Em um marco de esperança, milhares de israelenses em Tel Aviv se reuniram nesta quinta-feira (9) em uma praça simbólica, conhecida por ser o ponto de encontro das famílias de reféns em Gaza. O motivo da intensa celebração foi o anúncio de um acordo que visa à libertação dos sequestrados após longos dois anos de incertezas. A atmosfera vibrante era de profundo alívio e expectativa, marcando um dia há muito aguardado por toda a nação.
A praça, carinhosamente chamada de “Praça dos Reféns” desde o início da guerra desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, estava repleta de símbolos de esperança e patriotismo. Milhares de cidadãos exibiam adesivos com a mensagem “Eles estão voltando para casa”, bem como bandeiras israelenses e americanas. Cartazes com os rostos dos reféns estavam por toda parte, amplificando o desejo coletivo de seu retorno. A euforia tomou conta quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, oficializou o entendimento entre negociadores israelenses e o Hamas para a soltura dos cativos e um cessar-fogo em Gaza. O ânimo contagiante impulsionou muitos a cantar e a se entregar a danças tradicionais, enquanto outros simplesmente pulavam de alegria, manifestando a emoção que atravessava o país.
Israelenses Celebram Acordo Para Libertação de Reféns em Gaza
Desde o trágico ataque de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.219 pessoas, em sua maioria civis, segundo dados da AFP baseados em contagens oficiais, a “Praça dos Reféns” tem sido o epicentro de manifestações contínuas que clamam pela devolução dos sequestrados. Naquele fatídico dia, comandos islamistas capturaram 251 indivíduos, dos quais 47 ainda permanecem em cativeiro em Gaza, e lamentavelmente, 25 já foram declarados mortos, conforme informações do exército israelense. Por exatos 734 dias, esta praça tem sido um palco constante para as exigências e a angústia das famílias.
Laurence Ytzhak, de 54 anos, compartilhou a profundidade de sua emoção: “Esperamos por este dia há 734 dias. Não conseguiríamos imaginar estar em outro lugar esta manhã.” Ela descreveu a “grande alegria, um imenso alívio misturado com ansiedade, medo e tristeza para as famílias que não puderam e não poderão vivenciar esta alegria.” A vivacidade do momento se mesclava com uma sombria recordação dos sacrifícios feitos. “Me dá arrepios… É lindo demais, e não podemos deixar de pensar nos soldados que sacrificaram suas vidas por esses reféns”, disse Ytzhak em entrevista à AFP.
O acordo, detalhado por Trump, prevê uma interrupção dos combates e uma troca de prisioneiros: reféns israelenses em Gaza seriam libertados em troca da soltura de palestinos detidos em prisões de Israel. Este passo crucial foi precedido por negociações complexas que envolveram mediadores de peso, incluindo Egito, Catar e os Estados Unidos, desempenhando papéis fundamentais para facilitar o entendimento entre as partes. A reunião do governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, agendada para esta quinta-feira às 15h00 GMT (12h00 no horário de Brasília), é essencial para a aprovação do pacto, cuja assinatura formal está prevista para ocorrer no Egito.
A intensa mobilização e o impacto emocional da notícia foram palpáveis. Rachel Peery, funcionária de TI de 49 anos, fez questão de se deslocar de seu local de trabalho até a praça. “Não conseguia trabalhar”, confessou. “Não há palavras para descrever o que sinto hoje. É indescritível, alegria espontânea, emoção e lágrimas. É um dia que o país inteiro esperava há dois anos, a cada segundo, a cada dia”, concluiu Peery, expressando o sentimento que ressoava em toda a multidão.
O empresário Gyura Dishon expressou uma alegria visceral, quase incredulidade: “Sinto alegria ao pensar no retorno dos reféns.” Ele adicionou que “é incrível… Eu não conseguia parar de chorar. É algo que você não consegue acreditar que poderia acontecer e que sempre quis que acontecesse, e de repente se torna realidade.” Essas negociações representam a primeira fase do acordo, visando o retorno imediato dos cativos. O objetivo maior é pôr fim a dois anos de conflito, período em que mais de 67.100 vidas foram perdidas em Gaza devido à ofensiva de retaliação israelense, conforme dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados fidedignos pela Organização das Nações Unidas.
A cena na praça também refletia um forte apreço pela mediação americana, particularmente em relação ao presidente Trump. Uma mulher, vestida como a personificação dos Estados Unidos, o Tio Sam, segurava uma placa em inglês que dizia “Nós amamos Trump”, adornada com um chapéu azul de estrelas brancas e um vestido listrado vermelho e branco. Ao lado dela, um homem com terno usava uma máscara de Donald Trump, enquanto as bandeiras dos Estados Unidos e de Israel tremulavam ao vento, simbolizando a aliança.
Noam Ekhaus, fotógrafa e pesquisadora de neurociência de 36 anos, vivenciou o momento com grande intensidade. Acordando no meio da noite e assistindo às notícias, ela seguiu diretamente para a Praça dos Reféns. “Não posso comemorar sozinha em casa”, afirmou. “Faz tempo que não sorrio assim e não acho que estou sozinha. Quando ando pela rua, sinto algo diferente, vejo algo diferente, e é isso que a esperança significa”, destacou, capturando a essência de um dia transformador.
O Fórum das Famílias de Reféns, a principal entidade representativa dos familiares dos sequestrados, estendeu um convite oficial ao presidente dos EUA para um encontro durante sua próxima viagem a Israel. “Ficaríamos profundamente honrados se você pudesse se encontrar conosco durante sua próxima viagem a Israel. Seria, sem dúvida, uma das maiores demonstrações de apoio de um amigo e aliado na história de Israel”, comunicou o Fórum em nota oficial. O conflito israelo-palestino possui uma longa e complexa história, conforme detalhado nas iniciativas da Organização das Nações Unidas.
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O anúncio do acordo para a libertação dos reféns e o cessar-fogo em Gaza marcou um momento de rara alegria e esperança para a sociedade israelense, ainda profundamente marcada pela guerra e pela expectativa do retorno de seus entes queridos. A praça de Tel Aviv se tornou o símbolo de uma espera de 734 dias, agora vislumbrando o desfecho esperado por tantos. Continue acompanhando os desenvolvimentos desse importante acordo e outros acontecimentos políticos recentes em nossa editoria de Política para se manter sempre informado sobre os cenários que impactam o Oriente Médio e o mundo.
Crédito da imagem: Agence France-Presse
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