Os dois anos do 7 de Outubro, que marcaram os ataques terroristas do Hamas no sul de Israel, foram lembrados nesta terça-feira (7) com uma série de eventos que buscaram honrar as vítimas e manifestar-se contra a guerra em Gaza. A devastação na Faixa de Gaza resultou na morte de dezenas de milhares de palestinos, catalisando movimentos de repúdio e pedidos por um cessar-fogo globalmente. Enquanto Israel promovia atos de lembrança, diversas cidades ao redor do mundo organizaram protestos a favor da Palestina, ilustrando a divisão e a tensão em torno do conflito.
Em território israelense, cerimônias emocionantes foram realizadas em locais símbolos da tragédia. O kibutz Kfar Aza, que ainda aguarda o retorno de dois reféns sequestrados durante o ataque, sediou uma homenagem tocante. Outro ponto central foi o local do festival Nova, uma rave onde mais de 370 vidas foram perdidas e dezenas de pessoas foram sequestradas em 7 de outubro de 2023. Eventos adicionais estavam previstos no kibutz Nir Oz, apontado como um dos mais devastados pelos agressores, e no Parque Hayarkon, em Tel Aviv, reunindo familiares e sobreviventes. Também ocorreram manifestações em frente às residências de ministros e legisladores da coalizão do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, exigindo um acordo para a libertação dos reféns e o término das hostilidades.
Dois Anos do 7 de Outubro: Homenagens e Protestos Globais
Apesar dos atos pontuais e da carga emocional da data, não houve expectativa de cerimônias governamentais formais ou celebrações em massa organizadas pelo Estado israelense. Isso se deve ao fato de que, segundo o calendário judaico, a terça-feira não correspondia exatamente aos dois anos do ataque, além de ser um feriado religioso. Contudo, a memória coletiva e a dor individual moveram centenas de pessoas.
No deserto de Negev, palco do brutal festival Nova, mais de duas dezenas de indivíduos, incluindo parentes enlutados das vítimas, observaram um minuto de silêncio rigoroso às 6h29 da manhã. Este foi o instante exato em que os terroristas do Hamas iniciaram o assalto naquele fatídico 7 de outubro de 2023. Este dia permanece marcado na história de Israel como o mais mortal, constituindo o pior ataque sofrido por judeus desde o Holocausto, conforme relatórios históricos.
As homenagens às vítimas dos ataques de 7 de outubro transcenderam as fronteiras de Israel, ressoando em diversos países. Na Alemanha, mais de 1.000 cadeiras vazias foram dispostas pela União de Estudantes Judeus Alemães em frente ao icônico Portão de Brandemburgo, um dos cartões postais mais reconhecíveis de Berlim. Cada cadeira exibia fotos dos reféns e dos indivíduos assassinados durante a investida terrorista. Paralelamente, no Brasil, a ONG Rio de Paz projetou e posicionou imagens das vítimas na areia da Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em um ato que simbolizou a memória e o luto pelas vidas perdidas. O 7 de outubro de 2023 é considerado um divisor de águas na história recente do conflito no Oriente Médio, conforme análises de especialistas.
Em contraste com as cerimônias de lembrança, uma onda de protestos pró-Palestina também estava agendada para esta terça-feira em inúmeras metrópoles globais. Essa agenda se manteve apesar de apelos de líderes políticos em várias nações para que tais manifestações não ocorressem na data sensível. As cidades de Sydney, Londres, Paris, Genebra, Atenas, Istambul e Estocolmo estavam na lista de locais que sediaram esses atos, evidenciando a polarização das opiniões públicas e o impacto global do conflito em Gaza.
Alguns desses protestos foram marcados por incidentes notáveis ou proibições estritas. Na Holanda, ativistas chocaram a opinião pública ao jogar tinta vermelha no Palácio Real de Amsterdã. O ato foi uma forma de expressar descontentamento com o prefeito da cidade, que proibiu uma manifestação pró-Palestina, mas permitiu um evento pró-Israel, levantando questionamentos sobre a equidade e liberdade de expressão. Na Turquia, os manifestantes concentraram seus protestos em frente a uma empresa de energia, exigindo o fim de suas exportações para Israel. Na Suécia, ativistas organizaram um evento para receber participantes da flotilha de ajuda humanitária a Gaza que haviam sido detidos por Tel Aviv e foram liberados recentemente, incluindo a ativista climática Greta Thunberg.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
Já na Indonésia, país de maioria muçulmana que não mantém laços diplomáticos com Israel, mais de 1.000 pessoas se agruparam diante da embaixada dos Estados Unidos em Jacarta. A manifestação teve como objetivo expressar repúdio ao bloqueio imposto por Israel a Gaza e à detenção de ativistas que tentavam levar auxílio humanitário ao território sitiado. A multiplicidade e o caráter global desses eventos demonstram a amplitude das repercussões do conflito e a crescente preocupação internacional com a crise humanitária.
Os atos de protesto, embora muitas vezes polêmicos e alvo de proibições, foram justificados por seus organizadores como uma forma de denunciar a gravidade da crise humanitária que assola Gaza e defender os direitos fundamentais do povo palestino. A natureza da data, porém, gerou forte oposição de alguns políticos e autoridades. O primeiro-ministro do estado australiano de Nova Gales do Sul, Chris Minns, descreveu o protesto planejado em Sydney como um “momento terrível, chocantemente insensível” em entrevista à rádio 2GB, sublinhando a delicadeza do dia.
Na Itália, a manifestação pró-Palestina foi expressamente proibida na cidade de Bolonha, no norte do país. O prefeito local, Enrico Ricci, comunicou à imprensa que “a manifestação será absolutamente proibida”, enfatizando a postura restritiva das autoridades. Em Londres, esperava-se que estudantes participassem de uma marcha contra a guerra, mas o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, classificou a realização de tais manifestações no mesmo dia que marca os dois anos do ataque de 7 de outubro como “antibritânica”, o que adicionou um nível de debate político ao evento.
Starmer fez um alerta adicional sobre o aumento do antissemitismo no Reino Unido desde o início do conflito, que ele descreveu como uma “mancha em quem somos”. Ele reiterou o compromisso do país em permanecer firme e unido contra aqueles que buscam espalhar o mal e o ódio contra as comunidades judaicas, reforçando a complexidade das implicações sociais e políticas que emergem do conflito no Oriente Médio e se espalham globalmente.
Confira também: crédito imobiliário
Em suma, os dois anos dos ataques de 7 de outubro foram lembrados por uma mistura de luto, homenagens e intensos protestos ao redor do mundo, evidenciando a profunda divisão e as repercussões globais do conflito entre Israel e o Hamas. A polarização de narrativas e as crescentes preocupações com os direitos humanos e a segurança internacional continuam a pautar discussões em diversas nações. Para se aprofundar nos desdobramentos e análises políticas relacionadas a este conflito, continue acompanhando a editoria de Política em nosso portal.
Crédito da imagem: Ricardo Moraes/Reuters
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados