prática. Observar gráficos de desempenho passado, com suas linhas ascendentes e retornos animadores, gera uma sensação de segurança que, muitas vezes, não reflete a experiência visceral de quem enfrenta a volatilidade do mercado em tempo real. Este é o ponto central da análise de Michael Viriato, assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

Michael Viriato compara a situação com um salto de bungee jump. Assistir alguém saltar, ver a pessoa rindo no final e a corda esticar tranquilamente pode dar a impressão de ser uma atividade sem grandes sobressaltos. No entanto, quando chega a própria vez, o coração acelera, o chão parece desaparecer, e a sensação de medo é completamente diferente. Essa dicotomia entre julgar uma situação externamente e senti-la na pele é fundamental para compreender o comportamento dos investidores.

Percepção de Risco em Investimentos: Além dos Gráficos

Jean-Jacques Rousseau, em sua vasta obra, já apontava para a facilidade em julgar algo em detrimento de senti-lo, e essa máxima se aplica com particular precisão ao mercado financeiro. Quando investidores observam a trajetória de ativos como o índice S&P 500, o ouro, o Nasdaq, o Índice de Dividendos da B3 ou o próprio Ibovespa nos últimos 10 anos, eles enxergam retornos médios anuais impressionantes, superiores a 11%. No mesmo período, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) apresentou um retorno em torno de 9,2% ao ano. Para muitos, a análise puramente numérica leva a uma conclusão simplista: “basta comprar e esperar.”

Contudo, o que esses gráficos, aparentemente tranquilos, não revelam são as adversidades e desafios enfrentados no caminho. O crescimento médio de 11% ao ano camufla momentos de grande tensão e perdas substanciais. Em 2020, por exemplo, os mercados globais experimentaram quedas bruscas devido ao surgimento da pandemia de COVID-19. A Bolsa de Valores brasileira, por sua vez, registrou o acionamento de circuit breakers por quatro vezes em um curtíssimo espaço de seis pregões, paralisando as negociações e intensificando o clima de pânico.

Outro período de alta ansiedade foi 2022, quando a elevação agressiva das taxas de juros nos Estados Unidos impactou negativamente os índices de tecnologia ao redor do mundo. Para quem acompanha os investimentos de fora, as linhas dos gráficos permanecem ascendentes no longo prazo. Para aqueles que estavam imersos nessas conjunturas, as quedas representam memórias vívidas de incerteza, de estresse financeiro e de decisões complexas a serem tomadas sob pressão.

A Distância Psicológica entre a Observação e a Experiência Real

Existe uma significativa distância psicológica que separa a análise racional do passado da experiência emocional do presente no universo dos investimentos. Quanto mais distante um investidor se encontra de um evento de mercado, seja no tempo ou no nível de risco, mais objetivo e seguro ele tende a percebê-lo. Por outro lado, a vivência em tempo real das flutuações, das desvalorizações abruptas e das manchetes alarmistas provoca uma reação humana intensa, visceral e, por vezes, irracional. Uma curva suave em um gráfico de 10 anos foi construída sobre inúmeros episódios de dúvidas, hesitações, momentos de pânico generalizado e escolhas difíceis.

A percepção da mesma trajetória de retorno diverge amplamente: o investidor que revisita o histórico visualiza uma evolução contínua. O investidor que esteve ativo no período, por sua vez, recorda as retrações de 20%, as sucessivas interrupções nas negociações, as crises políticas, os conflitos geopolíticos e a alta dos juros que pressionaram o mercado. Embora a curva resultante seja idêntica para ambos, a jornada emocional é radicalmente distinta. Essa disparidade entre a lógica dos números e as emoções humanas esclarece por que tantos indivíduos abandonam seus investimentos prematuramente, mesmo após terem selecionado ativos com bons fundamentos de longo prazo.

Percepção de Risco em Investimentos: Além dos Gráficos - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

O ambiente do mercado financeiro exige mais do que conhecimento técnico; ele é, fundamentalmente, um desafio à capacidade emocional. É impiedoso com aqueles que confundem a sensação de conforto proveniente da observação distante de gráficos passados com a real preparação para as turbulências futuras. Na tranquilidade dos dados históricos, todas as dificuldades parecem suportáveis. Contudo, em meio a uma crise real, a propensão humana é de buscar proteção imediata, muitas vezes vendendo seus ativos no momento menos oportuno, consolidando perdas que poderiam ter sido revertidas com paciência e resiliência.

A lição central é que a **adequação do tamanho de sua exposição é mais importante que a própria exposição em si**. Antes de alocar capital, é crucial não apenas saber o desempenho pretérito de um investimento, mas, acima de tudo, avaliar a própria capacidade de suportar a volatilidade no presente. Tal como no salto de bungee jump, apenas observar não confere preparo emocional para a execução. A verdadeira preparação advém da exposição gradual e em pequenas proporções, permitindo ao investidor testar e compreender sua real tolerância ao risco. Conforme os dados econômicos e tendências podem ser acompanhadas, inclusive em portais oficiais como o do Banco Central do Brasil, é preciso estar preparado não só com números, mas com o emocional. Afinal, os retornos substanciais são conquistados por quem tem a força para atravessar o “vazio” e não apenas por quem o admira à distância, da ponte da segurança aparente.

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Para o Michael Viriato, assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor, entender e respeitar a própria psicologia de investidor é a base para o sucesso de longo prazo, evitando decisões pautadas pelo medo ou pela euforia momentânea. Aprofunde-se mais sobre a importância da gestão de risco e estratégias inteligentes em investimentos acompanhando a seção de Economia em nosso portal.

Crédito da imagem: TIMOTHY A. CLARY/AFP

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