5G avança, 4G estagnado no Brasil, mostra estudo. Um recente levantamento da Abrintel (Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações) expõe um cenário paradoxal na infraestrutura de conectividade do país: enquanto o 5G experimenta uma expansão vertiginosa, a base essencial da rede 4G mostra-se estagnada. Esse panorama levanta preocupações significativas sobre a qualidade e abrangência da internet móvel nacional.
A ascensão da rede de quinta geração tem sido notável nos últimos cinco anos. Os dados da entidade revelam que o número de Estações Rádio Base (ERBs) dedicadas exclusivamente ao 5G saltou de praticamente zero para uma impressionante marca de quase 50 mil. Esse avanço permitiu que a tecnologia alcançasse 1.123 municípios em todo o Brasil, conectando mais de 50,5 milhões de acessos, consolidando a modernidade da comunicação móvel em grandes centros.
Contudo, a mesma análise da Abrintel revela o lado preocupante dessa evolução tecnológica. A infraestrutura que suporta as redes anteriores — 2G, 3G e, principalmente, 4G — não apenas parou de crescer, como registrou um saldo líquido negativo. Entre 2020 e 2025, houve uma redução de 131 sítios operacionais para essas gerações. A rede 4G, responsável pela maioria das conexões móveis, ficou para trás no processo de modernização. **
5G avança, 4G estagnado no Brasil, mostra estudo
** Esse contraste aponta para um desequilíbrio que pode comprometer a universalização do acesso à internet de qualidade no país.
Desativação de Antenas Impulsiona Retração do 4G
A desaceleração do crescimento da rede 4G possui razões multifacetadas, conforme explicado por Luciano Stutz, presidente da Abrintel. Uma das justificativas preponderantes está atrelada à movimentação do mercado de telecomunicações brasileiro, especialmente a venda dos ativos móveis de operadoras como a Oi e a Nextel em anos recentes. A integração dessas operações por outras empresas compradoras culminou em uma significativa desativação de infraestrutura.
Stutz detalha que essa otimização de custos gerou um corte substancial de milhares de antenas, diretamente relacionadas à rede 4G. Os efeitos foram rapidamente percebidos: em março de 2022, a Oi contava com uma robusta rede de 11.166 ERBs operacionais para 4G no Brasil. Com a incorporação de seus ativos pelas compradoras, o período imediatamente posterior à integração revelou uma queda de 3 pontos percentuais na cobertura territorial do 4G, segundo análises do presidente da Abrintel baseadas em dados do Painel de Infraestrutura e Cobertura Móvel da Anatel. Essa retração demonstra o impacto direto de fusões e aquisições na capilaridade de tecnologias mais consolidadas.
O Papel Essencial do 4G na Conectividade Brasileira
A despeito da forte propaganda em torno do 5G, o 4G continua sendo a espinha dorsal da conectividade móvel no Brasil, desempenhando um papel crucial para a inclusão digital, particularmente em regiões mais afastadas e com menor poder aquisitivo. A tecnologia responde por 67,8% dos mais de 267 milhões de acessos móveis existentes no país, um número que reforça sua importância incontestável na vida de milhões de brasileiros.
Imagem: www1.folha.uol.com.br
Para o presidente da Abrintel, a rede 4G representa, no curto prazo, a alternativa mais viável, eficiente e econômica para substituir gradualmente as antigas tecnologias 2G e 3G. Sua capacidade de oferecer velocidades adequadas para a maioria das necessidades diárias, combinada a um custo de implantação e manutenção potencialmente inferior ao do 5G em áreas de baixa densidade, faz dela uma peça chave para a democratização do acesso à internet de qualidade em um país de dimensões continentais como o Brasil.
Medidas Governamentais para o Fortalecimento do 4G
Diante do cenário, o Ministério das Comunicações (MCom) esclareceu que o 4G já está presente na totalidade dos municípios brasileiros, abrangendo mais de 92% da população. A pasta reafirmou seu compromisso com a expansão e o aprimoramento contínuo da infraestrutura. Com recursos provenientes do Novo PAC, o governo prevê conectar 4 mil novas localidades à tecnologia 4G, com cronograma que se estende de 2023 até o final de 2026. Essa iniciativa visa garantir que mais brasileiros, especialmente em áreas remotas, tenham acesso a uma conexão móvel estável.
Complementarmente, o Ministério anunciou a realização de um leilão para a faixa de 700 MHz ainda este ano. Essa medida estratégica permitirá que operadoras expandam ainda mais a cobertura 4G, entregando internet móvel de alta qualidade a comunidades que necessitam. Em nota oficial, o MCom sublinhou que “a implantação do 5G não substitui, mas complementa, as redes existentes, ampliando a capacidade, a velocidade e a eficiência das conexões móveis no Brasil”, destacando a estratégia de coexistência e aprimoramento simultâneo das diferentes gerações de tecnologia de comunicação.
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Em suma, enquanto o Brasil celebra a rápida inovação trazida pelo 5G, o estudo da Abrintel destaca a necessidade urgente de atenção à infraestrutura 4G, um pilar fundamental para a conectividade da maioria dos usuários. As ações governamentais sinalizam um esforço para suprir essa lacuna, garantindo que o avanço tecnológico beneficie todos os cidadãos. Continue explorando nosso portal para mais análises sobre infraestrutura e tendências digitais na editoria de Economia.
Crédito da imagem: Eduardo Knapp – 12.jul.2022/Folhapress
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