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70ª Edição da Festa do Peão de Barretos Aprofunda Tradições e Enfatiza Aspectos Contemporâneos do Evento

Facebook Twitter Pinterest LinkedInBarretos se destaca como palco principal da cultura sertaneja nacional com a realização da 70ª edição de sua renomada Festa do Peão, programada para seguir até o domingo, 31 de agosto de 2025. O evento se desenrola no Parque do Peão, um complexo projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012), localizado na Via das … Ler mais

Barretos se destaca como palco principal da cultura sertaneja nacional com a realização da 70ª edição de sua renomada Festa do Peão, programada para seguir até o domingo, 31 de agosto de 2025. O evento se desenrola no Parque do Peão, um complexo projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012), localizado na Via das Comitivas, em Barretos, a 423 quilômetros da capital paulista. Neste ano, o festival oferece um calendário diversificado, com mais de 130 apresentações musicais distribuídas em cinco palcos distintos, prometendo uma experiência imersiva para os milhares de visitantes esperados. A celebração não apenas realça a vibrante programação de shows, mas também abrange um histórico rico e contínuas adaptações às exigências e questionamentos da sociedade moderna.

Origens e Fundação do Maior Evento Sertanejo do País

A história da Festa do Peão de Barretos tem seu alicerce em um encontro casual ocorrido em julho de 1955. Vinte amigos, reunidos em uma mesa de bar na cidade de Barretos, conceberam a ideia de formar um clube. Essa iniciativa culminou na fundação da entidade que se tornaria conhecida como “Os Independentes”. O nome escolhido refletia a condição de solteiros e financeiramente independentes de seus pais que caracterizava os membros fundadores. Desde sua criação, a associação Os Independentes tem mantido esses critérios rigorosos, permitindo o ingresso de novos sócios que obedeçam às mesmas regras, perpetuando o legado e a identidade original do grupo que deu origem a um dos mais importantes festivais do Brasil.

Evolução e Adaptação do Formato da Festa

Desde sua primeira edição, a Festa do Peão de Barretos incluiu montarias em cavalos, estabelecendo este pilar como uma de suas tradições inabaláveis. Contudo, ao longo das décadas, o formato geral do evento passou por significativas transformações para acompanhar as mudanças culturais e a ascensão da música sertaneja. Em suas edições iniciais, antes da proliferação e do sucesso massivo do gênero sertanejo, o festival incorporava em sua programação diversas apresentações folclóricas. Essas performances muitas vezes contavam com a participação de grupos internacionais, adicionando uma dimensão cultural e artística mais ampla ao evento. Além das alterações no conteúdo programático, a duração da Festa do Peão também se modificou substância. O evento, que originalmente se estendia por apenas quatro dias, hoje alcança a marca de onze dias de atividades ininterruptas, evidenciando o crescimento e a consolidação de sua magnitude.

Ao longo de sua trajetória, o festival também se notabilizou por valorizar a arte e o design. Grandes nomes de diferentes áreas já deixaram sua marca nos cartazes promocionais do evento. Figuras ilustres como Oscar Niemeyer, que desenhou o Parque do Peão; Hans Donner, célebre por suas aberturas televisivas; Ziraldo, renomado cartunista e escritor; e Tomie Ohtake, notável artista plástica, foram alguns dos talentos que emprestaram sua criatividade e visão para a comunicação visual da Festa do Peão de Barretos, ressaltando o valor cultural e estético associado ao festival.

Chegada e Ascensão das Montarias em Touros

As montarias em touros, consideradas a modalidade mais desafiadora e de maior adrenalina nos rodeios, foram desenvolvidas e consolidadas primeiramente nos Estados Unidos. Essa disciplina emocionante foi introduzida no Brasil no ano de 1979, adicionando uma nova e espetacular vertente às competições de Barretos. Desde 1993, quando a Festa do Peão alcançou o patamar de evento internacional, a competição de montarias em touros se tornou ainda mais acirrada. Um indicativo da intensa disputa e do elevado nível dos atletas é o fato de que, desde sua internacionalização, nenhum peão conseguiu conquistar o título desta modalidade por duas vezes, refletindo a imprevisibilidade e a dificuldade de manter a supremacia em um esporte tão exigente. Personalidades que marcaram essa modalidade são lembradas, como o ex-peão Tião Procópio, figura emblemática e um dos precursores das montarias em touros no Brasil, que foi campeão em Barretos no ano de 1980 e cuja história serviu de inspiração para a autora Glória Perez na criação do personagem Tião Higino (interpretado por Murilo Benício) na novela “América”, veiculada em 2005.

Panorama das Modalidades de Competição na Arena de Barretos

A edição deste ano da Festa do Peão de Barretos apresenta um total de nove modalidades distintas em disputa, cobrindo tanto as montarias em touros quanto as montarias em cavalos. Entre as categorias envolvendo touros, destacam-se duas: as montarias profissionais em touros, que atraem os principais competidores do cenário nacional e internacional, e o rodeio júnior, dedicado a atletas mais jovens, que representam a nova geração do esporte. Essas modalidades com touros testam a habilidade, coragem e resistência dos peões, que precisam permanecer oito segundos sobre os animais, que são notórios pela sua força e imprevisibilidade.

