A aprendizagem baseada em projetos práticos está ganhando uma notoriedade cada vez maior dentro do sistema de ensino superior brasileiro. Este modelo inovador de ensino se destaca por preparar os estudantes de forma ativa e imersiva para os desafios reais do mercado de trabalho. Em vez de se concentrarem apenas na teoria, os alunos são incentivados a solucionar problemas concretos, aplicando conhecimentos em situações práticas e desenvolvendo um conjunto de habilidades valiosas para suas futuras carreiras.
Um exemplo notável dessa metodologia é a trajetória de Fernando Silveira Fernandes. Atualmente, ele está concluindo o primeiro ano do curso de engenharia no prestigiado Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), localizado no interior de São Paulo. Mesmo nos estágios iniciais de sua graduação, Fernando expressa grande confiança em sua capacidade de competir por vagas de estágio, um sentimento que ele atribui diretamente à abordagem prática do seu curso.
Aprendizagem Baseada em Projetos Práticos no Ensino Superior
De acordo com Fernando, o aprendizado vivenciado no último ano foi imenso, focado intensamente em programação e na resolução de problemas de negócios que espelham situações do dia a dia corporativo. “Desde o início do curso, o Fernando e os colegas ganham experiência ajudando empresas parceiras da universidade”, explica a matéria. Esta imersão é parte integrante do modelo conhecido como PBL, sigla em inglês para Project Based Learning, ou seja, Aprendizagem Baseada em Projetos. Esta metodologia não apenas complementa, mas muitas vezes redefine a abordagem conteudista tradicional, oferecendo benefícios significativos, especialmente para cursos de engenharia, onde a aplicação prática do conhecimento é crucial. O impacto do PBL é tamanho que o novo campus do ITA em Fortaleza, com inauguração prevista para 2027, já incorporará esta metodologia em sua estrutura curricular.
A importância de formar profissionais com sólida experiência em desenvolvimento de projetos é um ponto frequentemente ressaltado por educadores. Carlos Henrique Costa Ribeiro, professor do ITA, enfatiza a relevância para futuros engenheiros. “É muito importante que o aluno de engenharia saiba como desenvolver projetos”, afirma. Ele argumenta que o modelo PBL proporciona essa capacitação essencial, capacitando os estudantes não apenas com a base teórica, mas também com a agilidade e a capacidade de inovar demandadas pelas indústrias modernas.
PBL no Inteli: Da Matrícula ao Mercado de Trabalho
O Instituto de Tecnologia e Liderança (Inteli), em São Paulo, é uma instituição que adotou o PBL como espinha dorsal de 100% de seus cursos. Essa dedicação total à metodologia de projetos práticos alinha-se com a necessidade premente do mercado de trabalho por profissionais com vivência e capacidade de resolver desafios. Para o Inteli, o ensino não é apenas sobre o que o aluno sabe, mas o que ele é capaz de fazer com esse conhecimento.
A aliança entre teoria e prática revela-se duplamente vantajosa. Para os alunos, representa a oportunidade de acumular um portfólio robusto de projetos reais durante a graduação, tornando-os mais preparados e competitivos no mercado de trabalho. Para as empresas, funciona como um canal estratégico para identificar e atrair talentos, especialmente em setores de alta demanda, como o de tecnologia.
A Vantagem da Metodologia para Alunos e Empresas
O setor de tecnologia, em particular, enfrenta uma crescente lacuna de mão de obra qualificada. Uma pesquisa alarmante revela que apenas 10% das empresas conseguem encontrar facilmente profissionais para preencher vagas nessa área. Diante desse cenário, as parcerias entre empresas e centros de ensino que adotam o PBL tornam-se essenciais. Maíra Habimorad, presidente do Inteli, comenta sobre a dinâmica dessa colaboração: “O que acaba acontecendo é que muitas empresas trazem esses projetos para cá, para serem realizados pelos alunos, porque não têm quem faça dentro das empresas. Então, na prática, o que acontece: tem fila de espera”. Esse fluxo constante de projetos reais não só enriquece o aprendizado dos alunos, como também demonstra a confiança do mercado na qualidade do trabalho desenvolvido dentro da academia.

Imagem: g1.globo.com
No Inteli, o compromisso com a execução de projetos já se manifesta no processo de admissão dos alunos. O vestibular é composto por três etapas, todas realizadas online: uma prova tradicional, uma análise aprofundada do perfil do candidato e, na fase final, o desafio de desenvolver um projeto em grupo. Esta abordagem avalia não só o conhecimento, mas também as habilidades colaborativas e a capacidade de aplicar soluções, características intrínsecas ao modelo PBL.
Histórias de Sucesso e a Fila de Espera por Talentos
O acesso ao ensino superior de qualidade é potencializado pela política de bolsas de estudo do Inteli, que reserva metade de suas vagas para estudantes bolsistas. Um dos destaques dessa política é a história de Izabella Almeida de Faria, estudante de sistemas de informação. Bolsista do Inteli, Izabella já acumula uma impressionante participação em 12 projetos desenvolvidos para empresas parceiras. Um desses projetos resultou no primeiro registro de patente da faculdade: um sistema inovador de gestão de empresas, projetado especificamente para atender pequenas e médias companhias.
Izabella compartilha a profundidade de sua experiência: “Esse é mais focado em pequenas e médias empresas e, com isso, a gente fez a aplicação desse sistema utilizando uma metodologia inovadora. Eu acho que é algo inspirador não só para mim, principalmente porque eu sou a primeira pessoa da minha família a entrar no ensino superior. Também é algo que enche os olhos, faz brilhar: a oportunidade que a educação traz para o dia a dia das pessoas”, reflete Izabella. Sua trajetória é um testemunho vívido do impacto transformador da aprendizagem baseada em projetos, tanto para o desenvolvimento individual quanto para a inovação tecnológica. É relevante notar que o setor de tecnologia no Brasil enfrenta uma lacuna significativa de talentos, o que faz do modelo Inteli uma solução eficaz para esse desafio.
O sucesso do modelo Inteli se reflete diretamente na empregabilidade de seus estudantes. Segundo Maíra Habimorad, a maioria dos alunos já consegue uma posição no mercado de trabalho antes mesmo de concluir a graduação. “O nível de empregabilidade é muito alto. Então, quando eles são entrevistados, as empresas olham e falam: ‘Nossa, essa pessoa já viveu alguns projetos, já viveu problemas muito parecidos com o que ela vai viver no dia a dia de trabalho’. Então, sentem que estão mais preparados para a realidade do trabalho”, conclui Maíra. Essa vivência prática antecipada oferece uma vantagem competitiva inestimável aos formandos, que chegam ao mercado com um preparo superior e uma mentalidade orientada para a solução.
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Em suma, a aprendizagem baseada em projetos práticos emerge como um pilar fundamental para a modernização do ensino superior brasileiro, moldando uma nova geração de profissionais não apenas capacitados tecnicamente, mas também com a experiência prática e a resiliência necessárias para inovar e prosperar. Para se aprofundar nas discussões sobre as tendências do mercado de trabalho e as inovações na educação, continue acompanhando as análises e notícias em nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Jornal Nacional/ Reprodução
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