A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta segunda-feira, 6 de maio, a Operação Xeque-Mate, com o objetivo de desmantelar o principal núcleo do Comando Vermelho no Amazonas. O alvo prioritário da ação é Alan Sérgio Martins Batista, amplamente conhecido como “Alan do Índio”, apontado como o chefe de facção que realizou cirurgias plásticas na tentativa de despistar a ação policial. A força-tarefa visa desbaratar uma intrincada rede criminosa cujas lideranças empregam procedimentos estéticos e documentos falsos como táticas de ocultação.
Até o fechamento desta reportagem na segunda-feira, a operação já havia resultado na prisão de três indivíduos. Entre os detidos encontra-se Cristina Nascimento, identificada como esposa de Alan Sérgio. Durante as diligências em um condomínio de alto padrão em Manaus, capital amazonense, os agentes federais realizaram a apreensão de joias, relógios e diversos artigos de luxo, indicativos do patrimônio ilícito do grupo. Apesar das prisões e apreensões significativas, Alan do Índio permanece foragido da justiça.
PF caça chefe de facção com cirurgias plásticas no AM
As investigações revelam que Alan do Índio possui um histórico no submundo do crime. Em 2017, ele havia sido detido, sendo então suspeito de coordenar negociações de armas com outras organizações criminosas em diversos estados brasileiros. Após obter sua liberdade, o traficante, segundo as apurações, teria recorrido a uma série de procedimentos estéticos no rosto, com a explícita intenção de evadir o reconhecimento por parte das autoridades e, consequentemente, dificultar sua captura e identificação.
Dados levantados pela polícia indicam que Alan Sérgio Martins Batista reside atualmente em uma comunidade no Rio de Janeiro. Além das notáveis modificações em sua aparência física, o líder da facção utilizava-se de documentos de identidade falsificados para realizar viagens internacionais frequentes. Esta prática, comum entre criminosos de alta periculosidade, servia como uma ferramenta para ludibriar a fiscalização e as equipes de inteligência. João Paulo Garrido Pimentel, o superintendente da PF no Amazonas, ressaltou a opulência e a mobilidade da organização: “Essas lideranças do crime organizado faziam viagens frequentes ao exterior, promoviam a aquisição de veículos e artigos de luxo”, explicou Pimentel, destacando o elevado padrão de vida financiado pelas atividades ilícitas.
A Operação Xeque-Mate também desnudou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro operado pela facção. A Polícia Federal identificou o uso de empresas de fachada e uma complexa estrutura paralela de pagamentos. Um dos elementos cruciais para essa engenharia financeira era uma fintech, batizada de “Carto”, que claramente faz uma alusão direta à palavra “cartel”. Essa plataforma, de acordo com as informações apuradas, desempenhava um papel central na movimentação de recursos oriundos diretamente do tráfico de entorpecentes.
Um aspecto tecnológico de grande relevância nas descobertas da operação é a utilização de criptoativos pelo Comando Vermelho no Amazonas para efetuar pagamentos a seus fornecedores colombianos de drogas. Os criptoativos, por sua natureza, são ativos digitais que se fundamentam em criptografia e tecnologia blockchain, abrangendo moedas digitais e tokens. Eles funcionam como representações de valores ou direitos em sistemas digitais descentralizados e são comumente empregados em transações financeiras e investimentos seguros. Contudo, devido à dificuldade de rastreamento inerente a essas tecnologias, também se tornam um instrumento atrativo para organizações criminosas. Para aprofundar-se sobre o conceito e funcionamento das criptomoedas, você pode consultar fontes oficiais como o Banco Central do Brasil.
A investigação que serviu como ponto de partida para a Operação Xeque-Mate foi iniciada em setembro do ano anterior, após a apreensão de mais de duas toneladas de drogas em uma embarcação no interior do Amazonas. As análises e o monitoramento subsequentes por parte da Polícia Federal direcionaram as atenções para Alan Sérgio Martins Batista, que foi identificado como o proprietário da imensa carga de entorpecentes, consolidando as provas contra a facção e seus líderes principais.

Imagem: g1.globo.com
A deflagração da Operação Xeque-Mate configurou uma ação coordenada e conjunta, realizada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) de Manaus, no Amazonas, em colaboração com a FICCO do Guarujá, em São Paulo. Essa união de esforços sublinha a dimensão e a complexidade que envolvem o desmantelamento de redes criminosas que atuam em nível interestadual. Além das prisões efetuadas, a operação cumpriu cinco mandados de busca e apreensão, e determinou o sequestro de bens que, somados, atingem a expressiva cifra de R$ 122 milhões. Este valor representa parte do patrimônio ilícito construído pelo grupo para financiar suas operações e sustentar o estilo de vida luxuoso de seus integrantes.
Em esclarecimentos adicionais, o superintendente João Paulo Garrido Pimentel detalhou o modus operandi relacionado aos ativos digitais: “Os indícios são no sentido de que os traficantes colombianos enviavam a droga aqui para o Amazonas e recebiam o pagamento por meio de criptoativos. Esses criptoativos também eram operados por essa pessoa que era responsável pela fintech”, esclareceu, pontuando a intrínseca e complexa conexão entre o tráfico internacional de drogas, as transações financeiras digitais e as plataformas utilizadas pela organização para lavagem de dinheiro.
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Esta operação representa um golpe significativo contra as atividades do crime organizado na região do Amazonas, reiterando o compromisso das forças de segurança em combater as sofisticadas redes de lavagem de dinheiro e o tráfico internacional de entorpecentes. Para se manter atualizado sobre as últimas notícias de segurança pública, análises e ocorrências de destaque, continue acompanhando nossa editoria de Cidades em nosso portal.
Crédito da Imagem: Reprodução/Erlon Rodrigues/PF-AM
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