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Office-boy se torna primeiro rosto humano transmitido na TV

A história do primeiro rosto humano transmitido na TV é um marco centenário na trajetória da tecnologia, culminando dos esforços de diversos cientistas que, desde meados do século XIX, vislumbraram a invenção da televisão. Em 2 de outubro de 1925, contudo, um inventor independente revolucionou essa jornada ao usar materiais incomuns para materializar o sonho […]

A história do primeiro rosto humano transmitido na TV é um marco centenário na trajetória da tecnologia, culminando dos esforços de diversos cientistas que, desde meados do século XIX, vislumbraram a invenção da televisão. Em 2 de outubro de 1925, contudo, um inventor independente revolucionou essa jornada ao usar materiais incomuns para materializar o sonho da imagem em movimento, com faróis de bicicleta, restos de madeira e latas de biscoitos como protagonistas inesperados.

Enquanto a busca pela televisão mobilizava cientistas desde 1850, conforme detalhado pela enciclopédia Wikipédia, a invenção da televisão moderna seria consolidada por John Logie Baird. Nascido em 1888 e falecido em 1946, este inventor escocês tinha um histórico de criações diversas e enfrentava desafios de saúde que o tornaram inapto para servir na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Mesmo após tentativas infrutíferas, como a produção de diamantes artificiais a partir de carbono, que chegou a causar um apagão em Glasgow, e uma “cura” caseira para hemorroidas que mais serviu de alerta sobre os perigos de fazer “isso em casa”, Baird acumulou sucesso comercial com vendas de meias e sabão, provendo o capital necessário para suas ambições.

Office-boy se torna primeiro rosto humano transmitido na TV

Em 1923, com o capital acumulado, Baird estabeleceu um laboratório modesto em Hastings, no litoral sul da Inglaterra, e iniciou seus experimentos pioneiros com televisão. Neste ambiente de trabalho, que prezava pouco pela saúde e segurança, ele montou seu aparelho de forma improvisada, utilizando itens cotidianos como uma velha caixa de chá e um motor. No cerne do sistema de Baird, um grande disco girava em alta velocidade, realizando o escaneamento de imagens linha por linha, empregando fotodetectores e iluminação intensa. Estes sinais eram, então, transmitidos e reconstruídos para produzir figuras em movimento. Embora suas primeiras tentativas resultassem em meras silhuetas, o sonho de décadas de concretizar a **invenção da televisão** ganhava forma.

Posteriormente, o inventor mudou-se para Londres, alugando um apartamento no andar superior de um estabelecimento comercial, no número 22 da Frith Street, no badalado distrito de Soho. Lá, ele montou um novo laboratório. Contudo, o calor intenso emitido por seu aparelho mecânico dificultava experimentos prolongados com seres humanos. Para contornar essa questão, Baird utilizava um boneco de ventríloquo, ao qual deu o nome de Stooky Bill, como sua cobaia principal.

O Encontro Histórico: Baird e William Taynton

O grande avanço ocorreu no dia 2 de outubro de 1925. John Logie Baird, aos 37 anos, alcançou um feito inacreditável ao conseguir a participação de uma cobaia humana. William Taynton, um office-boy de apenas 20 anos, trabalhava no andar térreo do prédio onde o laboratório de Baird estava improvisado. Quatro décadas mais tarde, Taynton recordou à BBC a urgência de Baird: “O sr. Baird desceu correndo, tomado pelo entusiasmo, e quase me arrastou para fora do escritório, para que eu fosse até o seu pequeno laboratório”. Taynton descreveu o cenário precário: um labirinto de fios pendurados, discos de cartão, faróis de bicicleta e uma variedade de lâmpadas, além de baterias antigas e motores usados para fazer o disco girar. Taynton sentiu um desejo de escapar diante da visão caótica, mas a insistência do inventor prevaleceu.

