As exportações de café brasileiro para o mercado norte-americano enfrentam uma ameaça sem precedentes, correndo o risco de serem completamente paralisadas. Essa projeção alarmante surge como consequência direta da imposição de uma tarifa de 50% pelo governo dos Estados Unidos, conforme alerta de Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). A gravidade da situação foi detalhada durante sua participação no episódio do podcast “O Assunto”, veiculado nesta terça-feira, dia 8.
De acordo com Matos, a implementação desta medida alfandegária inviabiliza por completo qualquer operação comercial com o Brasil. Os primeiros indícios do impacto já são visíveis e preocupantes. No mês de agosto, as aquisições de café de origem brasileira pelos EUA sofreram uma redução drástica de 46%. Tal queda levou o país a perder sua posição de principal importador, caindo para o segundo lugar no ranking dos maiores destinos do produto. A situação se agravou ainda mais em setembro, com uma retração ainda mais acentuada de 56%, deslocando os Estados Unidos para a terceira posição, ficando atrás de mercados como a Alemanha e a Itália.
Tarifas Elevam Risco: Exportações de Café ao EUA Quase Nulas
Marcos Matos elucidou o motivo pelo qual as exportações não foram imediatamente zeradas, apesar da magnitude da tarifa. Ele explicou que uma ordem executiva previa que os produtos cujo despacho aduaneiro havia sido iniciado antes de 6 de agosto poderiam ingressar no mercado americano sem a cobrança da nova tarifa até o dia 5 de outubro. No entanto, após esse prazo, a operação comercial com o café brasileiro torna-se praticamente inviável para os compradores norte-americanos devido ao acréscimo nos custos.
O aumento dos preços para o consumidor nos EUA já começou a refletir a nova realidade. Em agosto, a taxa de inflação especificamente para o café foi impressionantemente nove vezes superior à média da inflação geral americana. O especialista do Cecafé prevê que o mês de setembro deverá apresentar uma escalada ainda mais expressiva nesses preços, gerando impactos diretos e significativos para os consumidores durante o feriado de Ação de Graças, tradicionalmente celebrado em novembro e período de grande consumo.
Os reflexos da política tarifária também são notáveis no cenário internacional da commodity. Na Bolsa de Nova York, onde são negociados os contratos do café arábica, a cotação registrou um salto significativo. Desde o anúncio da medida, o valor passou de US$ 284 para aproximadamente US$ 400 por libra-peso, representando um incremento superior a 40%. Ao somar a tarifa de 50% sobre este valor, o preço efetivo para a aquisição do café brasileiro por importadores norte-americanos atingiria cerca de US$ 600 por libra, um patamar que o torna financeiramente insustentável para a maioria dos negócios no setor.
Apesar do cenário adverso, Marcos Matos mantém a expectativa de que ainda exista margem para negociação. Ele enfatizou que o setor cafeeiro brasileiro, em colaboração com a National Coffee Association (NCA) dos Estados Unidos, tem se engajado em uma série de reuniões em Washington. O objetivo central desses encontros é sensibilizar as autoridades americanas sobre o papel crucial e a importância econômica que o café brasileiro desempenha para a economia dos EUA. Dados apresentados indicam que cada dólar investido na importação de café se traduz em US$ 43 gerados na economia americana, sustentando 2,2 milhões de empregos e representando 8% do setor de food service do país. Segundo Matos, “Quem mais ganha nessa história é o próprio mercado americano.”

Imagem: g1.globo.com
Uma recente decisão do governo americano de reconhecer o café como um recurso natural essencial é vista por Marcos Matos como um avanço estratégico que pode pavimentar o caminho para uma potencial isenção das tarifas. Esta alteração na percepção oficial cria uma nova perspectiva para o diálogo. “Hoje existe um jogo para ser jogado. Antes, nem isso existia. Agora temos base para pedir a exclusão do café de todas as tarifas”, afirmou, ressaltando o otimismo prudente em relação aos próximos passos da diplomacia comercial. Essa movimentação dos EUA é observada de perto por organismos de comércio e representações diplomáticas globais.
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O cenário para as exportações de café do Brasil para os Estados Unidos permanece desafiador, com a ameaça das tarifas podendo comprometer a totalidade do comércio da commodity. A indústria cafeeira brasileira e seus aliados americanos continuam as negociações, buscando reverter a medida e salvaguardar um elo econômico vital. Para se manter atualizado sobre a evolução desta e de outras notícias que impactam o agronegócio e a economia global, continue acompanhando as análises em nossa editoria de economia.
Crédito da imagem: Reprodução/TV Gazeta
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