As outras sete modalidades concentram-se em provas com cavalos, revelando a diversidade do esporte equestre dentro do rodeio. Estas incluem:

  • Cutiano: Uma das mais tradicionais provas, envolvendo a montaria em cavalos no estilo “cutiano”, que remete às origens do rodeio brasileiro.
  • Bareback: Modalidade em que o peão monta o cavalo “a pelo”, ou seja, sem sela, segurando-se apenas em uma alça, exigindo grande força e equilíbrio.
  • Sela Americana: Uma disciplina internacional onde o cavaleiro utiliza uma sela específica, demonstrando controle e coordenação com o animal.
  • Três Tambores: Uma prova de velocidade e precisão, onde cavalo e cavaleira (em grande parte mulheres) devem contornar três tambores dispostos em um triângulo no menor tempo possível.
  • Team Roping: Uma prova em dupla de laçadores que exige sincronia e habilidade para laçar um bezerro pelas guampas e pelas patas traseiras.
  • Ranch Sorting: Competição em equipe que testa a capacidade de separar o gado em ordem numérica, demonstrando destreza e coordenação.
  • Team Penning: Semelhante ao Ranch Sorting, onde uma equipe de cavaleiros tem um tempo determinado para apartar um pequeno grupo de bovinos e levá-los para um cercado específico.

Essas modalidades diversas refletem a amplitude e as múltiplas facetas do universo do rodeio, atraindo uma vasta gama de competidores e públicos interessados em diferentes tipos de desafios e exibições equestres. A coexistência dessas várias provas confere à Festa do Peão um caráter abrangente, celebrando tanto a força bruta das montarias em touros quanto a técnica e a velocidade das provas com cavalos.

Volume de Competidores e Cenários das Disputas

A grandiosidade da Festa do Peão de Barretos se manifesta também no número de atletas que buscam a glória nas suas arenas. Nesta edição, um impressionante total de 3.500 competidores está envolvido nas provas. As disputas não se restringem apenas às performances observadas no estádio de rodeios principal, que captura a atenção do grande público. Para gerenciar um contingente tão numeroso de atletas, grande parte das seletivas preliminares ocorre continuamente ao longo do dia na Hípica. Este espaço, que se situa dentro do Parque do Peão e dispõe de pistas cobertas, serve como um centro crucial para a qualificação e o treinamento dos peões, garantindo que apenas os melhores avancem para as fases decisivas no estádio. A intensidade da participação reflete o sonho de milhares de peões em se destacarem no cenário nacional e internacional, evidenciando o papel central que Barretos ocupa no calendário do rodeio.

Significativa Premiação em Disputa

A recompensa pela maestria e coragem dos competidores na Festa do Peão de Barretos atinge patamares consideráveis, com uma premiação total que se aproxima dos R$ 2 milhões neste ano. Os valores são distribuídos entre as diversas categorias, motivando a busca pela excelência. O campeão da modalidade de montarias em touros no Barretos International Rodeo, uma das provas de maior prestígio do evento, terá direito a um prêmio substancial de R$ 382,5 mil, um reconhecimento pelo alto risco e dificuldade do desafio. Para os campeões do cutiano, a montaria em cavalos que remonta às raízes do rodeio, o valor destinado é de R$ 186 mil, sublinhando a importância da modalidade tradicional. Adicionalmente, o vencedor do circuito da PBR (Professional Bull Riders) Brasil, uma das maiores ligas profissionais de rodeio, recebe como recompensa uma picape zero quilômetro e uma quantia em dinheiro de R$ 100 mil, evidenciando o patrocínio robusto e o reconhecimento aos talentos do rodeio brasileiro.

70ª Edição da Festa do Peão de Barretos Aprofunda Tradições e Enfatiza Aspectos Contemporâneos do Evento - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

O Mito do “Laçamento de Mulheres”: Esclarecimento Histórico

Uma questão que por vezes permeia o imaginário popular em torno da Festa do Peão de Barretos diz respeito à prática de laçar mulheres nas ruas durante o evento. A organização esclarece que esta prática não é mais parte da realidade do festival. A tradição foi formalmente abolida dentro das dependências do Parque do Peão há mais de duas décadas, marcando um compromisso com a modernização e o respeito às normas sociais e de conduta. Além do recinto principal do evento, a prática também foi erradicada da avenida 43. Essa via, no passado, servia como ponto de encontro e “esquenta” para a festa barretense, onde, informalmente, este tipo de interação podia ocorrer. A extinção da prática em ambos os locais reitera a mudança de paradigmas e o foco da festa em ser um ambiente seguro e acolhedor para todos os seus participantes e visitantes.

