O Acordo de Paz em Gaza avança com um significativo passo: Israel e o Hamas oficializaram nesta quarta-feira (8) a conclusão de um pacto para a implementação da fase inicial de um plano de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Esta etapa é marcada pela criação de uma força-tarefa conjunta que terá como missão primordial a localização dos corpos de reféns que perderam a vida no conflito, cujas posições exatas permanecem desconhecidas.
De acordo com informações veiculadas pela imprensa dos Estados Unidos, o grupo Hamas havia solicitado um período mais extenso para concretizar a devolução dos restos mortais das vítimas falecidas. A Turquia confirmou sua participação ativa nesta força-tarefa de âmbito internacional, ao lado de representantes de Israel, dos Estados Unidos, do Catar e do Egito. Uma alta autoridade turca informou na quinta-feira que o grupo trabalhará em conjunto para desvendar o paradeiro desses corpos em Gaza.
Acordo de Paz em Gaza: Força-Tarefa Busca Corpos de Reféns
Autoridades turcas estiveram engajadas nas negociações ocorridas no Egito, culminando no anúncio do cessar-fogo e do acordo relacionado aos reféns, também na quinta-feira. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi o propositor deste plano de paz, apresentado inicialmente no final de setembro do ano passado. As tratativas envolveram intensa mediação de Egito, Catar e Turquia, e resultaram no consenso entre Israel e Hamas para a execução desta primeira fase.
Etapa Inicial do Acordo: Troca de Reféns e Prisioneiros
Nesta etapa fundamental do acordo de cessar-fogo em Gaza, todos os reféns ainda em poder do Hamas, sequestrados desde 7 de outubro de 2023, deverão ser libertados. Em contrapartida, Israel se comprometeu a soltar prisioneiros palestinos sob sua custódia. Como parte das medidas estabelecidas, tropas israelenses atualmente posicionadas na Faixa de Gaza serão obrigadas a recuar de suas localizações atuais. Adicionalmente, o território palestino receberá um aumento substancial na quantidade de caminhões carregados com ajuda humanitária, garantindo a entrega vital de alimentos, água e medicamentos à população.
Situação dos Reféns e Prazos para Liberação
Israel estima que, dos 251 indivíduos inicialmente sequestrados durante o ataque de outubro de 2023, 48 ainda são mantidos em cativeiro pelo Hamas. As demais vítimas foram liberadas em decorrência de acordos de cessar-fogo anteriores ou através de operações militares específicas conduzidas por Israel. A proposta detalhada pelos Estados Unidos estabelece um prazo de 72 horas para que o Hamas concretize a libertação de todos os reféns, tanto os que ainda estão vivos quanto os corpos dos falecidos. Israel, por sua vez, projeta que dos 48 reféns restantes, apenas cerca de 20 estejam em condições de vida. A expectativa do presidente Trump é que todos os reféns estejam livres por volta da próxima segunda-feira, dia 13. Entretanto, a imprensa americana divulgou que o Hamas expressou a necessidade de um tempo adicional para localizar e entregar os corpos das vítimas falecidas, alegando que desconhecem a exata localização de todos os restos mortais e necessitam realizar buscas aprofundadas pelos desaparecidos. Em troca dessas liberações, antecipa-se que Israel concederá a liberdade a quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo indivíduos condenados à prisão perpétua.
Diminuição da Ofensiva e Ocupação em Gaza
O plano de paz negociado contempla, entre suas provisões mais importantes, o encerramento dos bombardeios sistemáticos na Faixa de Gaza. O presidente Donald Trump destacou que as Forças de Defesa de Israel (FDI) procederão a um recuo para linhas previamente acordadas com o Hamas, o que indica que, apesar da retirada parcial, contingentes militares israelenses ainda manterão presença dentro do território palestino. Apurações realizadas pela GloboNews junto às Forças de Defesa de Israel indicaram que o país aceitou, em um primeiro momento, reduzir a área de sua ocupação em Gaza de 75% para 57%. O plano da Casa Branca, já tornado público em setembro, antecipava essa retirada gradual das tropas da região. O chefe do Estado-Maior de Israel emitiu instruções claras para que suas tropas permaneçam em prontidão, preparando-se para todas as contingências e, sobretudo, para a operação de retorno dos reféns. Mesmo antes da formalização deste acordo de cessar-fogo em Gaza, o presidente Trump já havia solicitado que Israel diminuísse a intensidade de suas operações militares. Em concordância, a mídia israelense reportou que as forças armadas receberam ordens explícitas para abrandar a ofensiva na região.
Processo e Início Oficial do Cessar-Fogo
Apesar dos avanços substanciais e da criação da força-tarefa, a data exata de quando o acordo de paz entrará em vigor oficialmente ainda permanece incerta. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comunicou que a proposta será submetida à votação pelo governo na quinta-feira, dia 9 de maio. Este processo de votação interna do acordo é um rito formal e padrão no governo israelense, com precedentes em pactos de cessar-fogo anteriores, firmados em novembro de 2023 e janeiro de 2025. Segundo a Agence France-Presse (AFP), a assinatura formal do acordo está prevista para ocorrer às 6h da quinta-feira, no horário de Brasília. O presidente Trump tem programada uma visita a Israel nos próximos dias, tendo sido convidado para discursar no Parlamento do país. Na quarta-feira, ele expressou a jornalistas que avalia a possibilidade de visitar a Faixa de Gaza, reiterando seu engajamento no processo de paz.