Baird posicionou William Taynton em frente ao transmissor. A figura humana permitiria os movimentos necessários para aprimorar a qualidade da imagem, algo que Stooky Bill, por sua natureza inerte, não podia oferecer. Taynton confessou ter se assustado com o intenso calor das lâmpadas, mas foi tranquilizado pelo inventor. Enquanto Baird se dirigia ao ponto de recepção, o jovem office-boy conseguiu permanecer na posição por “pouco mais de um minuto” antes de se afastar devido à insuportável temperatura. Para convencê-lo a retornar, Baird lhe entregou “o primeiro cachê da televisão”: meia coroa. William resistiu novamente, realizando gestos e expressões engraçadas a pedido de Baird, para que a imagem transmitida ganhasse alguma animação, mesmo sentindo-se “assado vivo”.

O tormento de Taynton aumentava e seus gritos alertavam sobre o calor excruciante. Baird, do ponto de recepção, pediu “mais alguns segundos, William”. O jovem se esforçou para aguentar o máximo que pôde antes de sair de foco, sobrecarregado pelo terrível calor. Instantes depois, Baird veio correndo, braços erguidos, e proferiu as palavras históricas: “Eu vi você, William, eu vi você! Consegui a televisão, finalmente, a primeira imagem verdadeira de televisão”. Essa declaração marcou a efetivação da **primeira transmissão de um rosto humano na televisão**, abrindo um novo capítulo na comunicação visual.

Inicialmente, William Taynton não compreendeu o alcance do que significava a “televisão”. Baird então sugeriu que invertessem os papéis. Taynton, agora curioso e aliviado por não estar mais sob o calor das lâmpadas, olhou por um pequeno túnel e avistou “uma imagem minúscula, de cerca de 5 x 8 cm”. “Repentinamente, o rosto de Baird apareceu na tela”, relembrou. Ele podia ver os olhos do inventor se fechando, a boca e os movimentos faciais, embora a imagem fosse rudimentar, sem definição, apresentando apenas sombras e linhas. Baird, inabalável, considerava aquilo sua principal conquista. Taynton, com a sinceridade da juventude, afirmou: “não acho muita coisa, sr. Baird. É muito rudimentar”. Mas Baird, com a clarividência de um visionário, sentenciou: “Esta é a primeira televisão. Você irá encontrá-la em todos os lares, por todo o país e, na verdade, por todo o mundo.”

Legado e Reconhecimento da Invenção da TV

Em 26 de janeiro do ano seguinte, John Logie Baird fez a primeira demonstração pública da televisão no mundo, um passo decisivo para a legitimação de sua invenção. Embora sua máquina pioneira tenha sido, com o tempo, superada pela tecnologia desenvolvida por corporações com mais recursos, o feito de Baird desbravou o caminho para tudo o que viria na sequência da **história da televisão**. A transmissão do **primeiro rosto humano na TV** se estabeleceria como o ponto de partida de uma revolução comunicacional.

Cinco anos após a morte de Baird, aos 57 anos, o impacto de suas descobertas continuava a reverberar. Em 1951, William Taynton, o célebre office-boy, retornou ao icônico prédio na 22 Frith Street, em Londres, para a inauguração de uma placa azul comemorativa que imortalizava o local da invenção. Robert Renwick (1904-1973), então presidente da Sociedade da Televisão do Reino Unido, proferiu palavras proféticas, declarando que, embora a placa estivesse no coração de Londres, “seu verdadeiro legado está na floresta de antenas que se espalha por todo o país”. Poucos anos após o testemunho de Taynton, bilhões de pessoas em todo o planeta se aglomerariam em frente a seus aparelhos para acompanhar um dos maiores feitos da humanidade: o pouso do homem na Lua, um espetáculo televisivo inimaginável nos dias das latas de biscoito e faróis de bicicleta.

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A fascinante trajetória da criação da televisão e a participação do office-boy William Taynton ilustram como a persistência e a visão singular de um inventor podem alterar para sempre o curso da história. Se você se interessa por histórias de inovações tecnológicas e seus impactos na sociedade, explore mais conteúdos sobre a evolução dos meios de comunicação e outras grandes descobertas em nossa editoria. Para saber mais sobre como a tecnologia molda o futuro, acesse o site Hora de Começar e aprofunde-se nas últimas análises e notícias.

Crédito da imagem: Alamy, Keystone via Getty Images, SSPL via Getty Images, Getty Images.

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