Debate Sobre Maus-Tratos na Festa do Peão

O tema do bem-estar animal é frequentemente discutido em eventos de rodeio, e a Festa do Peão de Barretos não é exceção. Tropeiros, peões e a organização do evento defendem veementemente que não há ocorrência de maus-tratos aos animais. Eles afirmam que o comportamento de pular dos touros é uma característica inerente à índole dos animais, estimulada pelo uso do sedém. O sedém é uma cinta de lã frouxa, aplicada na região do flanco dos touros, que, de acordo com os envolvidos no rodeio, atua como um estímulo sem causar dor ou ferimento, fazendo com que o animal execute movimentos de saltos. Por outro lado, entidades de proteção animal continuam a questionar a natureza da prática. Argumentam que os animais, além da forma como são manejados, são expostos a condições estressantes dentro das arenas, como som excessivamente alto e forte luminosidade, elementos que podem causar desconforto e agitação, reforçando o debate sobre a ética dos rodeios e a condição dos animais que participam das provas.

Posicionamento Político da Organização

A questão da alinhamento político da Festa do Peão de Barretos é abordada diretamente pela sua organização, que declara publicamente sua postura apartidária. Contudo, a mesma organização manifesta reconhecimento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelas contribuições e conquistas que o setor dos rodeios e vaquejadas obteve durante sua gestão governamental. Entre as medidas destacadas, figura o decreto que, na prática, promoveu uma redução da capacidade de ação e interferência de entidades de proteção animal contra a realização desses eventos, gerando impactos diretos na indústria do rodeio. Apesar de ressaltar essas interações pontuais, a associação responsável pela festa de Barretos mantém em seu quadro de sócios honorários nomes de diversas correntes políticas. Esta lista inclui o atual ministro Alexandre Padilha (PT), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), refletindo um engajamento político amplo e plural que transcende a adesão a uma única filiação partidária.

Atividades Alternativas para o Não Apreciador de Rodeios

Para o visitante que talvez não seja um entusiasta de rodeios ou montarias, a Festa do Peão de Barretos ainda oferece uma vasta gama de alternativas de lazer e entretenimento dentro do Parque do Peão. Uma das opções é a extensa área de camping, que se prepara para hospedar aproximadamente 20 mil pessoas até o encerramento do evento no domingo, 31 de agosto. Muitos campistas optam por desfrutar do ambiente festivo e social do parque sem sequer adentrar o estádio de rodeios. Dentro das dependências do complexo, o Parque do Peão abriga também o Memorial do Peão, um museu que convida à imersão na história e cultura do universo rural, exibindo fotografias e diversos objetos que contam a trajetória da festa e seus personagens. Embora as principais montarias ocorram no estádio, o festival se expande para além, com quatro palcos espalhados fora da arena principal, que oferecem shows e outras atrações artísticas para públicos variados. Além disso, os diversos ranchos dentro do Parque do Peão frequentemente promovem suas próprias festas e eventos privados, operando de forma independente da dinâmica das provas de touros e cavalos. No entanto, é importante que o visitante esteja ciente de que, mesmo ao optar por essas atividades paralelas, a imersão na atmosfera sertaneja é inevitável; dificilmente se conseguirá passar pela festa sem escutar a marcante expressão “seguuura, peão” algumas — ou dezenas de — vezes, uma vez que a música sertaneja é a trilha sonora onipresente do festival.

Diversidade da Programação Musical do Festival

Apesar de ser intrinsicamente associada à cultura sertaneja, a Festa do Peão de Barretos não se restringe exclusivamente a este gênero musical em sua programação de shows. Embora a predominância seja absoluta no ritmo sertanejo, a organização do evento também incorpora outras vertentes musicais para atender a um público mais amplo. Neste ano, as exceções à predominância sertaneja incluem shows de axé, apresentados em trio elétrico, proporcionando um ambiente carnavalesco em meio à tradição country. Outro exemplo notável foi a apresentação do frei Gilson, que lotou o estádio de rodeios em uma segunda-feira, 25 de agosto, evidenciando a capacidade do festival de acolher diferentes expressões artísticas e religiosas, e o interesse do público por programações variadas que complementem o universo do rodeio. Esses eventos pontuais de outros gêneros ressaltam a adaptabilidade da festa e sua abertura para novos formatos e públicos, enriquecendo a experiência geral dos participantes.

Estrutura das Competições de Rodeio no Evento

A Festa do Peão de Barretos se configura como um conglomerado de competições, abrigando simultaneamente três grandes torneios de rodeio que preenchem integralmente os onze dias do seu calendário. Esta estrutura robusta garante uma intensa e contínua oferta de adrenalina e talento para os amantes do esporte. Os três principais circuitos que realizam suas etapas finais em Barretos são: as finais dos circuitos da PBR (Professional Bull Riders), reconhecida como uma das mais prestigiadas ligas de montaria em touros do mundo, atraindo competidores de elite internacional; as finais da LNR (Liga Nacional de Rodeio), que consolida os talentos emergentes e estabelecidos no cenário nacional; e o Barretos International Rodeo, a competição própria e icônica do evento. A organização garante que não há um dia sequer na programação de onze dias do festival que não conte com montarias em touros, assegurando que o ponto alto das disputas com os animais seja uma atração constante e central da festa. Essa densidade de competições não apenas solidifica a posição de Barretos como capital do rodeio, mas também oferece aos espectadores uma experiência ininterrupta de esporte e emoção.

Com informações de Folha de S.Paulo

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