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Brasil Exige Ação por Detidos em Flotilha Gaza

A situação dos ativistas detidos por Israel na flotilha Global Sumud, interceptada enquanto levava auxílio humanitário à Faixa de Gaza, motivou um apelo urgente. Nicolas Calabrese, membro da delegação brasileira, concedeu uma entrevista à Folha exigindo uma postura mais assertiva do governo brasileiro para garantir a libertação dos participantes da missão que foram presos por […]

A situação dos ativistas detidos por Israel na flotilha Global Sumud, interceptada enquanto levava auxílio humanitário à Faixa de Gaza, motivou um apelo urgente. Nicolas Calabrese, membro da delegação brasileira, concedeu uma entrevista à Folha exigindo uma postura mais assertiva do governo brasileiro para garantir a libertação dos participantes da missão que foram presos por Tel Aviv.

Calabrese, que detém cidadania italiana por ter nascido na Argentina e residir no Brasil há mais de uma década, foi o primeiro dos quatorze ativistas do grupo brasileiro a ser deportado, chegando a Milão no sábado, 4 de outubro. Sua viagem para a Turquia, primeiro destino após a soltura, teve os custos cobertos pelo consulado da Itália em Israel, conforme informações da organização Adalah, que presta suporte jurídico aos detidos. Os treze cidadãos brasileiros remanescentes permanecem sob custódia.

Brasil Exige Ação por Detidos em Flotilha Gaza

O ativista argentino-italiano criticou veementemente a permanência das prisões, classificando-a como uma grave infração ao direito internacional. Ele detalhou o tratamento recebido pelos detidos, que incluiria maus-tratos, privação de higiene e alimentação adequada, além de restrições severas para atividades básicas como respirar ar puro. Calabrese enfatizou que a liderança do governo brasileiro na Organização das Nações Unidas (ONU) e em fóruns diplomáticos diversos deveria se traduzir em uma ação mais decisiva para assegurar a liberdade de todos os brasileiros e dos demais tripulantes da Flotilha Global Sumud, de acordo com seu relato à reportagem.

Maus-tratos Relatados Durante a Detenção

Calabrese narrou as adversidades vividas nos três dias de sua detenção, período em que foi impedido de estabelecer contato com familiares e amigos. Ele descreveu a extrema violência empregada por agentes israelenses contra o grupo, que teria sido inclusive alvo de armas apontadas para os integrantes da missão humanitária. O ativista revelou que o grupo enfrentou mais de vinte horas sem alimentação durante a interceptação das embarcações, e vivenciou uma “humilhação muito grande” ao chegar ao porto de Tel Aviv.

O depoimento de Calabrese detalhou que os participantes da flotilha foram obrigados a permanecer no chão, sob o sol forte. Ele também mencionou o isolamento de Greta Thunberg em relação ao grupo, corroborando relatos dos ativistas Hazwani Helmi, 28, da Malásia, e Windfield Beaver, 43, dos Estados Unidos, que também foram libertados no sábado, 4 de outubro, e afirmaram que a sueca teria sido forçada a vestir uma bandeira de Israel. “A cada hora passavam fazendo piadas com ela”, disse Calabrese, adicionando que policiais teriam provocado Greta constantemente com a bandeira de Israel, embora “todo mundo sofreu maus-tratos.”

Outra forma de abuso reportada pelo ativista incluía a obrigatoriedade dos membros da flotilha de manterem as cabeças abaixadas e viradas para a parede. Ele contou que eram agredidos fisicamente cada vez que tentavam sair dessa posição, sendo repetidamente forçados a abaixar a cabeça com violência. Relatos incluem pontapés nos tênis dos detidos enquanto os agentes passavam e a remoção forçada de pulseiras e colares.

Além da prolongada falta de comida, Calabrese informou que, desde a interceptação das embarcações na noite de quarta-feira, 1º de outubro, até a chegada à prisão de Ktzi’ot, localizada no deserto de Negev, próximo à fronteira com o Egito, na manhã de sexta-feira, 3 de outubro, os detidos não tiveram permissão para utilizar banheiros. A estratégia israelense, segundo ele, incluía também a privação de informações cruciais aos membros da missão humanitária.

“Eles [os detidos] ainda estão sem nenhum tipo de informação de quando vão sair, sem nenhum tipo de previsão”, disse o ativista, apontando que a incerteza deliberadamente imposta por Israel causa grande sofrimento psicológico. Ele destacou que os detidos não tinham conhecimento sobre a localização da prisão ou o horário.

Itamaraty em Ação e Acusações Negadas

Na sexta-feira, 3 de outubro, uma equipe do Itamaraty presente em Israel dedicou mais de oito horas na prisão de Ktzi’ot para acompanhar a situação. Segundo fontes da chancelaria que falaram à Folha, a condição de saúde dos ativistas é considerada boa. O governo israelense, sob a liderança de Binyamin Netanyahu, ofereceu aos prisioneiros a oportunidade de assinar um documento que, de acordo com as autoridades de Israel, simplificaria o processo de deportação. Entretanto, oito dos treze brasileiros se recusaram a fazê-lo.

A organização Adalah fez denúncias graves sobre a situação dos detidos, afirmando que alguns ativistas foram impedidos de ter contato com advogados e foram privados de água, medicamentos e acesso a banheiros. A organização alegou ainda que eles foram forçados a permanecer ajoelhados, com as mãos amarradas, por períodos de até cinco horas, especialmente após expressarem palavras de ordem como “Palestina livre”.

“A ausência de transparência sobre os processos de deportação é temerosa e uma estratégia do governo israelense para dificultar ao máximo os trabalhos da organização e dos advogados que se esforçam para acompanhar os ativistas presos ilegalmente”, declarou a Adalah em um comunicado emitido no sábado, 4 de outubro, ressaltando a preocupação com os direitos humanos dos detidos.

Israel, por sua vez, refutou todas as acusações feitas pela organização Adalah. Em uma declaração à agência de notícias Reuters, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores afirmou que “As acusações do Adalah são mentiras completas. Todos os detidos tiveram acesso a água, comida, banheiros e advogados, e seus direitos foram respeitados.”

O Contexto da Missão Humanitária e os Protestos Globais

A flotilha humanitária Global Sumud partiu de Barcelona, na Espanha, no dia 31 de agosto, composta por aproximadamente 45 embarcações e ativistas de mais de 45 nacionalidades distintas. As primeiras interceptações dos navios ocorreram na quarta-feira, 1º de outubro, marcando o início da crise diplomática e humanitária. O objetivo era romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza e entregar ajuda essencial à população.

Em resposta à detenção dos ativistas, manifestações se espalharam por diversas cidades globais no sábado, 4 de outubro. Concentrações em Roma, Londres, Madri, Barcelona e Paris reuniram manifestantes com o intuito de protestar contra as prisões, exigir o término do que classificam como “genocídio em Gaza” e clamar pelo fim do comércio de armas para Israel, reiterando a solidariedade à causa palestina e o apelo por direitos dos ativistas detidos.

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Este relatório detalha as alegações de maus-tratos e as exigências por uma postura mais forte do governo brasileiro para a libertação dos ativistas detidos em flotilha de Gaza, sublinhando as complexidades e tensões da crise humanitária na região. Para acompanhar mais notícias sobre política externa, conflitos internacionais e os esforços diplomáticos do Brasil, continue navegando em nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: Global Sumud Flotilla – 1º.out.25/via Reuters

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