Um novo confronto no Mar da China Meridional elevou as tensões entre Manila e Pequim neste domingo, 12 de maio, após suas respectivas Guardas Costeiras trocarem acusações sobre uma colisão de embarcações próximo a ilhas disputadas. As Filipinas alegam que um navio chinês se chocou intencionalmente contra uma embarcação governamental filipina, enquanto a China responsabiliza Manila pelo incidente.
De acordo com o comunicado oficial da Guarda Costeira das Filipinas, o incidente ocorreu nas proximidades da Ilha Thitu, um ponto estratégico que integra o arquipélago de Spratly, uma área marítima de intenso debate territorial. A corporação filipina detalhou que uma embarcação da Guarda Costeira chinesa inicialmente disparou seu canhão de água contra o BRP Datu Pagbuaya, navio que pertence ao Escritório de Pesca e Recursos Aquáticos de Manila.
Confronto no Mar da China: Manila e Pequim trocam acusações
Minutos após o uso do canhão de água, ainda segundo a versão filipina, o mesmo navio chinês executou uma colisão deliberada contra a popa do barco filipino, resultando em danos estruturais leves à embarcação, porém sem causar ferimentos à sua tripulação. “Apenas três minutos depois, a mesma embarcação [chinesa] colidiu deliberadamente com a popa do barco filipino, causando pequenos danos estruturais, mas sem ferir a tripulação”, reiterou um comunicado da Guarda Costeira filipina, expressando a firme posição de seu país frente a tais ações.
Em contrapartida, a Guarda Costeira da China apresentou uma versão divergente dos acontecimentos. Através de uma declaração online de seu porta-voz, Liu Dejun, Pequim afirmou que a colisão se deu após uma embarcação filipina invadir as águas adjacentes a Sandy Cay. De acordo com Liu Dejun, a tripulação filipina teria “ignorado repetidos avisos severos do lado chinês e aproximou-se perigosamente” de um navio da Guarda Costeira chinesa, o que levou à reação. Liu concluiu categoricamente que “toda a responsabilidade recai sobre o lado filipino”, apontando para a suposta transgressão por parte de Manila.
Esses choques são cada vez mais frequentes e representam um ponto de atrito constante nesta rota marítima estratégica, considerada uma das mais movimentadas do mundo, por onde transita mais de 60% do comércio marítimo global. A China tem historicamente reivindicado vastas porções do Mar da China Meridional, mesmo diante de uma decisão internacional proferida em 2016, que invalidou a legalidade de grande parte de tais pretensões territoriais. Fotos e vídeos divulgados pela Guarda Costeira filipina capturam imagens de uma embarcação chinesa acionando seu canhão de água e seguindo de perto o navio das Filipinas durante o incidente.
O incidente deste domingo é apenas o mais recente em uma série de tensos confrontos entre Pequim e Manila na região. No mês anterior, em abril, as Filipinas relataram que uma pessoa sofreu ferimentos quando o jato de água disparado por um navio da Guarda Costeira chinesa quebrou a janela da ponte de comando de outra embarcação do Escritório de Pesca, o BRP Datu Gumbay Piang, que navegava perto do Atol de Scarborough, área que está sob controle chinês. Ainda em agosto, um navio da Marinha chinesa chegou a se colidir com uma embarcação da própria Guarda Costeira da China enquanto perseguia um barco de patrulha filipino na mesma área, evidenciando a intensidade da disputa pelo controle e a presença marítima no Mar da China Meridional.
A China assumiu o controle do Atol de Scarborough, um local rico em peixes, após um prolongado impasse com as Filipinas em 2012. Diante das ações chinesas na região, o governo filipino já expressou veementemente sua oposição aos planos de Pequim de instituir uma “reserva natural” no local. Manila classifica tal proposta como um mero pretexto para que a China possa ocupar permanentemente a região, consolidando seu controle sobre essas águas cruciais para a segurança e economia regional.
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Os frequentes atritos no Mar da China Meridional continuam a desenhar um cenário complexo e volátil para a diplomacia global, ressaltando a importância do direito marítimo internacional na gestão dessas tensões. Para mais detalhes sobre a complexidade da geopolítica regional e outras análises aprofundadas, convidamos você a continuar explorando nossa editoria de Política e Análises, onde oferecemos as últimas atualizações sobre os principais acontecimentos globais e suas implicações.
Crédito da imagem: PHILIPPINE COAST GUARD/via REUTERS
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