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Intoxicação por Metanol: Brasil em Alerta com Casos e Antídoto

Intoxicação por Metanol: Brasil em Alerta com Casos e Antídoto. O país registrou um aumento expressivo no número de suspeitas de intoxicação por metanol em bebidas destiladas. A situação, que se iniciou em São Paulo, rapidamente se expandiu para diversas outras localidades brasileiras, levantando um alerta de saúde pública e provocando a mobilização de autoridades […]

Intoxicação por Metanol: Brasil em Alerta com Casos e Antídoto. O país registrou um aumento expressivo no número de suspeitas de intoxicação por metanol em bebidas destiladas. A situação, que se iniciou em São Paulo, rapidamente se expandiu para diversas outras localidades brasileiras, levantando um alerta de saúde pública e provocando a mobilização de autoridades e equipes médicas. A crescente preocupação foca na rápida identificação dos casos e na aplicação dos antídotos apropriados para mitigar os efeitos devastadores da substância.

De acordo com o mais recente boletim do Ministério da Saúde, divulgado no domingo, dia 5 de novembro, um total de 225 casos de intoxicação por metanol foram notificados. Destes, 16 foram devidamente confirmados por exames laboratoriais, enquanto os restantes 209 seguem sob investigação detalhada para determinar a causa. A vasta maioria dos incidentes ocorreu no estado de São Paulo, evidenciando um foco inicial significativo na região. O Ministério também acompanha a apuração de treze óbitos relacionados à contaminação, com duas mortes já confirmadas como diretamente causadas pelo metanol.

Intoxicação por Metanol: Brasil em Alerta com Casos e Antídoto

As duas fatalidades confirmadas vitimaram homens que frequentaram o mesmo estabelecimento. Os boletins de ocorrência identificam Marcos Antonio Jorge Junior e Ricardo Lopes Mira como as vítimas que estiveram em um bar localizado na Mooca, bairro da Zona Leste da capital paulista. O local foi subsequentemente fechado pelas autoridades competentes ainda nesta semana, em função da investigação. A descoberta da presença de metanol em bebidas como gin, uísque e vodca, conforme apontam as investigações iniciais, intensifica a necessidade de fiscalização e conscientização.

Sintomas da Contaminação por Metanol

O metanol é uma substância incolor e, apesar de possuir um odor distintamente diferente do etanol, o álcool comumente presente nas bebidas alcoólicas, sua detecção em misturas é extremamente difícil sem análises laboratoriais. Uma vez ingerido, seus efeitos iniciais podem ser confundidos com os de uma ressaca comum, o que dificulta o diagnóstico precoce. Em até 24 horas após a exposição, surgem sintomas como náuseas, fortes cólicas e dores abdominais intensas. A visão do indivíduo pode ficar significativamente turva, acompanhada de tontura e, em casos mais graves, alterações no estado de consciência.

O impacto do metanol no organismo é abrangente e extremamente perigoso. A substância provoca um aumento da acidez no sangue, um quadro conhecido como acidose metabólica, que compromete funções vitais. Órgãos como o fígado são severamente afetados, e também há prejuízos na medula óssea e no cérebro. Os pulmões não ficam ilesos, e a contaminação pode evoluir para um quadro de insuficiência respiratória. Um dos desfechos mais graves e temidos da intoxicação é o dano irreversível ao nervo óptico, o que pode levar à cegueira permanente.

O Mecanismo de Ação e os Antídotos Essenciais

O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX) de Campinas, assim como outros laboratórios de referência no Brasil, tem trabalhado intensamente na análise de amostras de sangue de pacientes com suspeita de intoxicação. O problema do metanol não reside tanto em sua forma original, mas sim nas substâncias tóxicas que ele se transforma após ser metabolizado no corpo. O repórter e químico Álvaro Pereira Júnior esclarece que o metanol, ao ser processado pelo fígado, é convertido em compostos extremamente prejudiciais.

Para combater essa transformação, os médicos recorrem a antídotos específicos. O principal deles é o fomepizol. Ele atua ligando-se a enzimas especiais do fígado responsáveis pela metabolização do metanol. Ao ocupar essas enzimas, o fomepizol impede que o metanol se conecte a elas e seja transformado em metabólitos tóxicos. Dessa forma, o metanol circula pelo corpo sem ser processado e é gradualmente eliminado pelos rins, através da urina.

Quando o fomepizol não está disponível – situação comum no Brasil até recentemente – o etanol, o mesmo tipo de álcool presente em bebidas consumíveis, pode ser utilizado como uma alternativa. O mecanismo de ação do etanol é similar: em doses calculadas e sob rigorosa supervisão médica, o etanol é administrado ao paciente, podendo inclusive ser dado intravenosamente. As enzimas hepáticas possuem uma preferência pelo etanol em relação ao metanol. Consequentemente, o etanol se liga prioritariamente a essas enzimas, impedindo que o metanol se conecte a elas. Com as enzimas “ocupadas”, o metanol também é impedido de ser transformado em substâncias perigosas e é excretado pela urina, sem causar danos adicionais. É crucial enfatizar que a administração de qualquer um desses antídotos deve ser feita apenas em ambiente hospitalar e sob a condução de profissionais de saúde, dada a complexidade e os riscos envolvidos.

A Escassez do Antídoto Principal e Importação

Historicamente, o fomepizol, considerado o antídoto primário para a intoxicação por metanol, não era prontamente disponível no sistema de saúde brasileiro. Diante da atual emergência, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou esta semana uma importante medida: a importação do medicamento. Por meio de um esforço conjunto com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), o país conseguiu assegurar a aquisição e entrega de 2,5 mil tratamentos de fomepizol de um fornecedor no Japão. Esta iniciativa é fundamental para reforçar a capacidade de resposta médica diante de novos casos.

Histórico de Intoxicações por Metanol no Brasil

O atual surto não é um evento isolado na história brasileira. O país já enfrentou episódios semelhantes de contaminação. Em julho de 1990, por exemplo, um surto na Bahia resultou na morte de 18 pessoas após uma festa em que foi consumida pinga adulterada com metanol. Dois anos depois, em dezembro de 1992, dezenas de indivíduos foram internados na madrugada do dia 26 em Diadema, após terem participado de um evento e ingerido uma bebida caseira conhecida como “bombeirinho”, feita com vodca, groselha e limão. Tragicamente, três jovens faleceram naquela mesma semana como consequência da contaminação.

Mais recentemente, o Brasil testemunhou um surto prolongado e alarmante entre os anos de 2016 e 2023. Nesse período, onze homens morreram vítimas de intoxicação por metanol. Todas as vítimas eram pessoas em situação de vulnerabilidade, moradores de rua e dependentes químicos. Embora este surto tenha mantido pesquisadores em constante alerta devido à sua persistência e ao perfil das vítimas, ele infelizmente não ganhou a mesma repercussão midiática do que a atual onda de contaminações, apesar da gravidade dos casos. As causas da contaminação por metanol, principalmente a origem em bebidas destiladas, permanecem sob intensa investigação pelo Ministério da Saúde e órgãos competentes, que buscam identificar as fontes e responsáveis.

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A atenção sobre a intoxicação por metanol exige vigilância contínua da população e das autoridades sanitárias. É crucial buscar ajuda médica imediata ao surgimento de quaisquer sintomas após a ingestão de bebidas alcoólicas suspeitas, dada a severidade dos riscos à saúde. Para ficar por dentro de todas as notícias sobre saúde pública, acompanhe nossa editoria de Cidades.

Crédito da imagem: Reprodução

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