Detalhes Ainda Não Esclarecidos do Tratado de Paz
Apesar do anúncio da implementação do acordo de cessar-fogo em Gaza, uma série de detalhes do tratado ainda não foram completamente divulgados ou esclarecidos. Permanece em aberto a questão se todo o plano integralmente apresentado pela Casa Branca foi aceito por Israel e pelo Hamas sem modificações, ou se houve alterações substanciais nas negociações. Donald Trump, em declarações feitas em uma rede social, enfatizou que esta representa apenas a “primeira fase” e os “primeiros passos” rumo a uma paz duradoura na região. A imprensa americana interpreta essa afirmação como um indicativo de que ainda há diversos pontos cruciais do plano que demandarão novas discussões e negociações para sua efetiva implementação completa. Em contraste, veículos de comunicação israelenses reportaram que os aspectos mais sensíveis do acordo já teriam sido superados e resolvidos. Outras incertezas que pairam sobre o acordo incluem como se dará a transição de governo na Faixa de Gaza, uma proposta da Casa Branca, e se o Hamas, de fato, comprometeu-se com a entrega de suas armas.
O conflito entre Israel e o Hamas eclodiu em 7 de outubro de 2023, após o grupo terrorista lançar um ataque massivo que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas e no sequestro de outras 251. Desde então, segundo dados de autoridades ligadas ao Hamas, a Faixa de Gaza contabilizou a morte de mais de 60 mil palestinos.

Imagem: g1.globo.com
A proposta da Casa Branca, revelada no final de setembro, é um documento abrangente com 20 pontos principais, prevendo a Faixa de Gaza como uma zona desmilitarizada e livre de grupos armados. O plano sugere que integrantes do grupo Hamas poderiam ser beneficiados com anistia, desde que aceitem entregar suas armas e demonstrem compromisso com a convivência pacífica, além de serem impedidos de participar do futuro governo de Gaza.
Para o futuro administrativo da Faixa de Gaza, o plano prevê um governo temporário de transição, composto por um comitê palestino de caráter tecnocrático e apolítico. Este comitê seria responsável por gerenciar os serviços públicos e o dia a dia da região. Seus membros seriam palestinos considerados qualificados e especialistas internacionais, e todo o trabalho estaria sob a supervisão de um “Conselho da Paz”, a ser chefiado pelo presidente Donald Trump, embora a integração de Israel nesse grupo não esteja clara. Este comitê também seria responsável por administrar os recursos destinados à reconstrução da Faixa de Gaza. Hamas e outras facções palestinas seriam excluídos, direta ou indiretamente, do novo governo. No futuro, o poder seria transferido para a Autoridade Palestina, internacionalmente reconhecida como o governo legítimo dos territórios palestinos, porém esta transferência estaria condicionada a reformas internas na própria Autoridade Palestina, conforme delineado pela Casa Branca.
Além disso, o plano detalha um robusto pacote econômico e de desenvolvimento, a ser elaborado por um painel de especialistas com experiência na criação de cidades modernas no Oriente Médio. No âmbito da segurança, Gaza passaria por um processo rigoroso de desmilitarização, que incluiria a destruição de toda a infraestrutura bélica existente e a proibição da construção de novas instalações. Este processo seria monitorado por observadores independentes. Será criada a Força Internacional de Estabilização (ISF), composta por atores estrangeiros, encarregados de treinar a nova polícia palestina que assumirá a segurança interna do território. As Forças de Defesa de Israel se retirariam gradualmente de Gaza, cedendo os territórios ocupados à ISF. Por fim, um perímetro de segurança seria estabelecido, permitindo que militares israelenses permanecessem posicionados até que o risco de ressurgimento de ameaças terroristas fosse completamente erradicado.
Após o anúncio, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, celebrou o acordo e ressaltou a iminente libertação dos reféns. Em uma rede social, ele publicou: “Um grande dia para Israel. Esse é um sucesso diplomático e uma vitória nacional e moral do Estado de Israel”. Ele ainda agradeceu aos “valentes soldados das Forças de Defesa de Israel e a todas as forças de segurança” pela coragem que levou a este dia, prometendo continuar “a alcançar todos os nossos objetivos e a expandir a paz com nossos vizinhos”. Ele confirmou que se reunirá com a cúpula do governo para a aprovação interna do tratado. Para uma compreensão mais aprofundada dos acontecimentos regionais e das complexas negociações diplomáticas no Oriente Médio, é sempre recomendável consultar fontes de notícias internacionais confiáveis, como a BBC News em português.
Em nota oficial, o Hamas elogiou os esforços de mediação de Catar, Egito e Turquia para o cessar-fogo e agradeceu a Trump pelos esforços que levaram ao fim definitivo da guerra. O grupo também fez um apelo para que os países garantidores do tratado exerçam pressão sobre Israel, a fim de que cumpra todos os termos acordados e evite qualquer adiamento na implementação. O Hamas reiterou seu compromisso, afirmando: “Reafirmamos que os sacrifícios do nosso povo não serão em vão, e que permaneceremos fiéis à nossa promessa, sem abrir mão dos direitos nacionais do nosso povo até alcançar liberdade, independência e autodeterminação.”
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Este importante avanço nas negociações do Acordo de Paz em Gaza demonstra um passo crucial, ainda que inicial, para a estabilização da região e a resolução de questões humanitárias urgentes. Para mais análises sobre os desenvolvimentos geopolíticos e seus impactos, continue acompanhando nossa editoria de Política em Hora de Começar.
Foto: REUTERS/Mahmoud Issa
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